( Imagem google)
A OUTRA FACE DA LUA
Agora ante a possibilidade de pisar o solo lunar, meu coração dispara. O comandante da nave que nos levará a Marte dá as últimas instruções de como proceder. Confesso que tenho medo. Mais da decepção. Ela dói. Quantas vezes lá da terra olhei esse satélite altivo e frio e, ao mesmo tempo, quente e aliciador de versos. Quantas vezes lhe escrevi poemas da minha varanda enquanto sonhava como o infinito. Ela foi testemunha de sonhos e lágrimas. Às vezes se sentiu triste como eu. Às vezes zombou de mim. Ah! Lembrei-me da vez em que com apenas quatorze anos cantei “Luar do Sertão” de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco.
“Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
A gente pega na viola que ponteia
E a canção é a lua cheia
A nos nascer no coração”
Era Natal e embalada pelo vinho e o som do violão de meu primo soltei a voz e arranquei lágrimas dos olhos de minha tia que hoje já não está mais entre nós. Por esse tempo eu ainda não conhecia os reveses da vida e o corpo era só anseio. Depois o tempo passou e me vi escrevendo versos lunares. Vi-me, eu própria, no mundo da lua.
Bem, mas o fato é que agora a lua está bem diante de mim e eu, aproximadamente 384.405 km do nosso planeta Terra tentando compreender onde foi parar seu brilho poético. Então fiquei pensando, e já havia pensado outras vezes que, a beleza e a admiração têm a ver com a distância. O inatingível é belo e misterioso. E surreal.
A emoção é muito forte embora tudo que eu consiga ver nesse satélite natural da terra sejam crateras enormes que, segundo estudiosos, se formaram quando asteróides e cometas colidiram na superfície lunar. Além das crateras vejo grandes montanhas e extensas planícies. Na verdade é tudo muito belo e meu coração quase sai do peito quando meus pés pisam o solo de minha eterna musa. Uma vasta planície como um mar de basalto se estende diante de mim até o ponto onde uma cordilheira de montanhas escarpadas e de cumes pontiagudos se erguem para uma atmosfera que parece não existir. Não muito longe vislumbro as primeiras crateras circulares ou elípticas em variadas dimensões. Ao admirar as crateras fiquei pensando em minhas próprias cicatrizes das diversas colisões que sofri na vida. Acho que elas são eternas, embora eu queira apagá-las de meu ser. Sei que não posso porque, de alguma forma, elas determinaram minhas superfícies e interiores tal como os asteróides fizeram com a lua. A pouca atmosfera da lua deixou-a a mercê desses elementos. E eu? Que dizer de mim então?
Mas não quero ficar aqui a lamuriar o passado ou o que quer que seja. Quero aproveitar e sair pela lua. Admirar suas crateras, correr por essas planícies e perder meu olhar em suas montanhas. Sentir-me talvez como Neil Armstrong comandante da nave Columbia da missão Apollo 11 que teve o privilégio de ser o primeiro humano a pisar na lua. Que teria ele, realmente sentido? Mas o fato é que a emoção não dá para ser descrita e prefiro admirar tudo. A mente vaga em versos que querem nascer. Interessante: não houve decepção. Antes vejo a lua mais bela e quero aproveitar cada momento dessa experiência. Talvez eu leve um pedaço de rocha para mostrar aos incrédulos e escreva ainda mais versos numa noite de lua cheia olhando-a e tendo a certeza de que um dia a toquei e a senti em minha própria pele ainda que numa viagem de fantasia. Nesse dia eu
... vou sentar-me na varanda
e na penumbra escrever versos
a ti ó lua...
Versos banhados de teu próprio luar...
Versos iluminados na ponta de meus dedos
e ditados pelo coração...
Bem sabes que és musa
a habitar esse ser poético,
cuja lucidez termina em versos...
Sabe, lua?...
Hoje não quero estar só
e nem sentir a lucidez de meu lirismo
a derramar vocábulos solitários...
Hoje quero a ti como companhia,
mesmo fria na altivez de teu universo
perene e iluminado...
Tu sabes, ó lua...
o quanto esse carma poético
atormenta minha alma estratosférica
e preciso extravasar meus limites...
( Não estou ficando louca ao escrever esse conto. O escrevo inspirada em nossa viagem de fantasia à Marte proposta por Trovador das Alterosas. Quem quiser saber mais detalhes da viagem vá até sua página . É uma fantasia incrível)
A OUTRA FACE DA LUA
Agora ante a possibilidade de pisar o solo lunar, meu coração dispara. O comandante da nave que nos levará a Marte dá as últimas instruções de como proceder. Confesso que tenho medo. Mais da decepção. Ela dói. Quantas vezes lá da terra olhei esse satélite altivo e frio e, ao mesmo tempo, quente e aliciador de versos. Quantas vezes lhe escrevi poemas da minha varanda enquanto sonhava como o infinito. Ela foi testemunha de sonhos e lágrimas. Às vezes se sentiu triste como eu. Às vezes zombou de mim. Ah! Lembrei-me da vez em que com apenas quatorze anos cantei “Luar do Sertão” de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco.
“Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
A gente pega na viola que ponteia
E a canção é a lua cheia
A nos nascer no coração”
Era Natal e embalada pelo vinho e o som do violão de meu primo soltei a voz e arranquei lágrimas dos olhos de minha tia que hoje já não está mais entre nós. Por esse tempo eu ainda não conhecia os reveses da vida e o corpo era só anseio. Depois o tempo passou e me vi escrevendo versos lunares. Vi-me, eu própria, no mundo da lua.
Bem, mas o fato é que agora a lua está bem diante de mim e eu, aproximadamente 384.405 km do nosso planeta Terra tentando compreender onde foi parar seu brilho poético. Então fiquei pensando, e já havia pensado outras vezes que, a beleza e a admiração têm a ver com a distância. O inatingível é belo e misterioso. E surreal.
A emoção é muito forte embora tudo que eu consiga ver nesse satélite natural da terra sejam crateras enormes que, segundo estudiosos, se formaram quando asteróides e cometas colidiram na superfície lunar. Além das crateras vejo grandes montanhas e extensas planícies. Na verdade é tudo muito belo e meu coração quase sai do peito quando meus pés pisam o solo de minha eterna musa. Uma vasta planície como um mar de basalto se estende diante de mim até o ponto onde uma cordilheira de montanhas escarpadas e de cumes pontiagudos se erguem para uma atmosfera que parece não existir. Não muito longe vislumbro as primeiras crateras circulares ou elípticas em variadas dimensões. Ao admirar as crateras fiquei pensando em minhas próprias cicatrizes das diversas colisões que sofri na vida. Acho que elas são eternas, embora eu queira apagá-las de meu ser. Sei que não posso porque, de alguma forma, elas determinaram minhas superfícies e interiores tal como os asteróides fizeram com a lua. A pouca atmosfera da lua deixou-a a mercê desses elementos. E eu? Que dizer de mim então?
Mas não quero ficar aqui a lamuriar o passado ou o que quer que seja. Quero aproveitar e sair pela lua. Admirar suas crateras, correr por essas planícies e perder meu olhar em suas montanhas. Sentir-me talvez como Neil Armstrong comandante da nave Columbia da missão Apollo 11 que teve o privilégio de ser o primeiro humano a pisar na lua. Que teria ele, realmente sentido? Mas o fato é que a emoção não dá para ser descrita e prefiro admirar tudo. A mente vaga em versos que querem nascer. Interessante: não houve decepção. Antes vejo a lua mais bela e quero aproveitar cada momento dessa experiência. Talvez eu leve um pedaço de rocha para mostrar aos incrédulos e escreva ainda mais versos numa noite de lua cheia olhando-a e tendo a certeza de que um dia a toquei e a senti em minha própria pele ainda que numa viagem de fantasia. Nesse dia eu
... vou sentar-me na varanda
e na penumbra escrever versos
a ti ó lua...
Versos banhados de teu próprio luar...
Versos iluminados na ponta de meus dedos
e ditados pelo coração...
Bem sabes que és musa
a habitar esse ser poético,
cuja lucidez termina em versos...
Sabe, lua?...
Hoje não quero estar só
e nem sentir a lucidez de meu lirismo
a derramar vocábulos solitários...
Hoje quero a ti como companhia,
mesmo fria na altivez de teu universo
perene e iluminado...
Tu sabes, ó lua...
o quanto esse carma poético
atormenta minha alma estratosférica
e preciso extravasar meus limites...
( Não estou ficando louca ao escrever esse conto. O escrevo inspirada em nossa viagem de fantasia à Marte proposta por Trovador das Alterosas. Quem quiser saber mais detalhes da viagem vá até sua página . É uma fantasia incrível)