Amor de gato III
Allan jogado no sofá tentava criar coragem para lidar com a maldição das louças. Estava quase levantando quando Thomas chegou com um volume imenso nos braços. Quando viu que era um cachorro deu um pulo do sofá esclamando:
- Que diabos é isso Thomas? - Ele não podia trazer um cachorro para casa, podia?
- É um cachorro Allan, não é óbvio? - Thomas disse chutando a porta e subindo as escadas. Allan o seguiu de perto.
- Sim, eu sei que é um cachorro - As vezes Allan queria bater a cabeça de Thomas contra a parede. - mas onde você achou esse bicho e por que raios logo você trouxe um cachorro para casa? Não era você quem dizia que não podia-mos ter cachorros? - entraram no banheiro com aquela bola de pêlos e lama - Peraí, você vai dar banho nele?
- Lógico, não vou ficar com um cachorro molhado e imundo. Vai me ajudar ou vai ficar tagarelando como acabei de queimar minha língua?
Allan olhou em volta pensando se era melhor matar Thomas afogado ou a pancadas, mas desistiu e saiu do banheiro. Buscou uma Toalha velha que ninguém mais usava e sabonete líquido. Voltou para o banheiro e se ajoelhou ao lado de Thomas. O cachorro ja estava começando a parecer um cachorro e ele pode ver suas feiçoes.
- Caramba, é o cachorro mais bonito que ja vi. Que raça será?
- Me perguntei a mesma coisa quando o vi. É uma fêmea. - Ele disse lavando o cachorro e riu sozinho.
Allan viu aquele sorriso e pensou que o cachorro faria bem aquela criatura desanimada com a vida.
- Allan, escorre um pouco da água que eu vou liberar a bancada para secarmos ela com o secador de cabelos da Brenda.
- A Brenda largou isso aqui? - Allan disse rindo. A namorada do Thomas era uma patricinha qualquer que se aproveitava de um pobre rapaz na seca. - Como ela está sobrevivendo em casa?
Thomas respondeu algo sobre ela ter dois e Allan pensou como uma garota perdia tanto tempo com essas coisas. Voltou de seus pensamentos com o som de um rosnado profundo, Thomas havia tentado tirar a coleira do cachorro e ela avisou que ali era restrito.
- Nossa, você é muito cuidadoso Thomas. Vai mesmo querer ficar com ela? - Allan notou a grossa coleira com corrente visivelmente pesada no pescoço do animal.
Thomas não pareceu muito animado em ficar ela, então Allan analisou a coleira. Um nome estava gravado com um número de série escrito "SP001 WORU"
- Achou alguma coisa? - Thomas puxou Allan de volta para a terra de uma forma que nao pusesse responder solto.
- Nada para indicar o dono, mas acho que achei o nome dela.
- O nome?
- Sim, está escrito em uma chapa interna. Olha aqui, não sei o que significa SP001, mas acho que WORU é o nome dela.
Allan entendeu que o cachorro era Único e tentou convencer Thomas a ficar com ele, mas aquele cabeça dura não era nem um pouco facil de lidar. Achou melhor deixar para Woru fazer seu trabalho como cachorro e atingir o coração do rapaz. Subiu se imaginando atraindo garotas com o cachorro. Com certeza seria interessante.
Oito dias se passaram desde a Chegada de woru, Allan voltava para casa pensando em como foi bom o cachorro para seu amigo. Thomas parecia mais calmo e olhava a cadela com simpatia, para não arriscar chamar de carinho. Será que podia ter um gato? Não, Thomas não suportaria dois animais. chegou na frente da casa e viu que o muro do vizinho estava com uma consideravel rachadura. Não que isso fosse algo que mudasse sua vida, mas era estranho. Entrou na casa e Thomas estava na sala
- Thomas você viu que.... - então olhou bem, um gato inteiramente preto estava nos braços de thomas - Um gato? Nossa, você virou amante dos animais tão repentinamente. O que aconteceu? Achou esse na rua também?
- Não, esse entrou pelo vitrô da cozinha, que você esqueceu aberto, por sinal. É um belo gato, não acha?
- É gata.
- Como sabe?
- Pela estrutura delgada. Os gatos são mais encorpados. Eu adoro gatos. Eu tinha alguns em casa, por isso aprendi a diferenciar os machos das fêmeas pelo porte físico. - Allan sorriu.
- Allan...
- Fala, Tom.
- Acho injusto que eu tenha um cachorro e você não possa ter o seu. Tome, fique com a gata.
- É sério isso? - os olhos de Allan brilharam imensamente.
- Ela fica o quanto a Woru ficar. Quando acharmos o dono da Woru, vamos levar a gata pra um abrigo. Está bem?
- Claro! - Allan tomou a gata das mãos de Thomas e a girou. - Ela é linda, cara. - a gata ronronava no colo dele, como se tudo aquilo fosse maravilhoso pra ela - Hoje mesmo vou sair pra comprar tigelinhas e ração, pra ela.- Ele analisou a gata, era de um preto muito intenso e sedoso, com exessão de uma pequena mancha branca em formato de coração que ela tinha no peito. seus olhos brilhavam azuis com a pequena fenda felina de pupila. - Como é linda! Lala... Vou chamá-la assim. O que acha?
- Ah, tanto faz... Agora que você assumiu a tutela dela. Pode começar limpando o barro que ela espalhou pela casa... - Thomas entregou uma vassoura a Allan.
- Porra Thomas! você é um cretino mesmo... - Allan disse perplexo com a falta de amor de Thomas.
- Estou falando sério. Eu sempre limpo os tufos de pelo da Woru. Limpe o barro.
Allan colocou a Lala no chão e pegou a vassoura. Ela correu para Woru e se deitou entre as patas do grande animal de barriga pra cima. Allan olhou as duas de lado sorrindo enquanto elas pegavam no sono, havia ganhado um gato e isso era ótimo. começou a limpar a bagunça de sua nova inquilina estranhamente feliz por isso Quando terminou subiu as escadas dando uma ultima olhada nas duas. Entrou no quarto e quando tirou a camisa relaxando ouviu um arranhar na porta do quarto. Sorriu reconhecendo o barulho e abriu um pouco a porta. Lala entrou devagar, passou pelas pernas do rapaz ronronando e deu uma voltinha no quarto. Encontrou seu lugar de dormir na propria cama de Allan e deitou la com a cabeça apoiada no travesseiro.
- Não está muito folgada? - Allan disse sentando na cama acariciando as orelhas da pequena. - Mas é uma linda folgada. - Disse ao ver ela fechar levemente os olhos azuis com o carinho.
Entrou no banheiro e tomou banho pensando em como ia ser bom ter aquele gato em casa, linda e carinhosa. saiu do banheiro e se deparou com algo estranho. A gata estava... Ela não estava lendo, mas estava deitada na cama olhando um livro aberto com as patinhas em cima dele.
- Vendo as figuras de arquitetura? - Allan perguntou a ela que miou em resposta e ele riu de leve começando a se vestir. A gata passou de página com dificuldade, mas continuou ali admirando as figuras. - Vamos ao veterinário? - O rapaz segurou a gata no colo que miou inconformada, mas não esboçou nenhuma reação além das orelhas voltadas para trás e um olhar irritado.
Allan decidiu que era melhor deixar Lala em casa. Ela era um gato, se a assustasse de primeira a gata poderia fugir. Estava feliz demais por ter ganhado um gato, não ia arriscar perdê-la. Entrou no petshop sorridente e comprou todas as coisas necessárias para um gato. Eram areia, ração, vasilhas, vermífugo, um patê para ajudar o gato a tomar a pilula e uma coleira que achou a cara dela. Sorte que as economias dele eram suficientes para manter um animal. Allan vivia com o Thomas, mas esse se sustentava sozinho.
Chegando em casa a gata se mostrou de gênio forte, como típico da sua espécie. Comeu a ração mas quando Allan mostrou a ela uma bolinha de patê com recheio de vermífugo ela apenas deu uma lambida.
- Lala, se você não comer assim eu terei que te dar esse remédio a força. - e então, por mais incrivel que possa parecera Allan, Lala comeu a bolinha de patê de uma vez. - Nossa, será que você é treinada? Role. - Ao ver a expressão de Lala de "role você idiota" ele riu a fazendo carinho na orelha. - Hey, linda, vamos colocar essa coleirinha? - Allan mostrou a coleira e a gata se virou querendo ir embora.
O rapaz a pegou no colo, mas quando foi colocar a coleira na gata ela se debateu um pouco e logo voltou para o chão. Allan sentou na cama colocando a coleira dentro da gaveta
- Ok, sem coleira. Desarmado eu tenho direito a ficar com você? - Lala subiu na cama como se nada tivesse acontecido pedindo carinho passando a cabeça na mão do rapaz.
Puxando a coberta e se deitando, Allan sorriu com a reação de um gato que se aconchega no peito do dono. Lala era um gato mas parecia diferente. Tinha hábitos incomuns para a espécie.
Depois Lala chegou Woru pareceu bem mais alegre, até saiu mais daquele tapete mofado da lareira que ninguem lavava, sem contar que elas estavam sempre juntas. Dormiam juntas de tarde e passavam o dia sozinhas sem nunca brigar. Para um cão e um gato isso era bem estranho. Allan analisava-as e pensava que talvez elas tivessem vindo do mesmo lugar. De qualquer forma perguntar ao gato não ia resolver nada, tudo ia ficar em pensamentos. Todos os dias Lala admirava as figuras do mesmo livro e passava as paginas. O mais impressionante é que ela sempre continuava de onde parou como se estivesse o Lendo.
Allan evitava pensar como todos os donos pensam "Ela é a gata mais inteligente do mundo e a mais linda também." mas o que ele podia fazer? ela realmente era. Todas as noites Allan tirava o livro da gata as vezes ouvindo um miado de reprovação, mas quando apagava a luz e ela se aninhava no peito de seu dono sem falta. Ronronar, algumas pequenas lambidas na mão eram sentidos rotineiramente pelo rapaz e ele retribuia com carinho até cair no sono.
Um gato de estimação, boas notas, avançando com Vitória. Parecia que tudo ia continuar assim para sempre. Mal sabia o pobre rapaz.