Elas

Achei-te mais parecida com o passado mas informaste ser o meu futuro. Daí o vestido sóbrio, quase negro e a boca sem baton. Das mãos não falaste mas vi que eram esguias, magras, sem adornos. Parecias triste mas garantiste-me que, pontualmente, poderias aceitar sorrir nos dias melhores e que, se eu não mudasse tudo na minha livre maneira de sentir, te enrugarias e te cobririas de crepes. – És a mesma da minha juventude? Quis saber. – Não, respondeste. Essa tinha um vestido de mau gosto com tiras exuberantes e listas pretas, muito pretas. O seu rosto pintado lembrava o carnaval… Quando amadureceste, ela emudeceu de espanto e, a seguir, vestiu melhor mas acabou solteira. – Só mais uma pergunta, futuro… conheces a mulher que me representa agora? – Sim, passou por mim há pouco e quis agarrar-me. Vestia seda e tinha um ar terno, quase doce mas, sabes, prefiro gente mais formal e ela ainda quer ir a festas, respondeste antes de um seco : até amanhã!

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 21/02/2013
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