Reino de Miriade - Capitulo 2

CAPITULO II

Sentiu algo quente preenchendo seu peito, e lentamente foi voltando à consciência. Sentiu também um cheiro doce de fumaça, e então abriu os olhos. Sua visão estava turva, ele não conseguiu distinguir onde estava. Aos poucos sua visão recobrou a força, e então ele viu, no lugar da neve, uma linda moça olhando para ele com ar preocupado.

Alarmado, ele buscou pela espada em seu cinto, mas não a encontrou. Viu também que estava sem a armadura e vestia roupas simples de algodão cru. Tentou levantar, mas sua cabeça latejava. Sentia como se tivesse bebido um barril de hidromel inteiro.

– Tenha calma, você ainda não está pronto levantar – disse a mulher. Ela tinha uma voz bonita e suave, e seu tom demonstrava certa preocupação com ele.

– Quem é você? Como eu cheguei aqui? Não entendo, eu estava embaixo de um pinheiro, e então acho que desmaiei e..

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– Tenha calma, teve muita sorte em ser encontrado por mim, mais um pouco e você teria congelado lá. Vou explicar tudo em breve, agora precisa descansar mais um pouco, Tome, beba isso. – e entregou a ele uma taça.

Ele pegou a taça e experimentou. Tinha um gosto agradável, então não hesitou em beber o resto. Assim que devolveu o copo a ela, seu corpo começou a ficar mole, e sua visão escureceu, devolvendo-lhe ao mundo dos sonhos.

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Em seu sono induzido por aquela estranha bebida, sonhou com tudo o que havia acontecido antes de acordar quase morto na neve.

No seu sonho, estava cercado por seus soldados e tinha Sombra ao seu lado, posicionado fora do muro da aldeia. Estava montado em seu corcel de guerra, esperando a iminente invasão, motivo pelo qual estava ali. O 13º batalhão havia sido contratado para dizimar o bando de lobisomens que assolavam a região, destruindo os povoados pelos quais passavam.

Mesmo em sua forma humana, os lobisomens agiam mais como animais do que como homens. Mesmo assim eles eram muito espertos: sempre montavam seus acampamentos em locais isolados e de difícil acesso. Quando atacavam uma aldeia, escalavam os muros e matavam todos em seu interior, raramente alguém escapava. Mas aquele seria o último ataque daquele bando. Dentro do muro de madeira foram colocadas estacas afiadas, e depois delas duzentos homens com armaduras e espadas afiadas esperavam por ele, e a cavalaria estava posicionada, fora dos muros, para o momento em que os monstros debandassem.

E então o sino bateu meia-noite. Uivos foram ouvidos, ecoando pela noite. Os cavalos ficaram agitados, os cavaleiros desembainharam suas espadas. De súbito, os lobisomens começaram a saltar a muralha sul. Os primeiros não perceberam as lanças, até ser tarde demais. Em pouco tempo as estacas já tinham sido derrubadas por tantos corpos, e as feras avançaram, lideradas por um enorme lobisomem branco

Os arqueiros fizeram então chover setas sobre os invasores, que não paravam de avançar. Quando atingiram a primeira coluna, foram recebidos com aço em mãos, mas não foi suficiente. Com uma incrível força e garras afiadas como navalhas, os lobisomens perfuravam as cotas de malha e rasgavam as barrigas dos soldados. Percebendo a desvantagem, os cavaleiros avançaram. Apesar da força, os monstros não conseguiam perfurar as armaduras, e então rapidamente começaram a ser dizimados, tanto pelas espadas como pelas flechas, lançadas dos telhados como tiros certeiros.

Feridos, muitos começaram a recuar, correndo de volta para a floresta. Muitos morreram antes de atravessar a muralha, e os que conseguiram fugir se viram perseguidos pelos corcéis de guerra, e foram abatidos em pouco tempo.

O líder da alcatéia, vendo que seus irmãos foram mortos, avançou contra os atacantes. Correu diretamente para um cavalo, e então saltou sobre ele. A força da queda fez com que a cabeça do cavaleiro fosse esmagada contra o chão. O segundo cavaleiro, percebendo a investida, atirou a lança que segurava contra o mostro, mas errou. Então virou para fugir, mas era tarde demais. O grande lobo branco golpeou a perna do cavalo, que tombou no chão, quebrando a perna do cavaleiro, que ainda gritou por socorro antes de ter a cabeça decapitada pelas garras da fera.

O lobisomem branco estava indo em sua direção, pronto para retalhá-lo com aquelas garras mortíferas. Quando estava a poucos metros de distancia, ele viu Sombra e parou. Encarou-o por um instante, e em seguida começou a correr em direção a uma colina próxima. Rapidamente ele começou a perseguir a fera, para que não restasse nada do bando. Ele podia matar aquilo sozinho.

A cavalgada atrás do mostro durou até o amanhecer. Era fácil segui-lo, pois a neve marcava seu caminho, mas a fera era mais rápida que seu cavalo, então ele não podia ter certeza de onde ela estava. Quando chegou a um penhasco, perdeu momentaneamente o rastro. Parou um pouco para analisar o ambiente, e então aconteceu.

Do alto de uma árvore, o lobo saltou para cima dele e o acertou em cheio e o derrubou do cavalo. Enquanto levantava, foi atingido em cheio pelo braço do lobisomem e se desequilibrou. Atrás dele estava o abismo, apenas esperando para engoli-lo, o chão cada vez mais perto. E então acordou.

Drake Hollster
Enviado por Drake Hollster em 18/03/2013
Reeditado em 21/03/2014
Código do texto: T4194865
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