CACOS DE UM VITRAL

CACOS DE UM VITRAL

Ah se eu fosse um viajante do passado, ou pudesse por pouco visitá-lo...

Sonhei, que um Anjo vestido de azul, viera até mim e me levara a passear com ele, pelas sendas de minha infância...! Fomos em voo à minha rua de terra, onde ainda passavam carros de boi.

Outras crianças, que eram meus amiguinhos, correram alegres perguntando por onde eu andei.

Fomos ao grande pasto, que era um campo, lá depois da “Rua de Baixo”. Lá havia uma pequena colina que a subimos, e, nela descobrimos: cajuzinhos do campo, gabirobas, pitangas do campo, acerolas, quanta jabuticaba e quantas goiabeiras. E as flores de “São João” e margaridinhas, que gostávamos de levar para nossas mães e professoras.

Folhas secas voavam ao vento, começara a entardecer, no céu as nuvens formando bichinhos , já começavam a ficar rosados. Descalços, até o anjo tirou as sandálias e todos pisaram a terra. As primeiras estrelas pálidas apareciam; o Anjo disse: “Vamos contá-las”. E disse mais: “Quando vocês crescerem, não se levem muito a sério, contudo sendo sérios. Sorriam mais que puderem, andem devagar e pensem só o que for preciso. Tenham aventuras na vida, justas e honestas, mas divirtam-se. Levem dentro de vocês estas crianças que agora estão vivendo. Levem as bolinhas de gude a pipa e o pião, levem estas imagens na memória e viva-as sempre que quiserem ser felizes”. Acordei! Era um sonho... procurei o Anjo Azul para me levar a passear de novo, mas só vi que estou velho, e da infância só me restam as

recordações.

Mas prometi a mim mesmo, vou obedecer ao Anjo Azul.

Voltarei em segredo a viajar ao passado e brincar como criança.

Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 05/04/2013
Reeditado em 04/03/2015
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