Além do Fim do Mundo - Capítulo 3 - O sentimento fraternal

Criei essa história, ainda não completa, há alguns anos atrás, encontrei no meu computador e vou compartilhar com vocês. Tomei como base o universo do filme "Piratas do Caribe".

No filme Piratas do Caribe 3 : O Fim do Mundo, a personagem chamada "Tia Dalva" que na verdade é a Deusa do mar "Calipso" pergunta a tripulação de Jack Sparrow se eles navegariam até o fim do mundo e além para reaver a vida de seu capitão, então me veio a pergunta, o que tem além do fim do mundo?

A minha história decorre no século XVII (1600 - 1699), e transcorre a redor de todo o mundo.

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Capítulo 3: O sentimento fraternal.

O galeão de Eduardo ancorou no porto de Tortuga, grande era a euforia da tripulação antes mesmo da chegada, cada marujo com sua parte dos saques partiu distribuindo-se pelo distrito pirata, sempre com uma garrafa na mão. Era festa, depois de meses no mar era hora da diversão e dos jogos, dois dias eram o suficiente para os marujos gastarem tudo que ganharam nos meses de trabalho duro, quanto mais pesada fosse a campanha, maior era a sede por diversão e por luxúria. Antes de desembarcar, Ewan foi até Thomaz e Eduardo mostrar-lhes agradecimento.

- Capitão, navegador, agradeço-lhes a viagem gratuita – Disse Ewan abaixando a cabeça e demonstrando respeito a posição dos piratas.

- Meu subordinado disse que as celas foram muito bem limpas – Disse Eduardo com um sorriso e continua. – Mas conte-nos, cadê o seu irmão? Seu barco? Ouvi muitas histórias, principalmente sobre o seu olho vermelho.

- Coisas amargas para se lembrar, bom meu irmão está a caminho de Tortuga e – Depois de uma pausa Ewan continua. – E meu barco, está com meu irmão. – Mais uma pausa se segue. – A caminho. – Ewan mudou sua expressão de alegria para uma face pensativa.

- Que confiança demonstra em seu irmão. – Disse Eduardo alargando o sorriso. – Ele leva o seu barco e tens certeza que ele voltará para te buscar?

- Essa que é a mágica que te falei Eduardo. – Disse Thomaz entrando na conversa. – Partiremos daqui dois dias, enquanto isso você é nosso convidado Ewan, festeje com os marujos.

- Vá, espero que o amotinado volte logo para te buscar. – Disse o caveira invertida enquanto Ewan se afastava.

A história de Ewan ficou conhecida por todo o distrito e foi a piada “do momento”, todos os piratas caçoavam da apunhalada que sofreu do seu irmão, o Olho Vermelho, por sua vez, entra na brincadeira e se mistura entre os marujos de diversas tripulações, festejando suas vitórias e algumas vezes até partilhando dos saques. Ewan conseguiu fazer o impossível sonho de qualquer boêmio, administrar sua vida em Tortuga de modo a balancear dinheiro e gastos.

Passou um mês desde a partida de Eduardo, Ewan se divertia todos os dias, mas sempre pensava em seu barco e sua volta para o mar, uma vez um sábio disse “Depois que se vive no mar a vida em terra perde a graça.” E esse pensamento é um símbolo dos piratas, Ewan se perguntava então por que sempre voltam para terra firme e gastam tudo que ganharam? Deduziu a resposta simples e óbvia, Para demonstrar as pessoas o quanto é incrível a vida no mar, apesar de muitos pensarem que piratas são avarentos, seus gastos com jogos e brincadeiras eram enormes, ás vezes eles ficavam pelas ruas pagando peças de ouro para pessoas que andava por aquelas áreas, ou davam uma “nota preta” para uma moça beijar seu rosto. Essas ações foi o que fez os piratas serem um símbolo de mistérios e de riqueza, a curiosidade da população aumentava com o tempo, “Como eles conseguem tanto dinheiro?” “É tão fácil assim a vida no mar?”, eram as perguntas que freqüentemente se ouvia entre os habitantes da terra firme.

Ewan conhecia muitos piratas, desde pequeno ficou navegando no mar com seu irmão, quando se virão diante da vastidão do oceano sem conhecimento, decidiram subir em um barco pirata para serem aprendizes, tamanha a sorte tiveram quando encontraram o capitão Morietti e seus marujos, ficaram no barco e aprenderam tudo o que puderam, até o bando se separar após uma grande pilhagem. Os dois piratas subiram a bordo de outra embarcação para aprender mais, assim cresceram, conhecendo muitas pessoas e vendo muitas outras desaparecer. Tortuga era um ponto de encontro da corja dos ladrões, Ewan estava em casa, conhecia muita gente e principalmente as moças das casas, conseguia bons preços para os amigos e noitadas de graça pelo distrito. Encontrou-se com um antigo companheiro aprendiz, Adrian Sossos que agora é um capitão de uma embarcação pequena, esse lhe falou sobre um tesouro em Tortuga, escondido pelo primeiro pirata a pisar no distrito, uma história tão fantasiosa e irreal que Ewan aceitou de imediato procurar junto com ele.

A lenda conta que existe um mapa no centro da cidade, mas ninguém nunca achou, Os dois piratas seguiram para o centro e nesse local não havia nada além de dois bêbados jogados no chão além muita sujeira.

- Minha idéia é que esteja no alto. – Disse Adrian que começou a subir em uma escada. Ewan o acompanhou. Quando chegaram no topo da maior construção do local Ewan olhou para baixo e disse.

- Olha lá o nosso mapa. – Disse apontando para o chão, quando se olhado de cima era possível identificar um mapa da cidade. Apontava para a igreja, uma das primeiras construções realizada no local.

- Beleza, o mapa está aí então a lenda acaba de se transformar em realidade.

Os dois amigos atravessam a cidade e chegam na igreja indicada no mapa que estava em missa e portanto muitas pessoas estavam no local, decidiram então por esperar e invadir a igreja quando o culto acabasse. Enquanto esperavam próximo da igreja ficaram conversando e rindo alto, isso atraiu um pirata que estava ali próximo e ouviu sobre o tesouro.

- Eu quero parte desse tesouro também, deixa-me entrar no grupo pela procura. – Disse o homem que já conhecia ambos os piratas caça-tesouros.

- Tudo bem, mas fique quieto, não fale alto. – Disse Adrian.

O tempo foi passando e os três estavam ficando sem paciência, “Essa missa não acaba?” sussurravam entre si e sem perceber estavam conversando alto novamente e atraindo mais pessoas, no fim da missa haviam 19 pessoas reclamando parte do tesouro.

- Melhor 1 / 19 do que nada, não é? – Disse Ewan sorrindo.

Todos os homens adentram a igreja de forma Desorganizada e Desordenada, bem diferente do plano inicial de Adrian, assim que entraram um dos piratas disse.

- Vejam, aquilo sempre esteve ali? – E apontou para uma parede com o desenho do centro da cidade feito a mão. Ewan se posicionou na frente do desenho e empurrou-o com a mão abrindo uma passagem para o subterrâneo da igreja, todos foram descendo cautelosamente no escuro, assim que chegaram ao fim da escadaria os 19 homens se encontravam em uma sala escura, sem enxergar nada.

- Opa, Acho que encontrei algo aqui. – A voz de Adrian foi ouvida naquela imensa escuridão.

Uma tocha é acendida, essa estava a esquerda da sala e todos vislumbram admirados uma enorme arca, e Adrian começa a falar.

- Senhores, quando o primeiro ladrão sem vergonha pisou neste chão, sentiu que essa não era uma cidade normal, sentiu más vibrações e pulsações estranhas, então ele deduziu que não haveria lugar MELHOR para se formar um distrito pirata, ele “refundou” Tortuga, para que todos da sua corja pudesse descansar e esbanjar seus roubos. Esse nosso Ancestral era muito esperto, resolveu por esconder um tesouro para recompensar os astutos, ele encobriu essa arca num oceano de mistérios e quebra-cabeças até chegar aqui, somente os mais espertos puderam presenciar esse dia. Tudo o que tinha de melhor em mão ele guardou nessa arca para que desfrutemos agora. Rapazes, Vida longa aos piratas. – Adrian abre a arca e todos vislumbram o brilho de centenas de garrafas de Rum.

Um grito de alegria pode ser escutado até de fora da igreja, os homens voaram sobre a arca pegando o que podiam e bebendo até o que não conseguiam. A noite passou rapidamente e o sol já clareou aquela quarta-feira, os 19 bêbados continuavam na igreja conversando, gritando e pegando mais garrafas da arca. O caseiro que tomava conta da igreja estranhou o barulho e foi verificar, quando descobriu do que se tratava, foi correndo para a arca com o propósito de beber e somar um no número da divisão. As freiras chegaram e o padre, mas ninguém resistiu a festa, no fim da quarta-feira todos estavam jogados no subterrâneo da igreja, triste, pois todo o tesouro acaba, Adrian e Ewan são os primeiros a se levantar e sair.

- Foi uma grande campanha, não é, Adrian? – Disse Ewan abraçando seu companheiro pirata enquanto andavam.

- É, realmente um belo de um tesouro. Ei, Ewan, cadê o seu irmão Harry?

- Ele está chegando.

Rindo, os dois se dirigem ao bar mais próximo, o estabelecimento em questão era o maior bar do distrito pirata, conhecido como “O velho Caolho”, o dono do local era um senhor que usava um tapa-olho, esse acessório lhe rendeu fama e seu bar foi crescendo até se tornar o que é hoje. Ao adentrar o recinto, Ewan vislumbra uma nova tripulação que estão em estadia no local, infelizmente ele não conhecia o capitão para tentar se aproveitar da situação, mas o capitão acabou o reconhecendo.

- Ora, você não é o Ewan, o do olho vermelho? – Disse o homem barbudo e gordo que se aproximava.

- Sim sou eu mesmo, de quem se trata?

- Eu sou o capitão Polanski, sou conhecido como o homem de gelo. – Disse se aproximando e agora ficando frente a frente com o outro pirata.

- Nunca ouvi falar de você, mas que prazer imenso conhecê-lo. – Disse Ewan ensaiando um sorriso.

- Mas eu ouvi falar muito de você, e o mais engraçado foi a história de seu irmão – Começou Polanski com o deboche. – Grandes campanhas fizeram juntos e depois de conseguir o mais difícil ele te chuta para fora do barco e te entrega a própria sorte.

- Ele sabe que minha sorte é grande. – Ewan agora estava estampando grande sorriso.

- Além disso, todos os seus parceiros se juntaram a ele, nem um sequer te defendeu ou esboçou qualquer defesa, que tipo de capitão você era? – Provocou ainda mais.

- Eu ainda sou o capitão, sempre serei. Minha tripulação está voltando. – Disse sem mudar de expressão, Ewan é esperto, sabe que não se deve alterar quando está sozinho diante de um capitão e sua tripulação.

- Está voltando? – Assim que Polanski começou a rir, toda a tripulação acompanhou e se estenderam por alguns minutos. Assim que o barulho dos risos diminuiu. – Você ainda acha que os amotinados vão voltar?

- Sim, eles vão. – O largo sorriso de Ewan deixou o capitão nervoso e visivelmente abalado.

- Por que tem tanta confiança nele assim? – Perguntou Polanski aos berros, todos no bar pararam para ouvir. – Ele nem é seu irmão de verdade.

Ewan mudou de expressão rapidamente, desferiu um soco na cara do oponente, ninguém teve reação até o momento.

- Quem te contou essas mentiras? Onde você ouviu isso, seu Animal? – Gritou Ewan, nervoso, começou a chutar o homem que estava jogado ao chão.

Nunca na história do bar conseguiram fazer todos ficarem calados por tanto tempo, um recorde que Ewan não tinha intenção de comemorar, não ali e nem agora pelo menos, mas o silêncio não durou para sempre, alguns minutos depois todos estavam brigando e gritando, Polanski estava no chão e Ewan pulava em cima de seu corpo, os marujos do capitão pegaram o olho vermelho que na primeira oportunidade escapou escalando o balcão do bar e chegando ao segundo andar, estava uma tremenda baderna entre lutas e cantorias, os homens de Polanski o encontrou e perseguiram Ewan até de volta ao primeiro andar onde ocorreu uma nova luta, um dos marinheiros de Polanski pegou o Olho vermelho pela camisa e o jogou no balcão, ele foi deslizando, quebrando os copos e garrafas que lá estavam, acabou dando de cara com o “Velho Caolho” e numa visão de baixou para cima conseguiu ver que o dono do bar usava o tapa-olho apenas como acessório, tinha um olho perfeitamente normal.

- Todos. – Gritou Ewan enquanto subia no balcão, pelo respeito e consideração que ele conquistou em toda sua vida diante da corja dos piratas, todos pararam para ouvir. – Acabo de descobrir que o velho na verdade não é caolho!

Os freqüentadores do bar explodiram de alegria, anos e anos vivendo em uma mentira foi uma piada mais engraçada que a apunhalada do próprio irmão. Com apenas algumas palavra o pirata do olho vermelho desviou a atenção dele para o dono do bar que no fim só pôde agradecer, pois o bar ficava cada vez mais cheio, todos queriam rir e beber, lá era o lugar certo até alguma outra novidade aparecer.

Dias depois do incidente, Ewan e Polanski estão conversando no porto de Tortuga.

- E eu tenho mesmo que falar com o Jones então? – Pergunta interessado Polanski.

- Sim, antes que ele te encontre. Pegue muita pólvora no caminho, ele gosta de quantidades. Boa viagem capitão. – Respondeu Ewan orientando o novato capitão.

- O que você ofereceu para ele?

- Nada ainda, vou fazer o acordo quando meu irmão voltar.

Polanski ri e sobe no seu navio, Ewan acena enquanto os piratas partem do distrito. A relação de confiança entre Ewan e seu irmão é o que o torna tão singular dos outros piratas que só podem contar consigo mesmo, esse sentimento fraternal é o desejo da maioria dos capitães espalhados no oceano e quando se encontram com Ewan e Harry percebem o quão poderoso é esse sentimento.

Desal Mado
Enviado por Desal Mado em 17/02/2013
Código do texto: T4144685
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