"VIAGEM A MARTE 05/02"

"DESPEDIDA"

Valdemiro

Mendonça.

PM 04: Um poeta dos que se pode chamar de natural, seu jeito e suas obras são inconfundíveis, por tudo que ele escreve qualquer pessoa adivinha logo que é pessoa do bem e que sabe o que quer escrever e acredita no que escreve. Devido à minha própria timidez por não ter estudado muito, foi um pouco difícil nossa aproximação, mas hoje posso garantir que seria muito ruim não contar mais com a sua amizade, é para mim uma honra muito grande saber que tenho um amigo poeta desta qualidade.

Sua despedida da terra, não foi diante do portal, ele o fez antes de se dirigir à plataforma luminosa, por isto ao atravessar a linha de cor laranja ele apenas olhou seu reflexo no portal e o interior da grande nave que seria sua casa de agora em diante. Riu da sua figura de dezessete anos, rapazinho queimado de sol vestido com roupas domingueiras e se preparando para o passeio à noite na pracinha dos namorados onde ficavam jogando piadinhas para as garotas ou se tivesse sorte, estaria em algum canto do jardim dando um amasso nas meninas mais atiradas e esperando chegar a hora de dormir para no outro dia enfrentar o duro trabalho pela sobrevivência.

Se fosse ainda ingênuo, acreditaria que iria se dar bem com as garotas, usando sua experiência de vida atual, mas ao mesmo tempo sabia que as garotas também tinham acumulado estas mesmas lições. O que aconteceria, uma loucura coletiva, ou um encontro equilibrado de pessoas extremamente jovem e bonita, mas com um “QI” de sábios e que os faria mais exigentes no próprio comportamento? Vamos a ver este futuro. Sorrindo das próprias conjeturas misturou-se com seus colegas.

PF 04 Rindo e brincando com quem estava mais perto dela foi que esta garota extrovertida atravessou a fronteira do que representava a terra segura, trocada por aquela coisa gigantesca e que a levaria para mundos desconhecidos. Apesar de sentir o mesmo que todos os colegas, “a sensação de que poderia estar se despedindo da vida e ao mesmo tempo ganhando uma sobrevida vivendo de uma vez os sonhos de muitas décadas.

Ela olhou com prazer a sua figura jovem de quando era muito namoradeira e gostava de cantar e se divertir, tudo o que conseguisse viver dali em diante seria diferente da sua vida até agora onde como todas as mulheres, fora sim, guiadas a um comportamento imposto por uma sociedade injusta que fazia da mulher um objeto de procriação, acondicionando em sonhos o que poderia ser perfeitamente real à exemplo das mulheres atuais que estavam se ombreando com os machos em todos os quesitos e dando um banho de competência e garra nas suas empreitadas. Vamos viajar, me segurem galera, ela não pensou, a menina gritou para ser bem ouvida pelos jovens que estavam no centro do salão. Hum... bem-vinda moça.

PM 07: Alto magro, simpático, com um sorriso eterno nos lábios, atenciosos com todos, ele é um dos poetas que nasceu para a arte, claro que não foi sempre poeta, como a maioria doas colegas, não poderia se dar ao luxo de viver do que escrevia, trabalhou para sobreviver, mas poesia é sonho e esta sempre o acompanhou durante a vida. Agora é um grande menestrel da arte dos versos, Teve amores e amores, agora pelo pouco que sei continua amando e vivendo para o amor.

Também ele deu uma olhada para a terra, sentiu uma pontinha de tristeza, medo não, mas tinha certeza que sentiria saudades dos finais de semana onde mostrava sua habilidades rodopiando no salão e provocando inveja nos pés duros, era um grande dançador como se chamava, achava que a palavra dançarino era meio delicada e ele era o PM 07 bom de verso, bom no violão bom de voz e bom de dança. Talvez até pudesse dar umas aulas para as moçoilas casadoiras durante a viagem, por que não? Era solteiro... Hum nem tanto, mas sempre com carinho dá para negociar o tempo, afinal estaria apenas ensinando uma das suas artes.

Sua figura magra refletida no portal já desenhava o que ele seria no futuro: Um bom vivan, que vivia para o amor, lembrou-se da mãe, às vezes quando estava bravinha com ele, o chamava de cara lambida que não saia das #"furrupas"#, era fato, sempre gostou de dançar, então vamos dançar no espaço. Voialá.

#"furrupa# Hora dançante, equivalente ao sarau, mas geralmente em casa de pessoas simples onde os rapazes e moças se reuniam para ouvir musica em toca discos ou dançar e jogar conversa fora, às vezes rolando um namorico. "Nota do contista".

PF 07. Uma linda mulher delicada, sorridente, amiga e que escreve maravilhosamente bem. Ela olhou sua terra amada através das lágrimas, mas sem desmanchar nem por um instante o largo e maravilhoso sorriso, sua marca registrada em todos os eventos que comparece.

Sorriu agora com gosto ao ver sua imagem no portal, exatamente como se lembrava, mas ainda era mais bonita do que se imaginara, o corpinho magro e bem cuidado, com formas perfeitas, cinturinha bem demarcada de quem vivia correndo por algum motivo e aquele sorriso que já estava lá, seus cabelos ao estilo afro sem exagero e um rostinho ovalado completavam aquele conjunto de beleza juvenil.

Vivera sua adolescência como muitas garotas da sua época, sua criação foi rígida e dentro dos padrões de pais zelosos dos bons costumes, namorado tinha de ser religioso e namorar só em casa perto de um ou mais familiares. Não se queixava, sempre soubera tirar prazer nas coisas mais simples da vida, sabia se resignar com sofrimento que a vida tem, mas não aceitava imposições sem eira e nem beira de ninguém, sabia que reviver a juventude novamente, para ela seria se possível, realizando o sonho de realmente poder escolher o príncipe do cavalo branco, mas conhecê-lo bem até ter certeza de que o cavaleiro, era um cavalheiro.

Seguiu em frente notou um olhar penetrante de um jovem magrelo, tão sorridente como ela própria, vindo em sua direção, nem pensou em evitar, sentira-se atraída por aquele jovem simpático e começar a viagem conhecendo alguém era ótimo. O rapaz: PM 07 se apresentou e beijou sua mão, não da maneira convencional, mas virando a palma para cima e pousando nela um beijo ardente que fez estremecer a garota quase que deixando uma marca escritas com as palavras; achei quem procurava. E vamos a Marte.

Continua amanhã se o Deus da guerra, "MARTE" não se zangar com o contista.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 01/03/2013
Reeditado em 03/03/2013
Código do texto: T4166557
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