As cronicas de Luz e Trevas, Lucas Benjamim e o Livro Necronomicon (7.A TRIAGEM DO CRISTAL )

A porta abriu-se. E apareceu um homem alto esguio, de cabelos negros e vestes cinza claro. Tinha um rosto severo e intimidador, Samuel logo pensou que ele era o tipo de pessoa que é melhor não aborrecer.

-Garotos, esse é o professor Arn Clock um dos coordenadores de Arcania – informa Allan.

-Obrigado Allan pela apresentação, estava a espera de vocês. Sempre é intrigante não saber o que irá acontecer, eu quero ver com meus olhos o que o cristal tem a nos dizer.

Ele seguiu com Allan em silencio, abriu a porta secundária que dava em uma enorme sala com uma escada em mármore que oferecia acesso aos outros andares do castelo, um grande lustre com chamas de simpatia iluminava a sala que caberia facilmente uma grande casa dentro.

Eles foram conduzidos por Clock. Lucas ouvia inúmeros burburinhos de todas as direções, alunos andavam livremente com as fardas de Arcania. Logo chegaram a outra grande sala, com enormes mesas, alunos de todas as idades estavam ali, estudando, jogando algum jogo ou só matando tempo mesmo. O professor Clock levou-os pra dentro de uma sala apertada. Na sala cada tijolo na parede tinha uma runa mágica inscrita. A cada toque de Clock a runa brilhava em uma luz azulada, o professor fez uma sequência de doze tijolos, como se fosse uma espécie de senha, logo após de terminar os tijolos se embaralham em uma nova sistemática de runas e uma porta surge onde antes era uma parede de tijolos.

-Bem vindo ao coração de Arcania – disse o professor Clock – Aqui será feito o seu primeiro teste, antes de ir para os testes de admissão existe uma triagem da própria Arcania. Essa cerimonia é muito importante porque, aqueles candidatos que de cara nunca se tornariam um grande mago, precógnita ou feiticeiro são de cara descartados pelo cristal. Depois de escolhido há os testes de admissões, se o candidato passar nos processos seletivos deverá ser iniciado o ritual de formação de grupos que é gerado por suas notas nos testes, caráter, inteligência e é logico pela habilidade de cada um aumentando as chances de equilibrar as equipes para ser formados grupos coeso, eficientes e habilidosos. Nós de Arcania temos o orgulho de estarmos entre as cinco maiores universidades mágicas com índices de sucesso de toda Terra Alta. Muitos de nossos alunos são indicados para fazer os testes da Academia da Justiça. Em Arcania você terá um mestre responsável pelo seu grupo, fora as aulas presenciais que são obrigatórias.

Um enorme cristal se erguia no centro da sala, ali era tão grande quanto um estádio de futebol. Por causa do formato circular, qualquer um que entrasse pela porta mágica conseguia ver quase todas as runas inscritas naquele local, uma vasta escadaria dava acesso ao cristal que deveria ter uns dez metros de altura. A própria luz do cristal e as luzes das runas iluminavam todo o recinto, as paredes de concreto lapidadas perfeitamente tinham inúmeras runas que prosseguiam em fileiras por todo o chão até chegar ao circulo onde fica o cristal.

-Sim e agora o que eu tenho que fazer – pergunta Lucas com o estomago revirado pelo nervosismo.

-Você deve descer até o cristal, o resto é com ele.

-Só isso? Só preciso descer?

-Humhum – confirma Clock

Mesmo confuso e nervoso Lucas vai descendo em direção ao cristal. A cada degrau que desce o cristal se energiza com raios elétricos azuis, todas as intermináveis runas acendiam cadenciadas em direção ao cristal, quanto mais perto o garoto chagava mais raios voavam de toda a sala em direção ao cristal, a energia aumentava a cada degrau descido. Imaginem como Lucas ficou com medo de um desses raios atingi-lo, o único espaço seguro ficava bem onde Allan, Irish, Sam e o professor Clock estavam. O coração de Lucas deu um pulo quando um dos raios passou tão perto que levantou seus cabelos com o vento. Ele não previa nada desse tipo, pensava que seria algo simples como colocar seu nome em um pedaço de papel e voltar outro dia para fazer uma prova, como estava enganado. Faltavam só três degraus dos trinta e três, e mesmo com medo Lucas prosseguiu. Assim que toca o chão do circulo, todo o show pirotécnico para, o garoto olha para trás confuso, então “STRUMMM”, um enorme relâmpago atinge uma das paredes gravando novas runas mágicas onde antes não existia. Então tudo fica calmo novamente.

-Fascinante – comenta Clock – Nunca vi uma triagem na qual não soubesse do resultado final.

Lucas sobe as escadas correndo, ali ele estava a mil.

-Acabou? – pergunta Lucas confuso – Eu passei?

Os dois professores se olham aumentando ainda mais a curiosidade de Lucas e seu Irmão.

-Agora é só estudar com a Madame Reine até os testes de admissão – tranquiliza Allan.

Eles saíram daquela sala, Clock foi explicando mais sobre o castelo de Mystara e como as coisas funcionam em Arcania.

-O preceito maior de um estudante da alta magia é não abusar de seu poder mágico, progresso e principalmente nunca usar a magia para oprimir. Obvio que logo você saberá mais sobres as regras aqui do castelo e pra quê formamos magos, feiticeiros e precógnitas. Mystara é dividido em doze grandes alas, essa em que estamos é a grande sala comunal, onde todos se reúnem. Aqui também é onde funciona boa parte de nossas festividades e encontros. O almoço é servido pontualmente as doze horas, o jantar as dezenove e meia, aqui não se é permitido atrasos. Subindo aquelas escadas – Clock aponta para uma escada que dava em um arco bem grande tudo feito em pedra polida – começa a segunda ala que é o dormitório dos internos. São mais de trezentos cômodos especiais separados especialmente por grau e gênero. Tudo será devidamente apresentado quando você for um aprendiz admitido de Arcania.

Lucas ouvia atentamente tudo, até que Samuel o puxa pela blusa e aponta para um casal de meia idade, pareciam ser bem simples comparado com todos dali, ao seu lado estava Selena, a garota da taverna. O casal e Selena estavam acompanhados pelo professor Macdonall, um senhor muito estudioso e perseverante, usava um óculos com lentes de meia lua, sempre com a barba bem feita. Ele é conhecido por apadrinhar adormecidos que nunca teriam uma oportunidade real de entrarem em uma universidade mágica. O professor Macdonall explicava cada detalhe para o casal.

-Aguardem aqui garotos, vou pegar uns livros com Clock e volto já, eles irão ajudar em seu estudo com Madame Reine. Irish tome conta deles enquanto vou ao Arquivo Mágico.

-Irish sempre as ordens!

Então os dois professores deixam os garotos com Irish na grande sala comunal.

Mesmo com tanta gente na sala, Selena ainda conseguiu ver os irmãos Benjamim, o que foi uma surpresa. Então ela se separa de seus pais e corre em direção aos garotos.

-Ei! Vocês me devem trinta talentos de prata – disse Selena ao cruzar com Lucas, Samuel e Irish.

-Hãn? O que você está fazendo aqui? – pergunta Lucas – Não veio aqui só pra cobrar três refeições.

-É verdade – diz orgulhosa a garota, nem parecia aquela atrapalhada atendente da taverna alguns dias atrás. – Mas não é da sua conta o que eu vim fazer aqui.

-A triagem do cristal – fala Sam.

-Como você sabe?

-O meu irmão acabou de fazer também – tenta mudar o foco da conversa que estava ficando um pouco desagradável.

-Sério? E como foi? Você passou? É difícil?

A ansiedade da garota foi maior que suas desavenças do passado. Lucas estava sem jeito, não era acostumado a chamar atenção assim, muito menos ser notado. A coisa de mais especial que acontecera com ele foi um aniversário na qual sua mãe organizou onde convidou quase todos seus colegas do colégio e quase ninguém foi, e os que foram eram os amigos de Tiago que acabaram estragando a festa comendo o bolo antes da hora e fazendo Samuel chorar. Um verdadeiro desastre.

-Não.

-Então você não passou?

-Não. Quero dizer, não é difícil. É só fechar os olhos e ir continuando, não pare nenhuma vez acho que o teste deve ter algo haver com coragem e determinação.

-Não entendi, eu devo fechar os olhos e ir pra onde?

-Não sei explicar direito, até uns dias atrás eu nem sabia que magia existia e estou eu aqui fazendo os testes para aprender magia.

-Há entendi você é um adormecido? Não tem problema, antes de Macdonall me ensinar alguns truques e explicar a arte arcana eu também não entendia nada, ele é quem está pagando os meus testes. Preferia que meus pais não estivessem aqui, eles me deixam nervosa.

Macdonall conversava com os pais de Selena, mostrando tudo com detalhe, os dois estavam realmente admirados que sua filha estivesse tendo essa oportunidade única.

-Esse ai é o familiar de vocês? – pergunta a garota se referindo a Irish – Como isso é possível se vocês eram adormecidos até pouco tempo?

-Não menininha, Irish ser amigo dos pequeninos mestres.

-Selena! Vamos, não faça o professor Macdonall espera-la – chama sua mãe.

-Acho que tenho que ir.

-Boa sorte Selena – os dois garotos falam um seguido do outro.

-Tchau, espero te ver nos testes de admissão – ela parecia ter esquecido sobre o calote na taverna.

Os garotos esperaram algum tempo sentados em uma das grandes mesas que existia na sala comunal. O teto abobadado era bem alto e tinha uma pintura incrivelmente linda, um céu com nuvens e um sol que parecia o de meio dia, as nuvens pareciam se mexer, algumas aves de vez enquanto passava, Samuel tinha quase certeza que a luz que iluminava toda a sala comunal vinha daquele sol pintado, e era difícil olhar para toda aquela pintura com o sol irradiando tanta luz assim, ele realmente chegou nessa conclusão quando uma nuvem da pintura cobriu o sol e fez sombra dentro da sala. Depois de um tempo observando a pintura mágica Lucas percebe um alvoroço na sala comunal, alunos de várias idades estavam se juntando para observar um aluno que deveria ter aproximadamente treze anos, seu semblante era duro apesar de suas feições juvenis, o olhar negro e sério parecia querer afastar toda aquela atenção atraída, o garoto estava sendo acompanhado por Lugus Tiranus, o coordenador da esfera de elementos e reitor de Arcania, ele era a típica imagem de um bruxo que ouvimos nos contos de fadas, nariz grande e torto, barba grande o suficiente para colocar por baixo do seu cinto preto, usava um manto azul escuro com uma capa cinza, seus olhos negros ficavam debaixo de uma espessa e longa sobrancelha, e usava no dia-dia um grande chapéu pontiagudo cinza, sempre usava seu cajado para se apoiar quando andava, seu cajado era cinza com um cristal vermelho na ponta superior.

-Aquele é Tristam Burns? – pergunta um dos alunos curiosos

-É logico que é. – afirmava o companheiro curioso também – Ele deve estar indo fazer a triagem do cristal.

Lucas ficava se perguntando quem era aquele garoto. Irish subiu em cima da mesa para tentar ver melhor o que estava acontecendo. Logo Lugus tira o ultimo gênio restante da família Burns dos olhares curiosos.

-Irish você sabe quem era aquele garoto? – pergunta Lucas

-Irish não saber. Irish só saber que o garoto não é nada simpático. Agora se pequenino mestre querer saber de Lugus, Irish sabe sim quem ele é. Lugus ser o reitor de Arcania.

-Se Allan demorar mais acho que morro de tédio – o comentário de Sam arrancou uma risada de seu irmão.

-Olha um Leprechau de verdade! – comenta um garoto que deveria ter a mesma idade de Lucas, o menino se aproxima – Ele é um familiar?

-Não, ele é nosso amigo – comenta Samuel

-Acho que vocês são bestas, Leprechaus dão bons familiares.

-É, mas este aqui é um bom amigo e prefiro que continue assim – diz Lucas

-Irish ser um bom amigo

-Hahahaha, a criaturinha fala, vocês devem ser muito brandos em deixar uma criatura inferior interferir em nossa conversa – o garoto falava com uma autoridade de como se realmente fosse alguém superior e importante e Irish sentiu-se humilhado por isso – eu sou Levy Carrier - o garoto se apresenta e estende a mão para os garotos, Lucas e Sam se entreolham e o ignora por completo.

-Se ele é inferior nós também somos e não tocamos em mãos de pessoas superiores muito menos queremos papo com esse tipo de gente – Lucas foi direto ao cortar o garoto causando um constrangimento de imediato em Carrier que usava roupas caras, tinha um tipo de cabelo bem curto quase que raspado, lembrava um tipo de corte militar e era umas cinco polegadas maior que Lucas.

-O quê? Vocês vão se arrepender de terem me esnobado, vocês verão, não sabe de quem eu sou filho?

-Você ouviu alguma coisa mano? – dessa vez quem continuava ignorando era Samuel

-Não ouvi nada, e você Irish?

Antes que Irish fosse responder, Levy estava tão furioso que começou a invocar uma mágica que aprendera com seu pai, um feitiço básico de ataque.

-Stupefacio Intell...

Um homem atlético e elegante assistia a confusão ao longe, ele estava conversando com um professor pequeno, não tão pequeno quanto um meio-homem, deveria ter aproximadamente um metro e vinte centímetros, de ombros largos e braços grandes, exibia uma enorme barba loira com três tranças e uma cadeia de anéis a enfeitando, em sua careca havia runas azuis em forma de tatoo.

-LEVY CARRIER! O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO! – interrompe uma voz autoritária, o homem atlético parecia uma versão maior de Levy e com bem mais músculos é claro. Caios Carrier é o pai de Levy, um mago de primeira categoria que faz parte da corte do rei, é conhecido por seus tratados sobre magias de guerra e autor de inúmeros feitiços e mágicas de combate. Estava vestindo um sobretudo preto elegante, seus sapatos sociais de couro preto estavam tão polidos que brilhavam.

-NÃO SE ATREVA!. VENHA AQUI AGORA! – ordenava Caios.

Furioso e sem emitir nenhum som, Levy fala para Lucas “Eu te pego” antes de voltar para onde seu pai se encontrava. O trio observou a tapa na cara que Levy levou ao chegar perto de seu pai, fora os carões sobre que ali era proibido soltar magias e feitiços em alunos. Logo Levy foi arrastado pelo braço para fora da sala comunal. O escândalo seguido da tapa fez com que Lucas e Samuel ficassem com peso na consciência pelo que fizeram, até Irish achou que aquela atitude foi extremamente exagerada e também sentiu pena de Levy. A verdade é que eles não sabiam que ele iria soltar um feitiço contra Lucas e o quão potente era esse feitiço, talvez se soubessem não teria tido tanta pena assim.

Logo após o ocorrido Allan chega com uma pilha de livros e distribui entre os garotos e Irish.

-Perdi alguma coisa? – comenta o Justicar

-Nada que vale a pena comentar – diz Lucas

-Vamos nos apressar para não deixar a Madame Reine esperando.

Allan os leva por um corredor com arcos, dava em um pátio onde tinha esculpido em pedra azul cintilante uma serpente marinha no centro de um chafariz, de sua boca escancarada saia constantemente água que abastecia a fonte, depois de seguir no corredor a esquerda, não demorou, logo estavam de volta à sala inicial, onde tinha as tochas das chamas eternas que continuavam dançando conforme as rajadas de ventos. Lucas deve ter olhado umas cinco vezes pra trás, era impressionante o castelo de Mystara, mas o que chamava mais atenção do garoto eram as quatro colossais esculturas na montanha, ele as olhava com admiração. Do queixo ao cabelo as esculturas deveriam ter uns trinta metros. Do monte Arnast (onde o castelo de Mystara ficava) até a muralha exterior, onde Madame Reine havia se separado dos garotos, tinha um quilômetro e meio, nesse espaço até os muros existiam casas, lojas que vendiam artigos mágicos, ferraria mágica, postos de medicina mágica, laboratórios alquímicos, centro mágico de arquitetura e construções, todos eles serviam de estágio para os alunos que tiveram um bom empenho e notas suficientes para poder fazer os testes de monitoria, passando no teste, os alunos aprovados, são escolhidos pelo dono das lojas em um processo de analise do curriculum enviado pelo mestre tutelar. Essas são apenas algumas das possíveis áreas que um mágico ou feiticeiro poderiam atuar. No caminho tinha pessoas indo e vindo de seus afazeres diários, a maioria eram alunos, alguns atrasados outros não.

Ao andar cerca de um quilometro as lojas e casas iam ficando para trás, um extenso gramado florido ao pé da muralha externa dava trabalho semanalmente a uma dúzia de jardineiros que aparavam aquele gramado enorme, muito desses jardineiros eram alunos novatos que estavam ali para cumprir alguma detenção por danação ou comportamento inadequado, como abusar de feitiços ou mágicas.

-Bom dia Professor Allan. – disse um dos jovens que estava todo paramentado com equipamentos de jardinagem, luvas grossas, tesoura, botas, uma sacola de húmus estava ao seu lado no chão e usava um avental branco grosso, como os de um ferreiro, cabelos castanhos escuros, com olhos espertos da mesma cor do cabelo, esguio e com um ar de moleque, o outro garoto ficava recolhendo todas as sujeiras e restos em outra sacola, estava com cara de poucos amigos, os lábios cerrados ficavam logo abaixo de suas inúmeras sardinhas, o cabelo era tão escorrido que caia sobre suas sobrancelhas que ambas eram avermelhadas, Alfonso é um ruivo típico.

-Bom dia Eduardo. O que foi que vocês aprontaram dessa vez? – pergunta o Justicar em tom de censura.

-Professor Allan, dessa vez foi tudo culpa do Eduardo, eu havia dito para ele não tentar fazer as magias de círculos mais avançados, mas lá vai ele xeretar na Biblioterium sobre como fazer um homúnculo, dai...

-Eu fiquei sabendo do ocorrido, e pelo que eu soube, Eduardo precisou de um assistente para executar o ritual do homúnculo que não saiu como o esperado e o homúnculo da ambição foi criado e está a solta causando alguns problemas na escola.

-É? Ele ainda não foi pegue? – diz curioso o outro garoto que estava emburrado.

-É parece que ele andou pelas salas de poções causando alguns pequenos danos, mas já instituímos uma pequena missão para qualquer grupo que conseguir pegar o homúnculo em má formação. E onde estava Kilvia quando vocês fizeram o ritual?

-Não contamos para ela que tínhamos a receita do ritual e de que íamos fazê-la – diz Alfonso.

-Hummm, entendo. Por causa disso terei que retirar pontos de curriculum do grupo Grolem de Ferro, dez pontos por não confiar em um membro da equipe.

-Eu disse Ed! Não vamos mexer com o que não sabemos, não vamos fazer esse ritual. Mas lá vem você com aquele papo: Ninguém vai nos descobrir como vão nos descobrir? – reclama Alfonso – Como se não bastasse os cinquenta pontos que Elizabeth nos tirou, agora mais dez pontos. Assim nunca conseguiremos nos formar!

Depois de anotar os pontos perdidos da equipe Grolem de Ferro, Allan prossegue, no caminho observa uma planta avermelhada que de longe parecia estar sorrindo, era uma Rosa Sorridente, ela parecia uma rosa comum sem espinhos no caule, só que olhando de cima parecia que tinha uma boca sorridente e seus espinhos formavam os dentes pontiagudos no centro das pétalas.

-Estão vendo? – mostra Allan – Essa é uma rosa sorridente, tomem cuidado com essas rosas – avisa arrancando-a com cuidado do chão – Ela tem toxina suficiente para deixar um adulto rindo por duas horas, basta uma simples furada de dedo nos seus afiados espinhos. – O Justicar pega em seu casaco um frasco, com cuidado coloca a rosa dentro do recipiente.

Os garotos carregaram o peso extra dos livros e estavam cansados demais para fazer qualquer pergunta quando chegaram ao local marcado, e para piorar Madame Reine estava atrasada o que não era comum.

-E agora onde está Madame Reine? Ela não costuma se atrasar – comenta Allan.

-Irish não saber. Madame pode estar procurando ingredientes para fazer uma comida deliciosa para o jantar. Hummmmm, Irish já ficar com água na boca.

Samuel puxa discretamente a blusa de seu irmão alertando-o para o homem de toga que acompanhava um jovem e os pais, eles estavam indo em direção ao portão principal de Arcania, o professor em questão era Cizass, o homem sinistro que estava na Taverna do Bardo, ali ele não parecia menos assustador do que naquele dia. Lucas e Samuel tentam se esconder do olhar curioso e aguçado do professor estranho.

-Você acha que ele nos viu? – comenta Sam cobrindo seu rosto com os livros.

Lucas responde por de trás dos livros com um meneio de sua cabeça com medo que o homem sinistro pudesse ouvi-lo, tudo em vão, já que Cizass largou os pais e a criança que o acompanhavam e vinha na direção dos dois.

-Bom dia messstre Jussssticar Allan

-Bom dia Professor Cizasss

-Essstou anssssioso para ssssaber o resultado do crissstal a resssspeito de Lucas – a menção do nome de Lucas fez os garotos ficarem com mais medo, Lucas se perguntava se o homem sinistro os havia visto antes?

-Bom dia Lucassss e Ssssamuel – diz diretamente para as duas pilhas de livros empilhadas na frente do rosto dos dois garotos.

-Meninos esse é o professor Cizas.

-Nóssss já nos conheccccemossss, masss não tive a oportunidade de me apressssentar, apesssar de sssaber quem vocêsss sssão. Me desssculpem ssse osss assssustei naquele dia, não foi a minha intenssção – mesmo Cizass sendo um professor ele continuava sendo assustador, suas pupilas fendadas e olhos amarelados eram terrivelmente incomodador, sua fala era pausada e esquisita, sua pele era de um pálido estranho, como se ele tivesse escamas, de vez enquando sua língua bifurcada de cobra saia de sua boca para sentir o gosto dos cheiros a sua volta – Então o que tem a me disszer sssobre o tessste de Lucasss?

-Ele está apto, Arcania o aceitou para fazer os testes de admissão.

Por entre os livros Lucas espiava a conversa dos dois professores, aconteceu em uma fração de segundos. O olhar fendado do professor ultrapassou os livros e se fixou no olhar de Lucas, seguido de uma leve dor de cabeça e uma ardência em suas costas logo abaixo do pescoço.

-Aa-ii – Lucas solta os livros e levas as duas mãos ao local onde estava ardendo

-O que está acontecendo? – perguntou Allan

Lucas não conseguia responder, logo todo seu corpo estava emanando um calor intenso, o garoto não sabia o que estava acontecendo com ele e logo tudo ficou escuro.

A escuridão deu vasão a um pesadelo estranho, onde sua mãe lutava bravamente contra um homem com um manto negro, sua pele era tão pálida que não parecia humano, Sylvia tentava de todas as formas combate-lo, usava magias avançadas e a lembrança que ficou foi só o ultimo feitiço que o inimigo usou, uma luz escarlate ultrapassou as defesas do antigo oraculo e logo uma mão esquelética sai do manto e segura o rosto de Sylvia, e ai mudou para Levy gargalhando por descobrir que Lucas na verdade era um adormecido. Levy se transforma em varias cobras que persegue Lucas durante a noite e quando fica encurralado as cobras tomam a forma de Cizas. Então Lucas acorda, antes de ver o que iria vir depois, ele nem se lembrava do sonho quando acordou no Curandaris ao lado de Karavajal e Allan conversando sobre uma marca que havia sido selada.

RBDiogo
Enviado por RBDiogo em 15/02/2013
Código do texto: T4140772
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