Além do Fim do Mundo - Capítulo 2 - Divina providência
Criei essa história, ainda não completa, há alguns anos atrás, encontrei no meu computador e vou compartilhar com vocês. Tomei como base o universo do filme "Piratas do Caribe".
No filme Piratas do Caribe 3 : O Fim do Mundo, a personagem chamada "Tia Dalva" que na verdade é a Deusa do mar "Calipso" pergunta a tripulação de Jack Sparrow se eles navegariam até o fim do mundo e além para reaver a vida de seu capitão, então me veio a pergunta, o que tem além do fim do mundo?
A minha história decorre no século XVII (1600 - 1699), e transcorre a redor de todo o mundo.
--------------------------------------------------------------------
Capítulo 2: Divina Providência.
Ewan, o pirata do olho vermelho, é jogado dentro de uma sala, recebe uma pequena escova e um balde d’água, sua perigosa missão é limpar as barras da cela durante sua viagem, isso tudo sobre vigilância constante dos melhores homens de Eduardo, o capitão caveira invertida. Enquanto isso, Eduardo e Thomas, seu imediato e navegador, agora sozinhos na cabine principal do navio conversam sobre o acontecido.
- Vai mesmo ceder-lhe esse desejo? - Perguntou Thomas curioso. - Ele te deu uma informação muito valiosa, mas anos antes foi um pequeno ladrão que lhe deu muita dor de cabeça e desafiou sua ascensão.
- Oh, Thomaz, você conhece esses dois irmãos melhor do que eu, sabe que são Homens de força e determinação sem igual, tudo o que eles fazem e vem fazendo só prova a força, além disso tem essa relação... - Eduardo estranhou enquanto elogiava o seu prisioneiro, continuou. - Vou fazer esse favor para ele, tenho muito respeito pelo seu antigo capitão, enquanto eles eram aprendizes no barco do Moretti, capitão do Último Suspiro.
Anos antes, quando Ewan e seu irmão decidiram se tornar piratas, a primeira embarcação vitima de suas peripécias foi justamente a comandada pelo capitão Eduardo. Esse capitão em questão, desde pequeno trabalhou como marinheiro aprendeu a lutar, navegar, nadar, sobreviver. Em uma missão, uma investida contra um navio pirata resultou em derrota de todos no barco em que trabalhava, havia apenas 2 opções, servir os piratas ou morrer, Eduardo optou por viver, sábia escolha, desde então, aprendeu a falar inglês e as regras da pirataria. Na marinha espanhola, sua nação legal, apanhava e era humilhado por não cumprir determinada tarefa, como pirata, percebeu que tinha mais direitos, condições de trabalho e recompensas melhores.
Infelizmente, ou felizmente sua vida como pirata subordinado não teve grandes vitórias, seu bando era normalmente derrotados em qualquer investida, isso fez Eduardo mudar de tripulação algumas vezes, visto que toda população do navio eram mortos ou feridos seriamente, devido a grande força de vontade do capitão da caveira invertida, os inimigos decidiam por convertê-lo para sua tripulação. Por volta dos seus 22 anos de idade, Eduardo era, depois de muitas idas e vindas, o imediato em um pequeno navio pirata comandada por um capitão que não tinha uma postura firme diante de certos cenários, principalmente os mais importantes para a tripulação, no dia em que completaria os 22 anos de idade Eduardo avistou um gigantesco galeão a frente, ele verificou as condições climáticas e os armamentos, tudo perfeito, os piratas estavam no mar por um grande tempo sem nenhuma recompensa, qualquer chance de pilharem seria agarrada com toda força pelos marinheiros. Imediatamente Eduardo contatou o atual capitão, estavam navegando em uma pequena embarcação, uma chalupa, usaram desse tamanho para emparelhar com o grande galeão sem supostamente oferecer perigo, os marujos se esconderam por dentro da cabine do arsenal, O capitão e Eduardo ficaram para fora, hastearam a bandeira Francesa que um dos piratas tinha guardada da última batalha que tivera, pois o galeão era uma embarcação francesa. Assim que os tripulantes do galeão decidiram não levá-los como ameaça Eduardo foi até o convés para falar com os marujos.
- Homens, estamos diante de uma embarcação francesa, todos sabemos que os franceses são a escória do mar, são medrosos, depende das armas de fogo, são fracos e pior, não sabem lutar. Eu vi com meus olhos que o mar ainda há de afogar, os tripulantes estão cansados, sem ânimo e totalmente desmotivados, não precisamos matar todos, podemos rendê-los e converte-los para que o galeão seja conduzido a Port Royal, vamos ter a tripulação mais odiosa de todos os sete mares, e que sejamos os mais ricos piratas do mundo. Quem vai tomar o galeão? - Discursa Eduardo tomando o lugar do capitão que estava no castelo de popa para continuar com as aparências.
Os marujos erguem as espadas, cutelos, pistolas e o que quer tinham na mão sem fazer barulhos desnecessários. Nesse jogo de estratégia a corriola conseguiu tomar o galeão que tinha uma arca de ouro e muitos sacos de açúcar. Foram convertidos muitos marujos. A felicidade do atual capitão era imensa, Eduardo por sua vez, sentia que não era isso o que ele esperava, não era esse sentimento que ele queria, decidiu então, por pedir ao capitão a pequena embarcação para se tornar o capitão Eduardo, sua astúcia e sua força foi sempre seu orgulho, achou que seria o melhor capitão que já conheceu, embora tivesse certeza que haveria muita gente no mar.
Agora como capitão Eduardo, velejava na chalupa que recebeu como pagamento pelos bons serviços ao seu antigo superior, o espanhol não teve tempo nem de trocar a bandeira antiga pela sua própria marca, uma presa apareceu e foi devorada pelos homens de Eduardo, os piratas travaram uma batalha que procuravam a dominação da embarcação e não a matança propriamente dita, essa estratégia difere dos piratas convencionais o que funcionou como um elemento surpresa. Após a dominação da embarcação, os piratas festejaram por dois dias seguidos e sedentos por mais festas decidiram procurar por terra firme, havia duas opções, uma minúscula ilha logo a frente e uma cidade após algumas horas de viagem, discutiram as opções e resolveram ir para a cidade afim de gastar todas as provisões e adquirir mais com os lucros da primeira pilhagem. Ao navegar em frente a minúscula ilha, Eduardo percebe uma criança dentro de uma canoa, o pequeno ao percebê-los, estende uma bandeira pirata e vai remando com dificuldade até a chalupa. Chegando ao lado da embarcação 50 vezes maior, a criança começa a subir, todos os marujos foram ver a escalada e ficaram abismados por ver ele sozinho naquela ilha, assim que subiu.
- Parlamento, eu invoco o direito pirata de falar com o capitão da embarcação. – A criança dirigiu-se diretamente a Eduardo como se soubesse de quem se tratava.
- Quem é você jovem pirata? Qual seu nome e o que faz aqui sozinho? – Perguntou Eduardo que estampava um sorriso amigável no rosto, queria ajudar os companheiros de profissão.
- Capitão dessa grande embarcação. – Começou o pequeno olhando para baixo. - Meu nome é Harry, estava essa ilha com meu capitão, nossa tripulação foi derrotada, sobrando apenas nós dois. Mesmo com tantas mortes nós não desistimos do objetivo de sermos homens livres, homens de ideais fortes e para honrar nosso pensamento, Ewan, o capitão da tripulação, foi sozinho fazer um saque a costa da cidade aqui próxima, mas faz três longos dias que ele não volta, preciso ir atrás dele. – Voltou a olhar nos olhos de Eduardo. – Minha intenção é ir com minha canoa amarrada em seu poderoso barco até próximo da cidade, será que o senhor poderia fazer esse favor por meus amigos que morreram em batalha?
Eduardo, inexperiente, não viu mal nenhum em acatar um desejo de um pequeno cão do mar, assim foi feito, a canoa foi amarrado a chalupa, mas Eduardo aproveitou de Harry, o pequeno, para fazer alguns trabalhos de limpeza atrasado no barco, assim manteria o pivete sobre controle e aos olhos de seus homens.
Na primeira oportunidade, Harry foi até a canoa e deu sinal para outra criança que estava escondida, Ewan subiu no barco com a intenção de furtar enquanto Harry trabalhava e iludia os piratas. Assim que Ewan pisou no navio um dos tripulantes da chalupa abordou-o.
- Então aí está você pequeno fujão? Não vai fazer o seu trabalho? Quer viajar de graça? – O marujo foi puxando Ewan para o trabalho. A fisionomia das duas crianças era muito parecida, Harry, então, recebeu a missão de Ewan.
Um dos marujos percebeu que o pequeno trabalhador não havia cansado e nem reclamava do trabalho e achou uma boa idéia contratá-lo para a tripulação, foi conversar com Eduardo que percebeu o erro, por que não reclamou ou se cansou? Eduardo foi correndo para fora da cabine de capitão e chegando a proa viu a canoa se afastando para o imenso oceano. “Merda, quem são esses piratas?” Pensou.
- Pegue o canhão. – Gritou Eduardo furioso. Um dos homens trouxe um canhão armado, O caveira invertida sempre teve uma mira excelente, mas a divina providência fez com que Ewan e Harry escapassem ileso dos três disparos efetuados.
“Como que uma grande ascensão pode sofrer tamanha queda?” - Pensou enquanto via que suas ações não mudava a situação, a humilhação e a dor do choque de ser enganado por crianças. A mesma providência que lhe proporcionou uma vida de capitão, agora voltou para proteger a vida de dois indivíduos navegando em um pequeno bote em meio ao imenso oceano.
– Senhor – Disse um dos marujos de Eduardo que chegava por entre os piratas que gritavam e atiravam. – Capitão, eles roubaram algumas provisões, dois sacos de açúcar e um pouco do ouro que conseguimos na última batalha, mas não tudo.
Eduardo volta a olhar para o mar enquanto os dois escapam “Vocês ainda me pagam” pensou.
Ewan agora em uma cela está limpando as grades sob vigilância atenta de um carcereiro, esse está tomando uma caneca de rum e tem uma garrafa ao seu lado.
- Ei parceiro. – Disse Ewan – Você pode me dar um pouco desse rum? – Apontando para a garrafa. O carcereiro se levantou, pegou a garrafa, encheu sua caneca e entregou a para o prisioneiro ficando com a sobra do recipiente. Percebendo que não haveria conversa, Ewan continuou – O que é aquela cicatriz enorme na cara de Thomaz? Anos atrás quando o conhecemos ele estava vivendo em uma mansão e sua face estava em perfeita ordem.
O carcereiro sorriu, sentou na cadeira e começou a falar.
- Tem certeza que nunca ouviu a história de Thomaz e Eduardo? – Ewan acenou com a cabeça dizendo que “não”, percebeu também que acertou no alvo quando puxou esse assunto, a empolgação do marujo foi notada de imediato. – Depois de um bom tempo desde sua primeira visita ao nosso capitão, nós capturamos uma embarcação inglesa, assim que dominamos os tripulantes percebemos que eram pessoas riquíssimas, decidimos então por exigir um resgate, infelizmente, nenhum dos prisioneiros queria colaborar, davam muito trabalho já que não podíamos matá-los e perder o dinheiro do resgate, eles tinham esse pensamento até que Eduardo atirou a queima roupa em um figurão desse bando, assustados, todos começaram a colaborar, um deles era Thomaz, nervoso com a atitude do capitão, encheu-se de coragem e desafiou Eduardo para um combate de espadas, o prisioneiro disse que apostaria sua vida, escravidão eterna se perdesse, mas se ganhasse, nós deveríamos levá-los são e salvo para sua terra natal, o famoso caveira invertida aceitou de imediato. – O marujo agora se levanta e começa a fazer gestos enquanto conta a história, devido sua empolgação. – A luta foi marcada para o meio dia e assim foi feita, demonstrando tamanha habilidade de esgrima, Thomaz dominou completamente o capitão e derrotou-o de forma espantosa. Eu me lembro que fiquei atordoado com a situação, o mesmo para a tripulação, sempre pensamos que Eduardo era um mestre em esgrima, mas foi completamente esmagado. Depois da vergonha, levamos os prisioneiros ao local que residem na Inglaterra, era uma cidade próspera e cheia de riquezas, nosso capitão observou bem a cidade e assim que os figurões desceram Eduardo deu a ordem de saquear a cidade, o primeiro a ser derrubado por três de nós foi justamente Thomaz que dizia coisas como “Isso não fazia parte do acordo” ou “Você vai se arrepender”, ficamos na cidade por três dias, roubamos, matamos, estupramos. Eu me lembro daquela cidade nos meus sonhos até hoje. Antes de irmos embora, Eduardo libertou Thomaz e disse “Como combinado estou te libertando em sua terra natal, viva bem rapaz. “Os olhos de raiva de Thomaz fizeram o capitão se interessar pela força de vontade dele e propôs o seguinte” Garoto, tudo isso que aconteceu aqui foi culpa sua, quer tentar concertar isso? Eu te desafio para um duelo de espadas, se você ganhar devolvo tudo que roubamos e vamos embora pra nunca mais voltar, se perder, escravidão eterna no meu navio. O que me diz?” Thomaz aceitou sem pensar, do mesmo modo que o capitão fez no primeiro duelo. É difícil imaginar, mas tudo que Eduardo fez foi um plano para saquear, só percebemos isso quando o capitão dominou Thomaz na esgrima facilmente, mesmo com a luta já ganha, o vencedor desferiu um golpe contra o rosto do novo tripulante, formando a cicatriz que você me perguntou. – Agora o marujo senta no banco, quando Ewan iria falar algo o marujo continua – E você me pergunta se ficou tudo bem entre os dois? Claro que não, Thomaz tinha seus princípios e se negava a realizar algumas tarefas que o capitão impunha pouco a pouco a moral de Eduardo com os marujos foi caindo, o instruído Thomaz dava aulas de esgrima, navegação, leitura, escrita e outras coisas para os marinheiros e pouco a pouco sua moral ia subindo, astuto, o capitão caveira invertida não podia deixar aquilo acontecer sem tomar providências e se prevenir de um motim. No outro dia, Eduardo nomeou Thomaz como seu imediato e disse “Se não concordar com minhas decisões você estará bem atrás de mim para me apunhalar.” – O marujo fica olhando para Ewan com um sorriso estampado no rosto, o Olho Vermelho chega a abrir a boca e o marujo continua. – E você me pergunta se ele não tentou? É claro que tentou, os reflexos do capitão eram testados a todo o momento, deve ser testado até hoje já que estamos assim desde então. Fascinante história não?
- Realmente fascinante, muito esclarecedora, e pensar que o rico fazendeiro Thomaz sabe lutar, uma vez ele salvou a pele do meu irmão sabia? Ah meu bom homem, você falou tanto que eu quase me esqueci de perguntar, quando que o Eduardo adquiriu essa alcunha de caveira invertida?
- Ah, a alcunha? – O marujo fica pensativo. – Foi pouco tempo depois da sua travessura conosco, esse nome foi escolhido por ele mesmo, significa que ninguém está a salvo mais no mar no que compete ao nosso capitão, não importa se for marinha, pirata, comerciante. Assim que ele passou a ser conhecido, com essa imagem forte.
- Entendi. Chegamos ao destino, tira-me daqui. – Disse Ewan que se levantava do chão.
- Que? Quem disse para você que chegamos? Você é idiota?
Um novo tripulante entra na sala.
- Ei, tire o prisioneiro da cela, já avistamos Tortuga. – O carcereiro fica atordoado. – Anda logo, não tenho o dia todo não.
Assim que sai da sala para a proa, Ewan vislumbra Tortuga, consegue ouvir e sentir a alegria do local mesmo alguns quilômetros de distância. A noite cria um enorme destaque nas luzes dos estabelecimentos da cidade. ”Vamos mais rápido” pensou Ewan.