Vinte e Sete Zubos (Capítulo 1)
O VELHO BARBUDO E O CORDÃO SURREAL
Sou Brapo Angel. Ou, se você preferir, Vigésimo Segundo Zubo. Há mil anos, em 2014, aos dezenove anos, eu estava em casa, na ilha de Dóris, almoçando tranquilamente. Já era de tarde e eu estava morrendo de fome depois de correr pelas dunas com meus amigos. Como se já não bastasse almoçar escutando a alta música da empregada de casa, um senhor barbudo batia na porta. A empregada baixou o som e foi atendê-lo. Por fim, o senhor barbudo dissera que queria falar pessoalmente comigo. Botando as últimas colheradas que sobrara da comida na boca, fui atendê-lo ainda mastigando.
- Boa tarde. Posso ajudá-lo?
- Senhor Brapo Angel? - Dizia o senhor com as barbas longas, castanhas e bem cuidadas.
- Sim. Posso aju...
- Vou pedir que me acompanhe até alguma duna daqui, preciso falar com você solitariamente. - Interrompia-me ele.
Embora eu não fosse de ser interrompido no almoço, muito menos de sair de casa para conversar com algum senhor barbudo e desconhecido, eu sentia segurança e curiosidade por toda aquela cena clichê.
Eram onze horas da manhã, o sol batia forte na areia, a brisa passava forte sobre nossos ouvidos.
- Senhor Brapo, não queira saber quem sou eu. Não agora. Saiba apenas que devo lhe entregar algo. - Falava ele, tirando um cordão do bolso.
- Mas o senhor não pode simplesmente bater na minha porta e me entregar um cordão. Nem ao menos sei de onde veio, muito menos o que seria esse cor...
- Por favor, aceite. Muita coisa depende de você agora. - Interrompia-me de novo.
- Devo partir. Sei que está se perguntando muita coisa neste momento, mas não se preocupe, o cordão lhe explicará tudo vagarosamente. - Falou levantando-se para ir embora.
O senhor barbudo já havia desaparecido sobre os solo das dunas. O cordão que havia me dado tinha um pingente que mais parecia uma pedra de esmeralda meio quebrada, na qual brilhava parcialmente mas parecia querer mostrar muito mais brilho. Era algo surreal.