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 Eram sonhos, apenas sonhos nos quais se via vestida de longo, maquiada e penteada, valsando com o namorado na festa  de seus quinze anos. Era a mais bonita, a mais alta e mais esguia escultura  a desfilar entre outras debutantes. Em seguida, imaginava-se sozinha numa ilha,  encontrava um náufrago e logo pensava: Deve ser triste não ter o que fazer. Provavelmente, muitas vezes durante a sobrevivência em uma ilha deserta, o náufrago desejou ter morrido afogado a viver solitário... Mas a sensação de pisar em terra firme é reconfortante e dá ao flagelado um sopro de vida a sua alma. Degredado na ilha do medo, o filho de Eva, gemendo e chorando, sente que a morte lentamente vai-lhe arrancando o alento de vida e o náufrago grita e seu grito não ultrapassa os vitrais azulados do céu. Sobreviver. Lutar para sobreviver. Afora isto, nada mais  se tem a fazer numa ilha, senão olhar o horizonte. Ter miragens como um beduíno no deserto. Vê nas espumas flutuantes a borda falsa ou o castelo de um navio fantasma, o monstro do lago Ness, ou um xaveco pirata. “E se não houver água potável?” Indaga a alma em seu desterro e  ela mesma responde: “Há sempre água potável em uma ilha.” E apagou a ideia de encontrar um náufrago. Preferia descobrir uma ilha em que ninguém jamais houvesse habitado, nem mesmo os fenícios. Assim, com caneta e papel, cruzaria os céus nas asas de uma aeronave. Novamente seu pensamento a interrompia. Tinha medo de avião. Viajaria, pois, de navio, deixando o cabelo esvoaçar ao vento da proa e os olhos se encantarem com o sol que se põe atrás das asas de uma gaivota. “E, se o navio naufragar?...” “Bem, se o navio naufragar, poderá então  descobrir uma ilha, uma ilha deserta e dar a ela o nome  Brasileia de Salomão.