Artistas de Vulcano
Há inúmeros mistérios encontrados em nosso planeta que são basicamente ditos como impossíveis de se desvendar. Existem perguntas que devem ser feitas. Deve-se refletir sobre eles. Deve-se deixar a frivolidade de lado diante de fatos que nos elevam a alma. Afinal, o que será dos homens se suas mentes criativas não mais conseguirem criar reflexões, mas apenas verdades universais dignas de pena, por serem vistas como irrefutáveis?
No planeta Terra, existem obras que os seres humanos não podem atribuir aos povos antigos exatamente pela falta de lógica que seria isso. Por exemplo, historiadores encontraram, no início do século XIX, um mapa pintado em pele de gazela onde se viam terras ainda desconhecidas aos seres humanos da época - estudiosos especificam que tal mapa pode ter sido feito há milhões de anos, pelo fato de a Antártica ser representada em sua forma sem a estrutura de gelo. Outro exemplo é que, no deserto de Nazca, no Peru, existem inúmeras figuras geométricas grafadas no chão, na extensão de vários quilômetros, onde, por entre elas, veem-se seres vivos desenhados, todos em tamanho colossal, sem nenhuma explicação; para a criação disso seria preciso, primeiramente, uma visão aérea da área, o que comprovadamente não era acessível a nenhuma civilização antiga. Pode-se destacar também a colocação das imensas pedras de Stonehenge, na Inglaterra; não seria possível homens carregarem pedras tão gigantes para ajustá-las de tal maneira. Pode-se tomar como exemplo também os Moais, estátuas de cabeças de gigantes expostas na Ilha de Páscoa, no Chile; estima-se que tenham sido criados por volta de 1200 d.C., o que é uma criação inteiramente suspeita para a época. Como último exemplo, nota-se que, no México, Bolívia, Egito e em outros países, existem grandes estruturas montadas apenas com pedras do tamanho de vagões de trem, o que seria igualmente impossível para que fosse feito por homens que não faziam uso algum de tecnologia.
Mas tudo possui uma explicação plausível.
Em um lugar um tanto distante daqui, bastante próximo ao Sol, existe um planeta chamado Vulcano. Estudiosos chegaram a afirmar Vulcano como um planeta hipotético, pois houve um dia quem acreditasse em sua existência, que tempo depois foi, erroneamente, desmentida. Mal sabem os mortais que naquele planeta contém respostas para muitos enigmas da humanidade.
Zeus teve, em certo momento da história do mundo, com sua irmã Hera, um filho chamado Hefesto. Os romanos chamavam-no Vulcano, mas se deve deixar claro que, apesar dos nomes diferentes, são o mesmo deus. Hefesto, certa vez, ainda criança, intrometeu-se numa briga entre seus pais. Conta-se que, como castigo, Zeus chutou-o para fora do Olimpo. Sua queda durou um dia inteiro e a consequência foi sua deformação, pois, depois do episódio, tornou-se coxo. Apesar de tudo, conseguiu retornar ao Olimpo com a ajuda de seu irmão Dionísio, o deus do vinho, tornando-se o primeiro deus a retornar ao Olimpo depois de expulso.
Hefesto foi o responsável pela arquitetura de grandes obras como o Palácio de Hélio, o Sol; assim como a carruagem usada por Hélio para atravessar a Terra todos os dias e chegar ao Oceano, levando seu calor e luminosidade. Ou seja, Hefesto é o deus artista. Suas especialidades vão de arquitetura a ourivesaria. Entre suas mais famosas obras estão também os raios de Zeus, o arco e flecha de Eros, a armadura de Aquiles, o elmo de Hermes e outros artefatos usados pelos deuses.
Quando voltou ao Olimpo e se estabeleceu dignamente como um deus, Hefesto resolveu povoar um planeta que existia próximo ao Sol - visto que ele lidava com vulcões, o fato foi primordial para que ele escolhesse tal planeta. Chamou-o Vulcano e escolheu, na Terra, um casal para povoá-lo. O casal deveria ter dons artísticos: o homem e a mulher deveriam ter nascido com um discernimento poético nas almas. Como próprio artista e inteiramente perfeccionista, Hefesto demorou muito para encontrar o casal perfeito para sua empreitada. Após grande procura, escolheu e convidou Alexandre e Larissa - ambos gregos e com um tino incrível para as artes - para que povoassem Vulcano, com a sua bênção.
Alexandre e Larissa trabalhavam juntos, numa espécie de academia onde se manipulava argila cozida e pedras preciosas para a fabricação de esculturas. Eram realmente perfeitos artistas. Ambos possuíam enorme reverência aos deuses e foram juntos para povoar Vulcano, transportados pela carruagem que Hélio cedera a Hefesto, ainda muito agradecido por tê-la ganho. O casal ficou inteiramente encantado com a estrutura que esperava por eles no novo planeta. Havia um salão decorado bela e hermeticamente - que para os meros mortais poderia ser definido como infinito. Mesas de bronze quase intermináveis eram vistas nas laterais do salão, com instrumentos para produção artística; uma mesa de granito era vista separada com inúmeras uvas, pães, jarros de vinho e de água; havia também um corredor por onde, ao se observar, via-se uma enorme cama feita de nuvens, onde Alexandre e Larissa poderiam descansar.
O casal tinha tarefas para cumprir no planeta que Hefesto transformara em academia, as quais ele mesmo explicara aos dois antes de levá-los à nova morada. A primeira tarefa era a de se reproduzirem para formar novos artistas que os ajudariam nos projetos a ser elaborados e seriam igualmente abençoados pelo deus; a outra era a de arquitetar obras das mais faraônicas, magníficas, exuberantes e avançadas para que Hefesto pudesse reproduzir na Terra e em outros planetas. O deus deixou claro também que não apenas executaria os projetos que seriam feitos, mas também auxiliaria na criação deles - cumprindo seu ofício de deus artista. Com o passar dos anos, projetos que tomavam metros das mesas de bronze haviam sido criados por Larissa e Alexandre, que logo passaram a ser acompanhados por filhos, que não paravam de chegar. Cada um mais criativo que o outro, comprovando a bênção prometida por Hefesto, que sempre se fazia presente em Vulcano.
A primeira obra produzida pelo casal, com o auxílio de Hefesto, fora um mapa do planeta, para que eles pudessem localizar os projetos futuros - mapa esse que fora perdido por Hefesto, que o levara à Terra para certificar-se da área de um projeto. Assim, logo o casal arquitetara pirâmides gigantescas para o continente Africano; pedras magníficas para a construção de estruturas imensas - e igualmente magníficas - para diversos pontos do mapa e muitas outras obras que surgiram magicamente nas brilhantes e criativas mentes dos seguidores de Hefesto. Portanto, chegara um dia em que eles disseram ao deus que criariam uma das maiores obras já vistas na Terra; eles estudaram, juntamente com seus filhos e com seu mestre, o local onde mais havia minérios e pedras preciosas, o que revelaria a importância da área, e encontraram um deserto hoje chamado de Nazca, no Peru, onde definiram a retirada de partes de montanhas, a criação de imensos desenhos por entre os vales que chamariam a atenção de qualquer ser que fosse capaz de ver. Para outros planetas, criaram crateras com formatos artísticos exuberantes, assim como montanhas de rochas e de areia formando desenhos. Tudo o que criavam era inteiramente fascinante.
O povo do planeta que Hefesto habitara alcançara o objetivo e a satisfação do deus, obviamente. Porém, Hefesto não relatara a nenhum dos humanos - ou Vulcânicos - que viviam no planeta a razão da criação de todos aqueles projetos arquitetônicos e obras impressionantes. Entretanto, em certo dia, no Olimpo, quando conversava com Apolo - deus da arte -, dissera que povoara o planeta tão somente porque gostaria que o Universo inteiro visse que a arte é a mais nobre forma de os seres demonstrarem o que têm na alma, sendo na Terra ou em Vulcano; o que fizera Apolo apoiar ainda mais a popularização do planeta e louvar as artes que Hefesto estava produzindo, abençoando juntamente com ele o povo de Vulcano.
Desde então, o Universo se curva diante do desempenho de artistas que até hoje criam com a grandiosidade de Hefesto - não mais apenas em Vulcano e na Terra, mas em todo planeta que possui vida inteligente - e produzem expressões daquilo que possuem na alma. O que nunca será entendido por seres lógicos e inexpressivos - por isso se mantêm irresolutos os mistérios de cada planeta.