...Enfim, para sempre!
 
Andou por tantos caminhos. Encontrou o declive da estrada. Nem havia reparado naqueles olhos lindos. Voou na imensidão daquela alma. A quis eterna e mansa em seu viver. Foi assim que aconteceu o desejo e o desejado, porém, não era seu par. Seguiu sinalizando o tempo que escorria dos seus próprios dedos em delicadas notas soltas como uma flauta a musicar-lhe amor, ternura, saudade. Misturas de sensações do sentir. Um breve e lírico sentir que o tempo levou de si pela memória que já não retêm todos os detalhes do que foi possível viver. Esperou-a por quase toda vida e agora se despedia sem melancolia. Como um pássaro liberto seguiu a imaginar como seria lindo vê-la do alto da colina - que trazia tanta força e coragem - admitir que, talvez, a amasse crendo que tudo seria pleno e instigante. Ontem era o baile de hoje valsando a saudade do que foi possível viver. Vestida de maturidade despediu-se da princesa que não queria mais reinar. Bailando, ainda que solitária, sorriu e chorou na emoção de cada momento, no compasso dos pés que guiaram seu destino. Haveria sois estelares a confortar a certeza de que tudo chegou no tempo que havia para viver e que morria na velocidade da curva que ascendia para depois descer. O imprevisível, por vezes, é uma singular brincadeira que surpreende o cotidiano que em instantes, também, passa. Haveria tempo para novo conúbio? Jura que o desejou em cada altar que se ajoelhou, em cada oração que subiu ao céu, em cada sonho que, por amor, sonhou. Se e talvez quis retirar do seu vocábulo, mas não foi possível. Eles fazem parte da vida e não apenas de si. Promessas com se ou talvez são delongas retardatárias o sentir, dizia. E já não tinha tempo de esperar por elas. Uma sentença pesada impunha a si mesma. Desejou-as, então, na lembrança dos dias que se afeiçoassem ao amor. Neles iria recordá-las até que novamente se fossem. E seguindo a curva descendente abriu-se a clareira do surpreendente mundo mudo. Lá somente as almas falam! Quem sabe elas reinventem um novo sonho de amor para sempre á expressar o que seja eternidade! E, morreu acreditando na eternidade da alma como se duvidasse que a vida deve ser uma busca constante pelo que de melhor se possa desejar, inclusive o amor!


Liliane Prado
(Exercício literário)
 
Após o comentário do Poeta Moacir Luís Araldi, a quem respeito como um mentor a refletir meus escritos literários, fiz sensíveis alterações no texto, dentre elas:
- classifiquei-o como conto;
- dei um novo desfecho a ele atendendo a reflexão contida no comentário do poeta Moacir, que julguei  muito apropriada por sinal.
Liliane Prado
Enviado por Liliane Prado em 04/03/2013
Reeditado em 08/03/2013
Código do texto: T4170609
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