Quimeras de um cavaleiro
Existiu na terra um jovem que sonhava em ser um cavaleiro andante, ele amava as histórias cavaleirescas, só que ele não podia ser um cavaleiro, pois, em nossa sociedade moderna não existe mais cavaleiros andantes, então fazer o que? Pensava o mancebo sonhador... Um dia teve ele uma ideia. Vou ser cavaleiro andante, mas, como ele poderia ser um cavaleiro se não o temos em nossa parca cultura? Vejamos como ele resolveu esta situação. Ele penso consigo mesmo e descobriu como poderia viver tal peripécia quixotesca.
- É muito fácil é só eu imaginar, com a minha imaginação poderei viver todas as minhas quimeras sem necessariamente ter de sair do meu lugar, viverei grandes aventuras como um cavaleiro andante!
E logo começou essa viagem utópica no mundo da imaginação, imaginou tudo, os cenários, seu cavalo, seu escudeiro e como todo bom cavaleiro não podia faltar sua dama, a donzela de suas quimeras, logo se imaginou em uma vilazinha bem pacata com seu escudeiro e amigo, ambos confabulava a respeito da bela donzela que nosso mancebo se apaixonara, ele a comparava a bela Dulcinéia Del Toboso a amada do grande Don Quixote de La Mancha, cujos feitos o espiravam, tinha um sonho quixotesco de fazer o bem em todos os lugares da terra se preciso fosse lutaria com gigantes sem medo e com denodo, outro que o inspirava era o grande Amadis de Gaula cuja valentia era algo louvável e o amor que tinha pela bela Oriana era algo sem igual, então em sua elucubração estava a palrar com seu fiel escudeiro quando de súbito uma aldeã chegou-se e contou-lhe que a donzela que ele tanto amava havia sido sequestrada por um homem que a queria por esposa, então em um arroubo nosso herói levantou-se e vestiu sua armadura e o seu escudeiro preparou o seu cavalo, um pequeno parêntesis, o seu cavalo era muito mais do que um reles animal de transporte, tinha ele grande estima pelo seu cavalo, era uma amizade de muito tempo e muito forte, não quero enfadar o leitor com os pormenores, por isso eu não mencionei o nome de nenhum dos personagens e nem suas formas físicas, tenho também outro motivo eu queria que o caro e estimado leitor vivesse a aventura com o meu personagem imaginando em seu lugar ou como o seu escudeiro, cabe a cada um de vós escolherdes a vossa aventura, pois, a nossa imaginação pode nos levar a lugares nunca imaginados por nenhum homem, deixando as delongas vou retornar a peripécia que estava a esperar nosso jovem, após um pequeno interlúdio ele montou seu cavalo e foi-se ao lugar do ocorrido fato, chegou ao local procurou quem havia visto o dito fato e depois de algumas inquirições ele descobriu quem era o tal raptor e para onde ele havia se dirigido, sem nenhuma delonga foi-se atrás deles. O raptor era um jovem janota que há bastante tempo tentara cortejar a bela e jovem donzela, mas a rapariga não o queria, pois era apaixonada pelo nosso valente cavaleiro, esse por sua vez fazia mesuras por ela, foram em direção a um pequeno vilarejo ao norte, sabia também que o janota tinha um bando muito forte e violento, mas, nosso jovem era destemido um verdadeiro cavaleiro, era também destro na arte das guerras, e seu escudeiro era um jovem de coragem e nunca abandonara seu senhor e mestre em meio às pelejas, então ambos foram buscar a donzela, com denodo e contumácia foram-se em busca de mais uma aventura, nos sonhos e devaneios do jovem ele imaginava tudo como se estivesse vivendo verdadeiramente a aventura, se o leitor pudesse ver o rosto do mancebo, sua feição de alegria vivendo então uma ínfima quimera ele viajava deveras, eu convido o leitor a imaginar a alegria que ele sentia, pare um pouco a leitura imagina aquele jovem em seu quarto deitado em sua cama com os pensamentos em um mundo metafísico no mundo que Platão um dia dissertou o mundo das ideias, ou melhor, o mundo das formas, lá ele se encontrava e vivia algo que a nossa parca realidade jamais pode nos proporcionar, não digo que o leitor perca a noção da realidade e viva alienado no mundo das ideias, não é isso, mas que de quando em quando pare um pouco e viaje em seus devaneios em seus pensamentos, viva suas quimeras...
Então chegaram perto do vilarejo, pararam e pensaram como iriam invadir o acampamento em que a jovem se encontrava cativa, deveria de ser um resgate muito difícil, então se foram ambos entraram no acampamento e puseram-se a pelejar, foi decerto uma luta muito violenta, dispendiosa, mas conseguiram vencer os sequazes do raptor da jovem donzela, houve então o encontro entre o jovem cavaleiro e o seu rival o janota, começaram a batalha, foi deveras muito exacerbada, alguns detalhes não posso eu omitir desta peleja, um foi quando o jovem foi ferido gravemente no braço pela espada do janota, foi deveras um ferimento muito grande e feio, mas como um bom cavaleiro continuou lutando, pois tinha a incumbência de salvar a bela donzela aflita e desamparada, seu escudeiro só observava a peleja, queria ele ajudar seu senhor, mas o jovem cavaleiro não permitiu tal cousa, pois era uma luta individual entre dois cavaleiros cujo premio era a mais linda e preciosa donzela que já existira, depois de tantos golpes e muita luta o jovem acabou sendo o vencedor, foi com um golpe certeiro que ele venceu a peleja, muito ferido estava, mas a alegria de poder abraçar e beijar a mão de sua bela donzela que tanto amava acabou por curá-lo, suas feridas cicatrizaram e suas forças já extenuadas voltaram com todo o vigor de outrora no final o jovem foi vitorioso em sua dantesca peripécia, então voltou à realidade com um ar de aventureiro e as lembranças de uma aventura que jamais esqueceria, e de agora em diante pôde ele viver diversas aventuras em diversos lugares como diversos personagens que sua imaginação lhe proporcionava...
Queria deixar uma pequena reflexão, o sonho e a imaginação podem fazer-nos viverem grandes peripécias, sem necessariamente termos que gastar com isso uma soma muito grande de dinheiro, para quem é desvalido de provisões isso fica mais fácil, pois temos que inventar maneiras de distrações que tenha muito pouco dispêndio. A estória deste jovem pode nos inspirar a viver talvez estórias semelhantes ou melhores ainda, sem perdermos por isso a noção da realidade e sem nos alienarmos deste mundo que como Platão dizia é o mundo das sombras, a mente humana é um dos “brinquedos” que mais nos traz alegrias e satisfações...
Por Leandro Yossef (iniciado em 19/2/2013 e terminado em 20/2/2013)