Pipa Vadia
O sol no meio dessa imensidão azul, a ausência de nuvens, uma pipa; ligação de um pivete à imensidão azul. Uma linha, um menino, um sonho, sonho de estar no lugar da pipa e esquecer que existem horas, horas de parar de brincar, horas de ir pra esquina da avenida esperar o vermelho do semáforo...
No céu não existe semáforo. Dá-se um puxão na linha e magicamente eu vou com ela pra esquerda, levo a pipa pra direita ou pra baixo! Subo sobre ela até perto do sol, vou cortar a linha do sol. “- Êta, solão!”
De repente – zás. “- Um intruso no meu limite!?”
A pipa sobe incontrolável como a ira do menino sentado à beira do caminho, sonhando em ser pipa, conhecer os sete céus e os sete mares.
“- Por onde você anda querida pipa?”
“- Com certeza nas mãos de outro menino que sonha ser a pipa, aquela pipa vadia!!”
Coração apertado, latinha de linha na mão, menino suado, cabeça confusa, desilusão...
Chegou a hora, essas horas, que mundo!
“- Esquina, ai vou eu, contar os meus carros, cobrar dessa gente grande por passar na minha rua...”