O Bardo
Em uma terra muito distante, muito além das Grandes Montanhas e dos Lagos Negros, vivia um bardo. Ninguém realmente sabia que ele era ou onde ficava sua casa, mas esse senhor das músicas era querido por todos os aldeões da região. Em alguns festivais, de repente ele aparecia, dedilhando sua viola, emergindo do meio da mata, tocando para todos os que quisessem ouvir suas músicas. Os corações de todos se enchiam de alegria com o ritmo das lindas melodias e a festa se tornava muito mais alegre e divertida. Era uma dádiva sua presença.
E tal como surgia, ele ia embora. Quando questionado para onde ia, ele apenas respondia “Para onde minha música for necessária” e sumia no meio da floresta cantarolando. Todos amavam a figura do Bardo e diziam que ele tinha poderes mágicos.
Certa vez, contam os mais velhos, que um grupo de Guerreiros-da-Lua regressava de uma campanha mal-sucedida nas terras do Norte quando encontraram o bardo em uma ravina, debaixo de uma árvore tocando seu querido instrumento. Abatidos, eles se sentaram em volta dele e ouviram sua música em busca de algum conforto para seus corações vencidos. Mal sabiam eles que um batalhão de inimigos os havia seguidos até ravina. Mais de trezentos homens cercaram o grupo de cinqüenta guerreiros moribundos e o bardo imediatamente parou de tocar. O líder do batalhão brandiu sua espada, gritou para os céus que acabaria de uma vez por todas com a ameaça dos Guerreiros-da-Lua e se preparou para atacar.
O Bardo começou a tocar uma feroz balada, e os Guerreiros-da-Lua rapidamente sentiram todo o pesar e cansaço deixarem seus corações. O Batalhão investiu contra o pequeno grupo, mas os Guerreiros estavam descansados e com uma sede de batalha nunca vista entre os povos do Norte. Assim, a Batalha da Ravina durou por horas e o Bardo nunca cessou sua música durante este tempo. Os Guerreiros não sentiram o peso do cansaço em seus braços e suas mentes estavam claras e prontas para continuar por dias se necessário. Logo, não havia nenhum inimigo em pé, e os Guerreiros-da-Lua festejaram sua vitória, vangloriando-se de sua força. Mas, no momento que o Bardo parou de tocar sua balada, todos eles caíram no chão, exaustos.
Então, os Guerreiros-da-Lua perceberam que somente saíram vitoriosos da batalha por causa do Bardo e de sua canção. E, fascinados pela habilidade do Bardo de inspirar em seus corações a coragem necessária para vencer qualquer batalha, o presentearam com o mais precioso tesouro que eles tinham – o Amuleto de Mun, capaz de guiar seu detentor pelos caminhos mais escuros da noite, enquanto houvesse luz, a mais fraca que fosse, da Lua no céu.
Nunca mais o Bardo foi visto por aquelas bandas, mas nenhum Guerreiro-da-Lua jamais esqueceu o dia da Batalha da Ravina, e de como o Bardo os salvou da morte certa.