As cronicas de Luz e Trevas, Lucas Benjamim e o Livro Necronomicon (Cap.3-Passando pelos paladinos e Inquisitores)
3.PASSANDO PELOS PALADINOS E INQUISITORES
Não era de seu feitio ficar esperando, já fazia duas horas que estava preso na estação da lua da Terra média, aqui vocês adormecidos chamam de aeroporto, como realmente era o verdadeiro nome, não importava para Allan, ele só queria sair daquele maldito lugar. Sem documentação um Gariano não deve deixar as estruturas do aeroporto, mesmo que esse Gariano fosse um Justicar, mas Allan não teve tempo para conseguir o maldito documento e era por isso que estava preso na sala de um dos Inquisitores, e estava começando a perder a paciência.
“TOC TOC TOC” alguém estava batendo na porta e só pela batida Allan sabia que era algo importante. Agora era a vez do Justicar saber o que estava ocorrendo, por bem ou por mau. Allan toma a cadeira onde o Inquisitor deveria estar.
-Entre! – diz Allan. Antes que o homem de preto o visse ele derruba propositalmente os papeis que estavam em cima da mesa, então afunda seu corpo por de baixo da escrivaninha de forma que quem o visse em pé da porta não saberia quem estava ali catando os papeis.
-Senhor, temos noticias dos agentes J e P – diz o homem prontamente acompanhado por seu parceiro.
Allan fala no meio de um pigarreio para esconder sua voz – Prossiga!
-A criatura em questão é um Leprechau, não sabemos como ele conseguiu passar pelas barreiras, os agentes em campo diz que a criatura usou magica avançada para um simples Lepechau e tinha dois garotos como refém – essa era a informação que Allan queria, o único Leprechau que sabia magicas avançadas seria Irish e os dois deveriam ser os filhos de Sylvia e Cristopher, agora fazia sentido um Inquisitor deixa-lo ali plantado.
-Obrigados senhores, mas o Inquisitor não se encontra no momento. – diz ironicamente Allan ao se levantar com os papéis. Os dois homens ficam perplexos – É eu também estou procurando o Inquisitor, mas já faz um tempão que ele me deixou aqui plantado e disse que tinha que resolver uns assuntos importantes. Então acho que vocês dois servem.
Os dois agentes estavam totalmente atordoados com a confusão que Allan causou.
-Servimos?
-Sim! Quero que vocês me arrumem uma permissão para permanecer na Terra Média, juntamente com autoridade de executar mágicas antes que o Inquisitor volte.
-Sinto muito mais isso é contra nossos protocolos... – gaguejam um dos homens de preto
-É eu sei, mas passar informação confidencial também o é. E se não me engano tem uma criatura de meu mundo perambulando pelo o seu que tem dois garotos como refém. Acho que vocês têm assuntos mais importantes do que ficar criando caso com um mestre Justicar – Allan pegou os paladinos de surpresa, era obvio que não era o costume do mestre Justicar, mas como o ditado dizia em nosso mundo: a situação faz a ocasião. Os dois homens cooperaram.
Pelos cálculos de Allan Irish, Lucas e Samuel estariam chegando ao aeroporto em alguns minutos, inúmeros adormecidos iam e vinham de vários cantos sem nem ao menos suspeitar o que estava ocorrendo, o justicar identificava além dos adormecidos, os paladinos. Eles estavam apressados, chegavam viaturas com grupos de três para reforçar a segurança do local, dois vigiavam todas as entradas principais, era muito obvio que isso só significaria uma coisa, algo estava muito errado ou o Leprechau e os garotos estavam próximos. Allan pega seu relógio de bolso prateado, ornamentado com um símbolo de um grifo, os ponteiros marcavam “1:43” “Tenho que ganhar tempo”, pensa ao lembrar que a ponte logo estaria aberta, as pontes da lua são portais abertos pelas condições astrológicas e físicas que são magicamente manipulados (alguns dizem que não passa de um buraco de minhoca) geralmente ficam abertos por dez minutos, se Allan perdesse essa oportunidade outra ponte para Garia só daqui um ciclo completo lunar, ou seja um mês. Foi por esse motivo que o Justicar antes de tentar salvar os garotos e o antigo familiar de Sylvia, primeiro tinha que ter a certeza que a ponte seria aberta.
Allan foi em direção á plataforma de embarque, um jovem com um uniforme branco pede a passagem, o Justicar não iria perder tempo com adormecidos que estavam ali só para atrasa-lo. Então olha fixamente nos olhos do garoto.
-Está aqui meu bilhete. – entrega um pedaço de folha qualquer. O garoto olha aquele pedaço de papel volta a olhar para o Justicar.
-Obrigado senhor, tenha uma boa viagem. – era obvio que Allan usou um truque que aprendera com Califax anos atrás, a sugestão mental de mentes adormecidas era tão simples que era imperceptível na trama magica e por tanto os paladinos não conseguiriam rastrear.
A maior parte dos adormecidos seguiam felizes para um túnel que dava em um avião, eles não atentavam para a pequena porta que tinha uma placa “Acesso restrito” e no canto esquerdo da placa tinha “PL9” bem pequeno. Allan entra, ali parecia uma verdadeira feira, anões, gnomos, orcs, metamorfos e é obvio homens despertos estavam ali reclamando para dois homens de preto que tentavam conter a multidão na frente da entrada da ponte da lua.
-Tenho que voltar hoje! Só vim ver meu sobrinho doente! – afirmava um anão com um bilhete na mão – Vocês não podem fazer isso, é um absurdo!
-Eu deixei o chá na chaleira! – dizia uma velhinha que mais parecia uma dessas bruxas de Haloowen, com chapéu de veludo pontiagudo roxo segurando uma cesta com ingredientes. Todos tinham algum tipo de reclamação a fazer, porém os dois homens de preto pareciam duas estátuas, e só afirmavam que aquilo era para a segurança deles e da Terra Média. O Justicar abre caminho entre a multidão – Cuidado ai! – ouvia um gnomo falando quando quase pisa em seu pé ou – Mal educado! Não vê que estou na frente? – apesar de sempre pedir licença antes de passar, foi uma chuva de reclamações até Allan ficar de frente com os dois paladinos. Todos estavam se perguntando quem seria aquele homem, por um minuto todos silenciaram para ver o que ele faria quando chegasse à frente dos dois paladinos. O porte de Allan não era tão grande, ele deveria ter uma altura mediana, robusto, mantinha o cabelo curto, seus olhos marrons claros radiantes de gentileza, seus dedos saiam pela luva preta, sua farda Justicar fica escamoteada sobre o sobretudo que usava.
-Boa tarde senhores, eu poderia saber o que está acontecendo aqui? Não tive um dia fácil...
-As viagens para a Terra Alta foram adiadas, por motivos de segurança – disse quase igual um robô um dos homens de preto.
-É melhor me deixarem passar – disse o Justicar
Um dos homens barrou a entrada de Allan com a mão – Acho que o senhor não entendeu...
-Entendi sim! – diz tirando sua insígnia de mestre Justicar, o próprio relógio prateado de bolso, de um lado continha o brasão de sua família, o Grifo, do outro o símbolo Justicar, uma cruz com uma serpente informava que pertencia a ordem dos Justicares do Ocidente como um guardião da paz e justiça, a coroa em cima da cruz informava que havia se tornado um mestre e as asas na coroa dizia que não era apenas um mestre recém formado e sim um ordinário mestre.
-Senhor – faz uma pausa relutante – Tenho ordens para não deixar ninguém passar – explica o paladino ao ver as insígnias de ordinário mestre Justicar.
-Exijo falar com o Inquisitor responsável – disse – Não há motivos para bloquearem uma ponte da lua.
Os homens de preto trocam olhares e tentam contornar a situação.
-Nos últimos dias houve muitas dobras que não estavam planejadas, e agora a ponte está sobrecarregada.
-SOBRECARREGADA! – Allan muda o tom de voz para aliviar um pouco sua raiva e fica ameaçador – VOCÊS PODERIAM DIZER QUALQUER COISA, MENOS QUE ESTÁ SOBRECARREGADA! VOCÊS ESTÃO INSULTANDO MINHA INTELIGÊNCIA! EU PODERIA FACILMENTE TRANSFORMA-LOS EM PUDIM DE AMEIXA E DIZER QUE FUI INSULTADO! – Os paladinos tremem.
-Não senhor desculpe essa não foi nossa intenção – pede desculpa. As pessoas começam a esbravejar insultos, aquela situação estava perdendo o controle e os paladinos estavam vendo a hora que teriam que pedir reforços.
-Vou contar até três, se não me deixar passar para falar com seu superior terei que tomar atitudes drásticas. Um...Dois... – ninguém queria estar na pele daqueles dois paladinos, ser transformado em um pudim de ameixa por um Justicar se não o deixasse passar, uma multidão revoltosa por não poderem voltar pra suas casas e ainda por cima ser culpado por seus superiores se deixarem alguém entrar.
-Está certo! Eu deixo você passar, mas por favor... faça com que eles parem essa baderna! – desespera um dos paladinos que agora já mostrava sinais de preocupação.
Allan vira-se para as pessoas.
-Calma pessoal – mostra a insígnia de Justicar – Sou um ordinário mestre Justicar – as pessoas que ali estavam rapidamente fecharam suas bocas e prestaram atenção no que Allan tinha a dizer – Irei conversar com o Inquisitor e logo estaremos em casa novamente, mas devem manter a calma e respeitar as leis da Terra Média.
-Eles não nos respeitam, por que devemos respeita-los! – diz um orc com seus olhos vermelhos de raiva, as pessoas ali concordavam com o orc.
-Não é por isso que devemos ser iguais a eles, mantenham a calma e tudo irá ocorrer bem. – os homens de preto agradecem o justicar por ter acalmado todos ali, se realmente eles tivesse perdido a cabeça seria difícil dois homens de preto segurar tantos Arvianos.
Um dos paladinos acompanha Allan até a ponte da lua, lá uma equipe de dez paladinos estavam trabalhando arduamente sobre o comando do Inquisitor que havia deixado Allan plantado em sua sala.
-Ora, ora, ora se não é o ordinário mestre Justicar – debocha o Inquisitor. Ele era alto e magro, com um rosto ossudo, mantinha um fino bigode com uma barbicha, parecia estar sempre alerta e tinha uma pose impecável, ombros retos queixo erguido e peito pra frente.
-Gostaria de saber do senhor Inquisitor o que está acontecendo aqui?
-Você se acha esperto não é? Quase todos os Arvianos se acham! – fala o Inquisitor olhando Allan dos pés á cabeça – Eu não tenho medo de vocês, vou lhe confessar que até gosto de caça-los.
-Sinto-me lisonjeado Sr. Inquisitor – Allan encara os olhos pretos feitos ameixas do Inquisitor – Agora acho melhor deixarmos isso para outra ocasião, por mais que eu quisesse muito que você me caçasse, hoje não é um bom dia, tenho que voltar para Garia ainda hoje.
-Que azar hein? Parece que isso não vai ser possível meu caro Justicar. Nessas últimas horas aconteceu um grande abalo na trama mágica, e por coincidência ou não, estava envolvida uma Arviana de nome Sylvia, o sigilo N°1 foi quebrado no perímetro 1428E e 20335D, mais especifico no apartamento da suspeita, logo em seguida foram quebrados os sigilos N°4 e 5, o que é muito grave.
-Não entendo como um problema seu pode ser problema meu e de todos aqueles Arvianos na antessala? – disse Allan em um tom desafiador.
-Parece meu jovem Justicar que você não entendeu – disse – A ponte da Lua não será aberta hoje nem que você chame todas as aquelas aberrações para lhe ajudar! Por sinal isso seria ótimo, não são todos os dias que se tem a oportunidade de fazer uma limpeza.
Allan achou que a coisa estava indo longe demais. Afinal ele era um Justicar e não iria permitir ser ofendido por um Inquisitor qualquer que parecia uma ratazana de terno preto.
-Não irei permitir de forma alguma que fale comigo ou com qualquer Arviano com desrespeito! – fala desafiadoramente o Justicar – Eu gostaria de ver você tentar ao menos tocar em algum deles, se eu ficar sabendo de qualquer mal que tenha feito á algum deles é comigo que irá ter que se ver, e eu juro por tudo que me é sagrado que terei prazer em quebrar seus dentes e arrancar esse seu sorriso prepotente da boca.
Ele realmente não estava brincando. Na raiva parecia ter esquecido suas gentilezas e seus modos, mas de forma alguma alterou sua voz, a ameaça foi feita com uma frieza fatal. O Inquisitor estava ali parado olhando com seus olhos esbugalhados aquele pequeno homem que de repente parecia ameaça-lo e o pior, parecia que realmente tinha o poder de cumprir o que falava.
-Você me entendeu Sr. Inquisitor? – pergunta calmamente Allan.
O Inquisitor, que ficara muito pálido, murmurou alguma coisa ininteligível e só foi salvo por um dos paladinos que chegaram para avisar que um dos alvos estava na zona de abordagem.
-Se o Sr. Justicar me der licença tenho assuntos importantes para tratar – diz o Inquisitor antes de sair da sala, um homem menos corajoso que ele teria se borrado todo só com o olhar que Allan o fuzilou.
Faltavam menos de três minutos para a ponte receber as energias magicas, Allan tinha que se apressar e sabia que aquele rato miserável estaria no encalço de Irish, Lucas e Samuel. Os dez paladinos que ali se encontravam estavam ali com um intuito, desviar qualquer energia que fosse emitida para as runas receptoras para baterias descarregadas que estavam ali para receber a preciosa energia gerada pela ponte da lua, depois iria para alguma estação da nova ordem mundial para ser reaproveitada de alguma forma, então foi ai que Allan teve uma ideia. Os paladinos começaram o processo de recolhimento da energia da ponte da lua, em questão de minutos as baterias estariam carregadas e quaisquer chances que o Justicar e os Arvianos teriam de voltar para casa sumiriam.
Irish estava muito cauteloso e não se atreveu a se expor, logo quando aterrissaram, já perto do aeroporto, tratou de assegurar que não foram percebidos ou seguidos. Dez minutos depois eles estavam próximos da entrada do aeroporto, tudo estava calmo como se fosse um dia normal, para Samuel e Lucas aquele dia estava parecendo um sonho e muitas perguntas pipocavam em suas mentes, mais ali não seria o local nem o momento certo para fazê-las.
Os três foram pela rua que contornava o estacionamento e dava acesso pelas laterais do aeroporto. A rua era uma rampa inclinada e o estacionamento ficava em um nível abaixo do aeroporto, as grades acompanhavam toda a calçada, alguns aviões de viagens estavam estacionados longe da grade, na pista de pouso do aeroporto. Irish pode ver vários paladinos vigiando as entradas.
-Irish e os pequeninos mestres ir por outro canto. Esse ser perigoso, muito vigiado por homens de preto! – então os garotos conseguem perceber também os paladinos guardando as entradas.
-O que iremos fazer agora – pergunta ingenuamente Sam.
-Irish não conseguir fazer outra magia, Irish está muito cansado. Irish ter uma coisa que pode ajudar – então tira do bolso interno de seu fraque um frasco que parecia mais um copo médio que ia afunilando para uma tampa em uma rolha preta, o frasco era transparente e dava para ver a cor amarela do liquido – Os dois mestres devem tomar somente um gole e meio, Irish tomar meio gole apenas. Entenderam? – Samuel e Lucas fazem que sim com a cabeça. Então Irish leva a boca o frasco amarelado, e depois passa para Lucas, ele tenta dar o um gole e meio. O gosto azedo faz com que Lucas faça uma careta.
-É ruim Lucas? – pergunta Sam
-Nada que não dê para tomar – diz ainda com o gostinho de azedo na boca – Me diz ai pequeno o que foi que tomamos?
-Irish e o mestre tomar a poção do encolhimento – a ideia inicial de Irish era atravessar as frestas das grades e entrar pela pista de pouso. Antes de levar a boca Samuel sentiu o cheiro forte, parecia remédio, e dos bem ruins.
-Eca! Não vou tomar isso parece remédio! – reclama
-Ah, você vai tomar sim! Foi você que nos meteu nessa Sam, eu já tomei e... – o mundo girou na mente de Lucas, ele teve uma sensação de vertigem e de repente o mundo mudou, não conseguia ver mais seu irmão, depois de respirar fundo percebe que uma montanha arredondada de couro sintético estava a sua frente, “pera ai, isso é o tênis do Sam!” foi assim que percebeu que estava do tamanho de uma formiga vermelha.
-Pequeníssimo mestre! – diz Irish, ele estava duas vezes maior que Lucas – O mestrinho tomou mais que um gole e meio. Agora só falta o grande mestre tomar para entrarmos despercebidos.
Uma sombra grande cobre os dois, logo o rosto de Sam estava tão próximo do chão, e somente assim pode ver os dois tão pequenininhos, menores que um caroço de feijão.
-Legal! – a voz de Sam era um estrondo para Lucas e Irish
-Não fala tão perto! – se esgoela Lucas – Toma logo, Irish tem um plano – Samuel balança veemente sua cabeça, negando o pedido da voz fraca de seu irmão mais velho.
-Não! Irish não ter plano! Irish achou que a poção poderia ajudar a atravessar as grades! Irish ter que levar o pequeníssimo mestre e o grandão mestre para dentro da zona neutra.
-Quê? Você não tem um plano? Você não pensou que poderíamos ser esmagados e pisoteados antes de chegarmos dentro do aeroporto.
Sam via seu irmão discutindo com a criaturinha, quando uma voz fez seu coração pular, logo Lucas também parou de discutir.
-Ei garoto o que você está fazendo? – pergunta a voz. Samuel, cuidadosamente pega Irish e Lucas com todo cuidado para não esmaga-los, coloca-os em seu couro cabeludo e disfarça o movimento coçando sua cabeça. Irish e Lucas se agarram ao fino fio de cabelo dourado de seu irmão.
-Eeee... estava... estava... vendo umas formigas! – Sam quase não acha as palavras. O homem que fez a pergunta estava de terno preto e um fio branco passava por de trás de sua orelha, revelando um ponto de escuta.
-Onde estão seus pais?
Mesmo sabendo que ia soar estranho Samuel disse – Eles estão me esperando lá. – o garoto aponta para dentro do prédio do aeroporto. Pelo menos pareceu dar certo, pois o homem o levou para dentro do aeroporto. Irish estava muito feliz diferente de Lucas que estava muito assustado com o vai e vem, o garoto se agarrava o mais forte possível ao fio de cabelo que ia e vinha, ele sabia que se caísse era que nem cair de um arranha céu de no mínimo uns cem andares.
-Aguarde aqui, vou procurar seus pais – diz o homem de preto.
Samuel sentou em um dos bancos vazios, um homem desdentado sorriu ao vê-lo sentar. Não demorou e o homem que acabara de sair volta com o Inquisitor.
-Não quero lhe assustar garoto. Eu só quero saber onde está seu irmão e a criatura – dizia o Inquisitor cara de rato. Samuel estava assustado então olha para o homem desdentado, e então percebe que sua pupila emite uma luz vermelha e em microssegundos volta ao normal, “Será que isso é um robô” pensou. A mão do Inquisitor segura com força o braço de Samuel.
-Aiiiii! Me solta – tenta se desvencilhar o garoto
-Não irei perder tempo com garotos e criaturas de uma sub-raça. T-11 segure-o irei arrancar a verdade dele por bem ou por mau! – o senhor desdentado segura Samuel tão forte que suas mãos pareciam de puro aço, um grito de dor sai de Samuel e alerta as muitas pessoas que estão vendo a cena.
-Leve-o para a sala da detenção! – ordena o Inquisitor ao ver que estava chamando muita atenção.
-Sim, Senhor – diz a voz robótica do senhor desdentado. Sam não conseguia reagir e facilmente foi levado fazendo caretas de dor, o garoto estava tentando aguentar aquela dor, poucos homens conseguiriam resistir aquele apertão que pareciam verdadeiras algemas.
BUUUMMMMMM!
Toda a energia do local caiu, e só não estava um breu total por que ainda era tarde e os raios solares passavam pelos tetos de vidros, as telas onde passavam os horários de embarques e de chegadas dos aviões estavam pretas, os elevadores parados, o ar-condicionado pifou. Isso causou um fuzuê tão grande que as pessoas pararam de prestar atenção naquele velho homem arrastando um garoto pelo saguão do aeroporto. Irish estava rezando para que não fosse descoberto, faltava tão pouco para chegarem a zona neutra.
O Inquisitor achou muito esquisito o gerador do aeroporto não ter segurado essa queda de energia, ou tinha outra opção: Aquilo não era uma queda normal de energia. Realmente não foi uma simples queda de energia, Allan sobrecarregou todo o sistema elétrico do aeroporto fritando todos os circuitos e explodindo o gerador, não era a toa que Allan tinha a alcunha de mestre dos relâmpagos ou senhor das tempestades, suas melhores notas em Arcania foram às cadeiras que envolvia Forças Elementares.
Antes de chegarem à sala da detenção, eles deveriam percorrer um corredor estreito, deveria ter aproximadamente um metro e meio de largura, dois homens ombro a ombro passariam com dificuldade por ele. Samuel enxerga no meio de toda aquela escuridão uma silhueta de um homem na penumbra. T-11 para antes mesmo de tentar algo.
-Que foi? Por que pararam? – pergunta o Inquisitor.
-Expelium Opprimere – diz a sombra da penumbra em um movimento repentino. Um clarão de energia desmonta a funcionalidade do robô liberando Samuel de suas mãos, T-11 estava inoperante e desligado, estava em pé totalmente curvado e de cabaça baixa com os braços soltos. Irish e Lucas se agarravam feito carrapatos no cabelo de Sam.
-Eiiii pequeno... – gritava para Irish – Quanto tempo vamos ficar desse tamanho?
-Irish não ter certeza! – retrucou gritando para ser ouvido pelo seu mestre
O Inquisitor saca sua arma prateada, pronto para disparar quando percebe que uma senhorinha de chapéu roxo pontiagudo com uma cesta está logo na sua retaguarda acompanhada por um Orc. Antes de continuar devo fazer uma breve descrição do que é um Orc para entenderem melhor a situação da qual o cara de rato se encontrava. Um Orc é uma raça guerreira que tem uma constituição física pelo menos o dobro de um humano, são criaturas altamente voláteis, exibem presas maiores que o normal, a cor de sua pele varia em três tipos: verde, vermelho e marrom, esse em questão era um simples trabalhador e deveria ser no mínimo tão forte quanto um mister universo de dois metros de altura, era verde com cabelos escuros desgrenhados e seus olhos não eram nem um pouco amigável.
-Acho melhor o senhor colocar isso aqui, se não pode acabar se machucando – diz a senhora que parecia uma bruxa, abrindo o seu cesto com várias armas iguais a do Inquisitor.
-O quê? Vocês estão doidos? Vocês sabem quem eu sou? – grita o Inquisitor já percebendo o que estava acontecendo ali no corredor.
Por mais que Samuel estivesse liberto não sabia o que fazer, ele não tinha culpa e nunca iria imaginar que uma criatura como um Orc estivesse ali para ajuda-lo, a única coisa que conseguiu fazer foi ficar ali estático e ver o que ira acontecer.
-Você é surdo ou quer que eu enfie as palavras dela orelha adentro! – ameaça o Orc brutamontes.
-Como ousa seu verme! Vou acabar com sua sub-raça agora
-Infinitas prurigine – invoca a senhora a sua frente.
Por um momento nada pareceu acontecer, a cara do Inquisitor estava seriamente perturbada com algo, ele espreme os olhos e cede a violentas comichões.
-HAAAAAAAAAAAAAAAAA – grita o cara de rato usando até sua arma para se coçar – O que foi que... essa... bruxa... fez?
-Muito bem jovem. Acho que eu vou ficar com isso – diz a senhora pegando a arma da mão do Inquisitor. Tão rapidamente ela pega a arma e ele vai se despindo – Não se preocupe tenho permissões para fazer pequenas maldições como esta.
-Vocês...vão – o cara de rato nu da cintura pra cima usava toda suas forças para se coçar, chegou até mesmo friccionar suas costas contra a parede áspera para aliviar as coceiras – Vão... pagar...ai...ai...CAROOOOOO!
A bruxa e o Orc riem da situação. Então percebem Samuel quase que paralisado ao lado de T-11, a penumbra do homem a frente se revela. Allan parece ficar muito contente em ver Samuel.
-Não tenha medo querido – continua a bruxa – estamos aqui para leva-lo conosco para a Terra Alta. Ohhhh! Me parece que você tem piolhos bastante incomuns e raros – diz a velha ao olhar pra a cabeça de Sam.
Allan se aproxima de Samuel e faz uma inspeção no garoto.
-Está tudo bem com você?
-Sim, quem são vocês? – pergunta o garoto
-Ele fez mal a você? – o Justicar ignora por completo a pergunta de Samuel. O Inquisitor balançava pra cima e pra baixo pra se coçar. Com cuidado Allan pega Irish e Lucas da cabeça de Sam e coloca-os no chão.
-Acho que já está na hora de voltarem ao normal – Allan começa a fazer gestos mágicos – Dissipare Maxime.
Lucas e Irish voltam ao tamanho normal.
-Vocês estão bem?
-Sim – fala Lucas
-Se mestres estão bem, Irish também está – disse.
-É melhor nos apressarmos. Logo isso aqui vai está mais infestado de agentes do que Kobolds no ninho – comenta o Orc.
-Irish se desculpar com Justicar! Irish chegar tarde demais para voltarmos para casa – lamenta o pequenino.
-Pera ai! O que está acontecendo aqui, minha mãe sumiu, fui jogado pela janela, quase fui pisoteado e quase morri pendurado em um fio da cabeça de meu irmão. Gostaria realmente de saber o que está acontecendo aqui! Acho que mereço explicações!
-Tudo será explicado, mas agora devemos partir. – Allan toma a frente – Se quiser saber da verdade deve me seguir.
-NÃÃÃOOO – fala o Inquisitor – Você está infrigindo os protocolos... – toma força pra gritar entre um esfregão e outro – Isso é um ato de guerra entre os dois mundos, isso é um motim!
-Não se preocupe eu tenho permissão para soltar magicas na Terra Média assinadas por dois paladinos – Allan mostra as permissões que conseguira na sala do próprio Inquisitor – E outra, só estamos desbloqueando a ponte da lua para que possamos voltar pra casa.
Por essa o cara de rato não esperava, como ele havia conseguido isso? Ele iria saber mais tarde como, mas somente quando terminassem as coceiras terríveis que o acometiam.
Saindo do corredor, Allan os conduziu para a sala onde ficava a Ponte da Lua. Os garotos viram uma algazarra total, tinha fadas sobrevoando a cabeça de um paladino totalmente amordaçado e amarrado, por sinal tinha dez paladinos todos completamente amarrados e devidamente amordaçados. Anões estavam verificando as baterias e checando se tudo estava preparado, Orcs vigiando as entradas, Gnomos com Faunos se juntaram para tocar uma canção antiga, os dois Faunos tocavam em suas flautas ocarinas e os gnomos em banjos apropriados ao seu tamanho, mestiços ficavam isolados e com cara de poucos amigos. Um Sprite com uma Fada dançavam no ar acima da musica.
-Ordinário mestre, as reversões das baterias estão prontas. – diz um dos anões que estava verificando as baterias, a sua barba era castanho escuro com duas médias tranças presas por anéis de prata, era robusto como uma pedra e seus largos ombros mostravam que seu braço é bem maior do que o de um ser humano.
-Ótimo! Todos irão pra casa. – fala aliviado
Logo as baterias são acionadas e a energia é devolvida para as runas da Ponte da Lua. Uma “ponte” foi aberta para a Terra Alta, todos se organizaram e fizeram a travessia, apesar de ser tudo muito novo (ou esquisito) os garotos confiaram em Irish e Allan e partiram com todos Arvianos.