Imagem do autor feita no corel.


(O BAILE)


Valdemiro
Mendonça.

 

 

      PF 07 trabalhou dobrado para trazer algumas mercadorias das suas lojas na terra. Apenas para algumas freguesas mais exigentes e que gostam de vestir grifes internacionais. Foi ajudada pela TF 20 que tinha seus contatos com a agência e foi autorizada pelo comandante que conhecia a PM 07 de longa data e tinha muito apreço por aquela que não mudou na transposição, com dezessete continuava tão sorridente com antes aos trinta e nove. Ficou lá até no ultimo minuto atendendo algumas atrasadinhas ou outras que queriam trocar o produto, e ela nunca tirava aquele sorriso dos lábios êta garota bonita... Seu contista, se contenha, olhe lá heim rapazinho... Xiiii “rapazinho”? O contista é o único que continua velho. Oito horas os portões da sala de baile foram abertos, O pessoal já estava na antessala e bateram palmas rindo com alegria, pois festa é muito bom. Educadamente caminharam para a pequena abertura, um corredor gracioso decorado com pinturas de Portinari, “os eternos homens parrudos e mulheres seminuas que compões sua obra”. 

     Devido a demora em anunciar um a um os convidados, a promoter fez apenas um aviso sobre as mesas que não tinham identificação e cada um sentaria onde achasse melhor, Foi um festival de mulheres lindas e bem vestidas e rapazes elegantes nos seus ternos pretos alguns usando cartolas outros apenas com seus cabelos soltos já acompanhando à moda dos adoráveis cabeludos ingleses, “The Beatles” com exceção de alguns poucos que ousaram um pouco mais. E durante o desenrolar do baile falaremos de alguns e algumas com vestimentas mais chamativas. Assim que todos se sentaram a promoter fez uma revelação falando num dos comunicadores, serão servidas bebidas com teor alcoólico graças a alguns pedidos especiais de algumas senhoritas e a direção resolveu atender, já que a maioria dos garotos e garotas tem mentes esclarecidas e sabem que se forem dirigir não devem... Pare aí, nada a ver! Quem não pode beber é o capitão e o general, eles sim podem ter de tocar este trem, gente o contista já está é bêbado, ô mineiro: é nave, trem outra coisa.

      Certo, vamos lá, neste instante os garçons e garçonetes começaram a servir, cerveja uísque, campari, gim, caipirinha, caipvódica, San Remy, Campari, cachaça rosa mineira, esta é boa! Além dos que serviam salgadinhos, e pequenos pedaços de churrasco, variados entre os quais a tradicional linguiça. Neste instante uma loura esplendorosa se levantou com graça arrancando suspiros dos presentes, era a PF 01, vestida para matar, um vestido azul céu com estrelas cintilantes, um decote que chegava ao meio das costas mostrando uma pele bem cuidada e bronzeada, alguns rapazes se levantaram, mas ela caminhou firme pisando com um par de sapatos cor de areia de salto médio e portando uma pequena bolsa dirigiu-se para uma determinada mesa sendo recebida gentilmente pelo TM 20 moreno claro de cabelos encaracolados olhos grandes e nariz bem feito, um metro e oitenta, mostrando um corpo sarado, provavelmente pelos exercícios obrigatórios nos trabalhos prestados na nave, o terno impecável com certeza foi ajustado na loja da nave. Aliás, este era um requinte do baile, todos os homens estavam impecáveis na sua elegância. Cada tipo vestido e se portando com o chame dos dezessete anos. 

     Vinte horas e cinquenta e sete minutos, neste instante as luzes negras foram ligadas, e somente  os locais das mesas ficaram iluminados em tom mais claro, a grande pista de danças ficou completamente escura, ninguém percebera e nem se perguntaram onde se apresentaria o famoso cantor e sua banda, na alta parede dos fundos se abriu neste instante o palco, ainda na se via a decoração e nem a área total, feixes de laser plasmáticos formando figuras que dançavam no palco dava com seus reflexos uma ideia das dimensões do local. Do teto surgiu um feixe de luz com várias tonalidades, mas tudo muito suave e iluminou o artista, apenas ele e seu violão eram visíveis, uma cartola na cabeça um cachecol de seda beje a volta do pescoço dava um ar de elegância ao seu rosto imberbe, fora das características do cantor que certamente resolveu curtir seus dezessete anos um pouco descaracterizado, pois, ele sempre usava barba e às vezes bastante espessa. Provavelmente assim que passasse a euforia da juventude ele voltaria a usar. 

     A plateia estava em silêncio bebendo cada segundo daqueles momentos, não é todo dia que se vê um artista internacional e sabendo que poderiam conviver com ele na nave, até agora estivera restrito ao seu camarim estudando e praticando suas musicas apenas na companhia da sua banda. Neste instante soaram os primeiros acordes do violão arrepiando com seu som os ouvintes, muitos reconheceram nos primeiros acordes a musica do Rei Elvis Presley Always On My Mind e ouviram a voz clara e possante se elevar enchendo seus ouvidos com a maravilhosa melodia e fazendo disparar os corações dos amantes do rei, sim do rei pois mesmo quem não curtia rock não resistia a performance do cantor. Fielmente Arauto interpretou a musica encantando a todos que educadamente, mesmo com os pesinhos fazendo cócegas ficaram quietos e quando terminou as luzes do palco acenderam-se e puderam ver todo o esplendor do quadro. 

     Uma salva de palmas estonteante soou na nave e só parou quando o cantor agradecido e satisfeito levantou a mão direita após vir o silêncio ele de forma humilde se apresentou como se ali todos não soubessem até a cor das cuecas que ele usava. Senhoritas e rapazes, eu sou Arauto das Artes, esta é minha parceira Mirian, falou estendendo o braço na direção de uma gata de olhos verdes morena jambo, cabelos esvoaçantes e um macacão verde com detalhes em amarelo ouro que mostrava suas curvas realçando toda sua beleza, recebeu um coro de assobios, mas continuaram ouvindo o cantor apresentando o restante da banda, na guitarra temos o meu irmão camarada Oliver Joey que vai tocar algumas musicas comigo assim como a Mirian e quando não estiverem no palco vão estar entre vocês, pois, são pés de valsa e o garoto é chegado nas gatas, se cuidem meninas. Neste instante se levanta a PF 07 e com um sorriso brincalhão grita é comigo mesmo gatinho pode vir quente que estou fervendo. 

     Após as apresentações do restante do grupo com uma apresentação especial para o baterista Ringo Starr que viera ao Brasil visitar o amigo e resolveu dar uma colher de chá com o comprometimento do comandante de disponibilizar uma nave para levá-lo a terra assim que terminasse o baile. Daí em diante começou a rolar uma sessão de boleros que fizeram os rapazes se movimentarem em direção as damas para convidá-las a dançar, muitas esnobavam dizendo que já estavam comprometidas para a primeira dança, mas outras já saíram dançando como as mais assanhadinhas PF 01 desfilando com seu rapagão e deixando algumas gatas de olho comprido no caboclo. PF 02 saiu dançando com TM18 parecendo já velhos conhecidos, ele tascou logo um beijo de língua e ela topou na hora. Como a luz negra mostrava apenas uma silhueta dos casais ninguém notou e quem viu fingiu que não viu, afinal é o que todos queriam. 

     PM 07 dançava uma musica com uma e já pegava outra, bom dançarino e brincalhão nunca era recusado. PM 14 e PF 05 saíram para a pista de dança e ela ao levantar-se mostrou todo o requinte da sua vestimenta usando lindo vestido da grife Dior, longo, da cor amarela, a blusa de alças finas, com babado largo, corpo ajustado até antes do joelho, finalizando com três saias em babados até o pé, sendo que cada era dez cm mais curta que a outra dando uma elegante leveza. Lindíssima sandália dourada de festa no estilo D´Artchella. Colar, brincos, pulseira com anel de brilhante o cabelo batendo no ombro estava leve e solto. Algumas amigas chegaram a ensaiar palmas para o elegante casal, os dois se acertaram e parece que gostaram um do outro, ele com seu riso grande, bonitão, claro, cabelos na testa num topete ousado estilo do Caubí Peixoto, não era tão alto, mas seus um e setenta e oito não eram desprezíveis e era bem admirado pelas donzelas casadoiras que ainda estavam sem par, ela era linda, tinha um porte de miss e um sorriso que agradava a todos, elegante no vestir e muita culta. Os dois tinham tudo para dar certo.

      PM 12 o engenheiro estava feliz, sua esposa resolveu vir para a nave e os dois elegantemente vestidos dançaram algumas vezes e no mais ficavam bebericando um uísque com soda e conversando baixinho como se matasse uma saudade de anos sem se verem, e no, entanto, ficaram apenas duas semanas separados. Ela viera na nave que trouxe as três beldades, mas desembarcara discretamente por sua própria vontade sem ser vista. Neste instante entrou no salão o comandante Mirote e o General TM 15, cumprimentaram a todos com gestos e se sentaram. Cinco minutos depois uma garota, a PF 14 de vestido vermelho decorado com uma orquídea branca e discreto decote em “v” com saltos bem altos, se aproximou da mesa e disse: prometi que a primeira dança seria do comandante, aqui estou, o velho senhor de vinte e cinco anos se levantou cortês e ofereceu-lhe o braço caminhando para a pista, neste instante Arauto cantava um musica de outro rei, “amada amante do futuro rei da musica brasileira Roberto Carlos que estava arrebentando e fazendo uma revolução artística na musica e no comportamento dos jovens”. Ao terminar a musica retornaram a mesa, mas ela nem se sentou. Um guapo jovem o TM 17 parece que já a esperava, ainda não a tinha procurado, mas ao vê-la sair dançando com seu comandante pensou, se eu perder a menina para este velho vou empatar com quem? Nem a deixou descansar, ela sorriu, tinha esperado que ele fosse até ela, claro que já estaria com ele, mas não teria deixado de cumprir a promessa da primeira dança com Mirote, afinal ele era mais velho mas era boa gente e não se insinuara para ela, apenas estavam bons camaradas. 

     O general TM 15 estava de olho na garota de pele escura parecendo uma deusa africana de olhos profundos e insinuantes, desde que a vira não parava de pensar nela, fora paixão a primeira vista, nunca tinha se apaixonado, mas agora ela entrara na sua cabeça e não saíra mais, seu coração disparava quando a via e neste instante é o que estava ocorrendo, respirou fundo, ameaçou de se levantar e sentou-se de novo, ela também o olhou e armou um leve sorriso encorajando-o. O comandante que estava voltando da mesa do engenheiro que o apresentou à sua esposa e quase que no mesmo instante ficaram bons amigos. Tinha o engenheiro TM 12 como um irmão mais novo e vê-lo com a esposa na nave o deixou contente, sabia do amor dos dois e sabia que seu amigo agora estaria mais pronto do que nunca para enfrentar os problemas da adaptação no inóspito planeta Marte. Notou o nervosismo do general TM 15 e perguntou: algum problema general? Ele disse que não, mas depois emendou sim é que não sei como agir com uma garota, Mirote riu, conhecia o amigo e pupilo há tanto tempo que não estranhou isto, os relacionamentos do amigo não passaram de algum flerte casual e algumas aventuras sem consequências, era extremamente ligado ao trabalho e aos estudos e considerava o amor em segundo plano na vida, mas desta vez... O comandante percebeu tudo e não riu do amigo, ele já tinha passado por isto e adivinhou tudo o que estava se passando com o garoto que ele gostava como a um filho, sentou-se mais perto dele e disse: - É aquela que está afastada naquela mesa à esquerda de vestido champanhe? Ele respondeu afirmativamente – é! Qual a dificuldade, ela não parece capaz de morder em ninguém, levante-se e vá até ela e comporte-se como o cavalheiro que sei que você é. Ele quis retrucar, mas Mirote fez cara de poucos amigos e disse: - é uma ordem soldado, cumpra. 

     O general se levantou sorrindo e foi falar com a sua princesa. Chegou e cumprimentou muito sem jeito, boa noite senhorita, eu não queria incomodar, mas é... Pois é... Sabe? É que... Ela sorriu, também era tímida, mas diante do atrapalhado general esqueceu-se dela e disse: não gostaria de sentar-se TM 15? Ele sentou-se como se ela lhe tivesse dado uma ordem, levantou-se de novo e ela repetiu, por favor, sente-se, ele sentou-se e colocou as mãos nos joelhos e tentava falar, mas a voz não saia, ela pensou acho que ele vai desmaiar. Riu um riso franco e o general viu o papel de bobo que estava fazendo, ela pediu desculpas pelo riso e pegou a mão dele colocando a sobre a mesa deixando a sua mão sobre a dele, e perguntou: - você bateu na minha cabine uma noite destas, ele ficou sem graça, mas respondeu e desta vez a voz saiu, - sim respondeu, mas eu queria... Antes dele continuar ela respondeu, queria conversar, perfeitamente natural, mas eu é que não fui muito receptiva, estava de mau humor e com dor de cabeça. Até pensei em procurá-lo depois e pedir desculpas, pois seu gesto foi muito simpático e eu sou muito tímida para fazer amizades, percebi que perdia a chance de ter uma pessoa para conversar. 

     Com a s palavras da moça o general esqueceu seu medos e mostrou a mesma confiança que o caracterizava nas horas difíceis, era agora o homem que sabia o que queria e foi calmamente que inverteu a situação segurando ele a mão dela e olhando-a nos olhos confessou tudo o que estava sentindo desde que a vira. PF 13 respirou fundo, sabia que ele estava sendo sincero, ela também se sentira atraída por ele, mas para ela que saíra de um recente casamento, ainda não se sentia muito encorajada a entrar num novo relacionamento, mas por outro lado, estava a caminho de Marte e quem sabe o que o destino lhes reservaria. Apertou com suavidade a mão que estava segurando a sua e disse- me leva para dançar, neste instante tocavam uma musica lenta apenas orquestrada eles foram para a pista, não queriam parar de dançar, era como se eles parassem, iam se descolar e não colariam mais, O general estava nas nuvens e ela... Mulheres; E tão difícil saber se estão felizes.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 17/03/2013
Reeditado em 17/03/2013
Código do texto: T4192744
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