O misterio da escuridao

“O homem jamais saberá distinguir sonho de realidade, porque dormir é deixar o mundo dos normais e acordar para loucura de si mesmo.”

Demoraria um tempo para que eu pudesse entender essa frase. Chamo-me Tyler Deriviere, e naquele dia ele retornou dos mortos para me mostrar toda verdade.

Estava do lado de fora da casa, à única coisa que ficou de pé foi o enorme portão de ferro que dava para o labirinto de estatuas. Ele agora se encontrava aberto, caminhei em sua direção, achei uma fotografia onde estávamos os três abraçados. A dobrei, coloquei no bolso do jeans azul e me adentrei em seus domínios uma vez mais. Não estava mais com medo de que me acontecesse algo, não tinha mais oque perder, não havia mais pelo que lutar. Trilhei suas passagens, mas notei que estava completamente vazio.

Estava com tanto medo, não sabia o que fazer. Não conseguia sequer conter as lagrimas e soluços.

-Não chore meu jovem. Disse a voz mais atrás. Os pelos de meus braços se eriçaram, mas tive coragem e me virei.

-Mas como? Ao tentar me afastar levei um pequeno tombo, minhas pernas já não respondiam aos meus sinais.

-Não tenha medo, não sou seu inimigo. Sua voz era tênue e seu semblante me passava calma.

-Quem é você? –Se afasta de mim! Dizia enquanto tentava em vão me levantar.

Ele caminhou até mim. Alto e magro, cabelos negros cobriam-lhe os olhos. Colocou suas mãos debaixo dos meus braços como o de um pai carregando um filho machucado me colocou de pé a sua frente e se abaixou para ficar da minha altura.

-Não se lembra de mim? Perguntou entusiasmado.

Permaneci calado o encarando com o semblante fechado. Então ele colocou um braço atrás da cintura e se curvou estendendo sua mão em minha direção.

-Foi você! -Você me fez o convite e me salvou na noite de ontem! –Você era a decima terceira estatua!

O tempo pareceu imóvel, o vento agora tomava conta do lugar em que nos encontrávamos.

-Vamos sair daqui Tyler? Permanecendo ali parado me fez o convite.

-Como sabe meu nome?

-Eu sei tudo sobre você.

-Tudo tipo oque?

-Tudo! –Segredos, pensamentos, eu só esperava que você me encontrasse mais depressa.

-O que? –Não estou entendendo. Perguntei já que ele sabia tudo sobre mim e eu nada sobre ele.

-Me chamo Leonhardt Victorion. - Mas pode me chamar de Leo.

-Como você se tornou... Móvel? –Você era uma estatua, e agora anda e fala como se fosse normal.

-O mundo que você conhece não é o mundo em que está agora pequeno Tyler.

-Venha, eu vou lhe mostrar do que estou falando.

Estendi minha mão e ele abriu um sorriso. Tudo aquilo era muito confuso pra mim. Más era melhor ter alguém com quem ficar numa hora dessas, do que ficar sozinho esperando ser pego por criaturas novamente. Afinal de contas meu braço ainda estava dolorido quando aquela criatura o agarrou.

Leo me segurou com força me colocando em suas costas, ele se movia com velocidade descomunal.

- Nunca interfira na vida de ninguém. Disse-me como se me interessasse.

-O que?

-Eu me interferi na sua e você perdeu sua família.

Meus olhos lacrimejaram novamente, mas não derramaram lagrimas.

Ele parou por um instante.

-Está vendo aquela pequena garotinha?

Uma garotinha que deduzi ter uns sete anos, com uma pequena mochila e um carrinho de biscoitos, parecia muito com aquelas escoteiras de acampamento.

-Sim e dai? Dei de ombros.

-Ela vai morrer em dois minutos.

Tenho certeza que ele pôde sentir quando tremi, não teve como segurar.

-Como sabe disso? –Porque me contou? –Você não vai ajudar? O enchi perguntas não dando tempo para ele pensar.

-Não devemos mudar o curso das coisas. -Se ela não morrer da forma como quer o destino, ela morrerá de uma forma dolorosa e muito pior depois.

Deviam estar faltando menos de dez segundos, eu não queria ou pelo menos não deveria ter visto a cena. Sua mãe que estava distraída demais falando no celular para prestar atenção na filha. Ela se abaixou para pegar as moedas que escaparam de suas pequeninas mãos. Seu carrinho de biscoitos começou a se mover em direção à rua, então ela correu para poder segura-lo. Um carro seguia em alta velocidade pela contra mão. O carrinho de biscoitos parou, assim como a respiração da pequena garota, que estava sob os pneus traseiros do veiculo.

-Por que me mostrou Isso? Minha respiração era falha e eu estava tão verde quanto um defunto. Saltei de suas costas e comecei a vomitar.

-Você está melhor? Disse colocando a mão sobre meu peito. Uma luz irradiou delas e no mesmo momento o enjoo havia ido embora.

-Vamos embora daqui. Sugeri.

Ele me levou até uma espécie de templo. Lá havia um garoto e uma garota. Estavam tão bem vestidos e seguravam armas como espadas e escudos.

-Muito bem Leonhardt. Saudou o homem que estava com as duas figuras.

-Sim milorde, finalmente ele retornou.

-Este é o pirralho? Disse o garoto que parecia ter 17 anos.

-Cale-se Viktor. –Assim como você ele terá de aprender a se defender.

-Oi, como você está? Disse à garota que se identificou como Irina, aparentava ter a mesma idade de Viktor.

Meu rosto corou quando ela deu um leve beijo em minha bochecha.

-Não deixe meu irmão te intimidar, ele é um imbecil. Disse sussurrando em meu ouvido.

Então era isso! Eles eram irmãos. E pelo que deduzi novamente deveriam ser gêmeos.

-Oi Tyler. Disse o ancião.

-Como todo mundo aqui me conhece? Disse curioso.

-Ei velhote, ande com todo processo com esse pirralho aí. –Quero matar alguns phantons novamente. Disse Viktor enquanto Irina lhe dava um tabefe na cabeça.

-Meu nome é Alastor. –Sou guardião do equilíbrio do mundo. –E você pequeno, é um dos guerreiros que nascem para combater aqueles que tentam destrui-lo.

Ele me contou que foram os phantons que mudaram o equilíbrio da minha vida. Por isso minha família teve aquele fim trágico. Segundo Leo, por ter interferido em minha vida, ele mudou o rumo das coisas. Será que eu teria um fim pior do que o da minha mãe e irmã? Porque ele não me deixou lá pra morrer? Eram perguntas que eu pensava com frequência. Segundo Alastor se reuníssemos as peças que ele chamava de “Os selos do Éden”, eu poderia trazer o equilíbrio e voltar para minha família.

-Vou lhe mostrar mais uma coisa. Disse Alastor.

-Vamos velhote, acelera um pouco aí.

A olhada que Alastor dirigiu a Viktor fez com que ele simplesmente caísse inconsciente no chão.

-De novo? Disse Irina sorrindo e arrastando ele para um banco ao fundo do templo.

Andamos por um longo corredor até uma sala iluminada por uma chama azul. Lá havia uma espécie de redemoinho gigante.

-Uau. –Oque é isso?

-Se chama portal das lembranças. Disse o velho. –Pense em sua família Tyler, no ultimo momento feliz que viveram juntos.

Lembrei-me da mudança para Saint Gerard, e da nova casa então o portal das lembranças reproduziu aquele momento por um breve período de tempo, e finalmente se fechou.

-Como? –Faça de novo, por favor. Repeti aflito.

Ele colocou as mãos em minha cabeça e começou a falar dos selos do éden. Disse-me como são capazes de abrir o portal, e que se estivessem todos juntos novamente, conseguiria voltar para casa através dele. Viveria uma vida normal, poderia finalmente abraçar minha mãe e minha irmã.

-Farei o que for preciso para recuperar os selos! Disse enquanto fechava minhas mãos formando punhos.

-Então vamos começar seu treinamento.

Era duro saber que para conseguir alguma coisa, é preciso que se ofereça algo em troca. Essa lei era chamada troca equivalente, e era usada pela maioria dos alquimistas. Em meu mundo eu era muito fissurado por coisas do tipo oculto, bruxaria, alquimia, luta com espadas, dragões e essas coisas que qualquer pessoa louca curte. Agora, eu teria de dar tudo e mais um pouco para ter minha família, em troca dos selos do éden.

Alastor iria me levar até uma espécie de campo de treino, mas antes me encaminhou para um tipo de câmara. Lá, havia quatro enormes baús, cada um com uma figura diferente selando seu conteúdo.

-Vá em frente. Indagou Alastor.

-E fazer oque? Arfei.

-Deixe que o guardião te escolha. –Irina e Viktor já foram escolhidos pelos guardiões Wyndar, da névoa, e Narya da terra.

Aproximei-me dos baús. Um a um espíritos guardiões saiam para me encarar.

O primeiro se chamava Adonn, espírito do raio.

-Você não é digno. Disse.

O segundo veio com o nome de Nawa, espirito do ar.

-Você não é digno. Declarou e se foi.

O terceiro se apresentou como Basius, espirito do gelo, que disse a mesma coisa dos outros dois e simplesmente sumiu.

Olhei para o último baú, na esperança de ser ele. Vi nos olhos de Alastor a preocupação se eu não fosse aprovado, ele já juntava as mãos em prece para que fosse o ultimo baú.

Dele surgiu Merrick, espírito venenoso que só olhou e voltou para seu baú.

-Humph! Pelo jeito ninguém me quer. Sorri sarcasticamente.

Alastor me levava até o campo com uma armadura qualquer para treinar. Uma porta azul ,assim como a de meu quarto em minha casa, fechada por sete correntes me chamou a atenção. O braço em que a criatura me segurou começou a queimar. Pude notar quando manchas negras com formas peculiares tomou conta dele por completo. Nem mesmo a magia de Alastor foi capaz de parar imensa dor. As correntes romperam-se com um rugido estrondoso, fazendo com que o mago de pé a sua frente voasse como um pedaço de papel na tempestade.

-Você me pertence! Disse a voz assustadora no interior do lugar.

Lá dentro um enorme baú de metal negro resplandecia luz, trevas e fogo. Um enorme dragão coma as asas abertas estava guardando seus segredos.

-Venha até mim! Repetiu a voz.

-Não vá! Disse Alastor.

Nesse momento surgiu Leo. Que assim como o mago não foi páreo para tal poder.

-Tyler! Não toque o baú! Dizia com ferocidade.

-CALE-SE! Disse o espírito a Leo, o arremessando ao lado de fora.

-VENHA ATÉ MIM MEU NECROMANTE!

Meus olhos se encheram de encanto, meu corpo ansiava por poder, como se soubesse oque estava fazendo. Ao colocar meus pés dentro da câmara do baú, seu espirito revelou-se com o nome de Reichwein, espirito necromante do fogo negro.

Senti quando meu corpo ficou dormente e tocou o chão. Meus olhos se abriram dois dias depois, e naquela manhã e enxergaram a verdade.

Comigo estavam, Alastor sentado ao lado da cama, uma jovem com minha cabeça no colo, e um garoto de pé olhando a paisagem. Também havia um homem com utensílios para ferimentos.

-Já acordou meu jovem. Disse Leonhardt me fitando com preocupação.

-Estou bem Victorion. Seus olhos se arregalaram, houve uma breve troca de olhares no quarto.

Alastor levantou-se e começou a andar de um lado a outro murmurando algo sobre alguém ter voltado.

-Meus amigos chamam-me Kellen Bommen. Sou feiticeiro.

-Já ouvi falar de você. Novamente houve troca de olhares no ambiente.

A jovem me olhava impressionada como se visse um fantasma.

-Que bela jovem você é. Dá-me a honra de saber seu nome.

Ouve silencio.

-Irina Welkland Sr. – E aquele ali na janela é meu irmão Viktor. Ele me olhou com os olhos sarcásticos e levantou a mão em cumprimento.

-Me chamo Adraenn Cordovam. Encantado em estar no seu colo. Disse sorrindo.

-Minhas suspeitas estavam corretas! Sibilou Leonhardt.

-O que estava correto meu caro! Sentei-me na cama para olhar a todos melhor, enquanto Irina secava suas roupas que foram encharcadas por meu suor.

-Você voltou.

-E onde eu havia ido? Sorri.

-Qual a ultima coisa de que se lembra? Perguntou Kellen.

Flashes com imagens confusas habitaram minha mente.

-Algo como uma guerra. –Lembro-me de não ver nada após a batalha contra meu irmão Audric em seus domínios. –E por falar nisso, quem ganhou essa batalha?

-Seu irmão! Gritou Viktor.

-Viktor! Chamou Irina, isso aqui não é conversa pra nós.

-Eu já sei de tudo! Ela o encarou.

-Sabe de tudo oque! Levantei-me da cama e caminhei em sua direção.

-Não é nada é que... Interrompi Alastor apontando minha mão em sua direção.

-Fale! Indaguei ao garoto.

-Irina e eu não somos daqui. –Naquela noite, quando a lua atingiu seu ápice no céu. –Audric Cordovam seu irmão adquiriu poderes inimagináveis.

-Resuma a historia! Cruzei os braços e esperei.

-Você morreu naquela noite! –Foi isso! Disse Irina enquanto seus olhos jorravam lagrimas e os soluços começaram. Vagamente lembrei-me de Audric atravessando meu peito com as mãos nuas, e arrancando dele meu coração. Um enorme dragão vermelho surgiu devorando ele ainda batendo, enquanto as trevas tomou conta de mim.

-Viktor e eu salvamos você naquele momento! Admitiu Irina arrancando de seu braço uma faixa revelando marcas como as de meu braço. Logo em seguida Viktor revelou as suas.

-Então a guerra não terminou. Sorri e abracei Irina que se espantou. –Obrigado, por me salvar. –A você também Caro Viktor.

Ele sorriu e Irina fez igual.

-Está na hora de treinar Adraenn! Começou Viktor. Nesse momento todos os outros saíram dos meus aposentos. –Agora que retornou alguém finalmente será páreo pra mim. Disse arqueando as sobrancelhas na direção da irmã.

-Eu é que deixo você ganhar! Retrucou Irina.

-Aguardamos você em campo. Disseram antes de deixar o quarto.

Virei-me e comecei a me vestir para o treino. Coloquei as mãos nos bolsos da estranha calça que estava usando, revelando assim uma espécie de papel com uma família. Atrás, uma mensagem que dizia: Para nossa querida mãe de Tyler e Alice. Mas quem seriam essas pessoas? Amassei o estranho papel e o joguei na lareira.

Vesti minha armadura e preparei minha espada.

-Vamos nessa Reichwein. Disse ao meu espirito dragão. -Vamos mostrar do que somos feitos.

Coloquei meu elmo e saí para lutar, enquanto a pequena família se desfazia nas chamas.

Pássaro de Hermes
Enviado por Pássaro de Hermes em 24/02/2013
Reeditado em 14/07/2018
Código do texto: T4157867
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