As cronicas de Luz e Trevas, Lucas Benjamim e o Livro Necronomicon (Cap.2-A Fuga Inesperada com o pequenino))

2.A FUGA INESPERADA COM O PEQUENINO

O incidente no colégio Santo Inácio rendeu historias até o ultimo dia de aula antes das férias. Quase todos os dias homens do governo vestidos de paletó preto visitavam a escola para ver o que tinha acontecido. Thiago foi entrevistado por um dos homens, e era obvio que ele exagerou em sua versão, as paredes haviam caído em cima dele que por pouco não o esmagou, e quando uma das pedras caiu na mesa o peso de papel acertou-o bem em cheio na testa, ele falava fazendo uma encenação rude.

Samuel ficou contente que este seria o ultimo dia de aula do ano, e sexta-feira, um dos dois dias que não voltava com tio Aroldo, não por ter que voltar de ônibus, e sim que toda vez que voltavam de ônibus Lucas comprava uma bola de sorvete para cada um.

O som agudo da companhia alertava que viriam as férias tão almejadas por todos os alunos, Samuel espera a multidão de alunos saírem correndo desesperados, mesmo com a professora Leia gritando nos seus calcanhares

-Devagar! Não precisam dessa pressa toda! – Meninos, cuidado com os menores!

Samuel esperava toda aquela algazarra terminar para ir tranquilamente para a saída esperar seu irmão.

-Tenha boas férias Samuel – diz Leia

-Obrigado, a senhora também tenha boas férias e até o próximo ano professora Leia.

O portão de saída dava direto na rua, um amontoado de mochilas estala ali no chão ou em cima dos bancos, a gritaria de crianças correndo e brincando era geral, Samuel gostava de ficar sentado na ultima cadeira perto do banheiro bem caladinho, longe de toda aquela confusão, ele se divertia bem mais vendo as partículas de luz que caiam como a neve que cai lentamente até tocar alguma superfície, algumas ficavam dançando no ar, outras simplesmente eram atraídas por uma pessoa e ficavam orbitando a sua volta. Aquilo fez Samuel lembrar o que seu irmão havia feito no dia do acidente e não conseguia entender como ele o fez e achou melhor esquecer o que havia passado. Então Lucas chega para irem até a parada de ônibus.

Como o de costume ao lado da parada havia uma banca de revistas onde o Sr. João estava ali com seu carrinho de picolé, parado esperando as crianças saírem e comprar um delicioso picolé ou sorvete. Tinha balas também e revistinhas em quadrinhos para vender. Certa vez Lucas comprou uma bala tão azeda e ruim e trocou o papel com outra bala que Tiago adorava só para ver ele cuspido fora e fazendo careta, obvio que isso lhe rendeu um olho roxo mais havia valido a pena, além do que a língua do seu primo havia ficado verde por uma semana e aquilo o fez ficar calado por um bom tempo, obvio que a bala não tinha esse efeito mas algo aconteceu e a língua de Tiago ficou verde durante a mesma quantidade de dias que o olho de Lucas ficou roxo.

-Bom dia Senhor João – diz Samuel

-Bom dia garotos vão querer o mesmo de sempre?

-Sim. – responde Lucas

-Então um tablito pra você – entregava o picolé para Lucas – E um frutare limão para você.

-Obrigado! – os dois responderam simultaneamente, o que arranca um sorriso do velho, afinal de contas não é todo mundo que é gentil com as pessoas como os dois o são.

Ao chegarem à avenida do seu apartamento Samuel fica com cara de preocupado.

-O que foi Sam? – pergunta Lucas

-É que eu perdi a fome, e a mamãe vai perceber que comemos antes do almoço!

-Desse jeito vou pedir no meu aniversario um cachorro

-Um cachorro?

-É. Para podermos jogar comida por baixo da mesa e ele faz a limpeza sem que a mamãe perceba – os dois riem despreocupados.

-E como seria o nome dele?

-Flash!

-Gostei do nome. Se a mamãe puder eu iria pedir um vídeo game, você acha que ela pode?

-O quê que ela não faz pela gente? Ela pode se sacrificar como dá mais sempre tenta nos dá o melhor.

Eles moravam no sexto andar, não havia elevador já que o prédio era um dos mais antigos do bairro. Os dois apostavam corrida para ver quem ficaria na posse do controle remoto e assim comandando o que veriam durante a tarde toda. Sempre passavam como uma bala, subindo dois degraus de uma única vez, o zelador José estava varrendo quando só ouve um rápido bom dia e dois moleques passando quase que levando tudo a sua frente.

-Bom... dia – respondia para o vento, ou às vezes ele tinha que gritar – Cuidado as escadas estão molhadas! – e mesmo assim eles passavam correndo como se estivessem em uma verdadeira prova de atletismo. Ao chegarem à frente da porta de casa estavam cansados. Lucas chegou primeiro com Samuel logo nas suas costas.

-Tá certo Sam, hoje você ganhou pode ficar com a TV – mesmo tendo chego primeiro Lucas cedeu para seu irmão mais novo o direito de ficar com a TV e quase sempre era assim a não ser que tivesse um programa ou desenho do qual ele gostasse muito.

-Mano a porta está aberta! – avisa Samuel percebendo que a porta estava escancarada, lentamente Lucas olha para dentro do apartamento através da abertura que a porta deixava, a sala estava toda quebrada e revirada “Shhhhshhshhhhshh” o som da panela de pressão vinha da cozinha que estava tão revirada quanto à sala, as luzes estavam piscando e a televisão chiava do chão como um choro engasgado, de vez em quando aparecia uma imagem do jornal e voltava para o chuvisco. Lucas entra muito assustado, Samuel vai logo atrás quase chorando ao olhar aquela cena toda.

-Mano o que aconteceu aqui! Cadê a mamãe?

-Eu não sei, mas acho melhor chamarmos a polícia! – assim que Lucas fala em polícia Samuel desaba em lagrimas.

-O que você tá fazendo? Isso não é hora para chorar! Vê se ajuda a procurar o telefone sem fio, deve está no meio dessa bagunça. – então Samuel engole o choro e ajuda seu irmão a procurar o telefone.

-Achei! – Samuel corre e entrega para Lucas o aparelho telefônico sem fio, era branco e estava um pouco derretido, mesmo assim os garotos têm esperanças de conseguirem ajuda só que era em vão, Lucas ao ver que a linha estava muda sugere para irem ao vizinho do andar de baixo e pedir para fazer uma ligação. Então um “Crashhhh” veio do quarto dos garotos.

-O que foi isso mano? – diz aterrorizado Samuel, quase que seu coração pula pela boca.

-Eu não sei – diz Lucas tomando coragem e desafiando lentamente o corredor que levava aos quartos, o som parecia que algo pesado tinha caído de algum canto alto, ele mostrava mais coragem do que realmente estava sentindo no momento.

-Não Lucas, não vá, é melhor irmos chamar ajuda! – pondera o irmão mais novo

-E se a mamãe estiver precisando de ajuda, eu não vou esperar se quiser pode ir chamar eu vou ver o que está acontecendo!

Então Samuel vai colado com seu irmão mais velho, que abre lentamente a porta do quarto, eles veem que uma estante do quarto caiu, o quarto não estava tão bagunçado quanto o resto do apartamento apesar da estante ter caído, foi ai que perceberam uma voz meio que abafada saindo de dentro da caixa de brinquedos “Ai ai ai, assim Irish não acha os pequenos mestres” então ele sai da caixa de brinquedos sem perceber a presença dos dois, ajeita o fraque e sua cartola verde, assim que se vira percebe que as duas crianças estavam boquiabertos com ele.

-HAAAAAAAAA – os três gritam ao mesmo tempo, os dois irmãos por nunca terem visto um Leprechau e Irish por não esperar ver os dois ali, o pequenino volta para a caixa de brinquedos tão rapidamente que deixa sua cartola cair, ele não reconheceu Lucas e muito menos Samuel a última vez que viu Lucas o menino não passava de um recém-nascido bem menor que ele, agora Lucas era no mínimo uma vez e meia maior que Irish e nunca havia visto Samuel. Lucas coloca só a cabeça pela porta para ver melhor o que era aquela criatura, o Leprechau faz o mesmo de dentro da caixa, ao perceber um ao outro, Irish volta para a caixa e Lucas fica olhando aquela cena.

-E ai mano, o que ele tá fazendo? – pergunta já curioso por trás de Lucas

-Ele está com medo – vai saindo do seu esconderijo ganhando coragem – parece que ele está procurando algo! – a caixa se movia freneticamente

-Cartola! Caiu a cartola de Irish! – então ele levanta-se para procurar a sua preciosa cartola e quase instantaneamente fica petrificado ao ver os dois garotos parados ali com um olhar felino de curiosidade sobre a sua pessoa, e algo no olhar dourado dos dois garotos o fez lembrar-se do Lucas recém-nascido – Mestre Lucas? – os olhares dos dois garotos entregam a surpresa da criaturinha saber o nome de um deles – Irish achou pequeninos mestres, nem acredito! Yupiiiiii! – salta repentinamente da caixa cantarolando uma musica e fazendo uma dancinha louca, uma espécie de sapateado com dança irlandesa e escocesa tudo misturado e no final faz uma reverencia.

-Irish as suas ordens! – os garotos trocam olhares de estranheza, aquilo parecia algo surreal.

-Quem é você e o que está acontecendo aqui? – pergunta Lucas logo acompanhado por seu irmão

-É! E onde está a mamãe?

O pequenino estava feliz por ter encontrado os dois mestres, ele pega sua cartola no chão e vai explicando.

-Irish foi invocado de Garia para casa dos mestres Benjamins, Irish deve ajudar a bondosa mestra – ele fala com uma naturalidade como se aquilo tudo fosse normal – Mestra só falou que os pequenos mestres estavam em perigo e disse para me esconder aqui! Muitos abalos na trama magica Irish sentiu – o pequenino faz uma pausa – então Irish não ouviu nem sentiu nada só sabe que mestra sumiu.

Sabe aquele frio de quando se tem uma noticia ruim? Ou quando está prestes a vivenciar algo de muito ruim? É isso que os irmãos sentiram naquela hora, só que não tiveram tempo suficiente para digerirem. “UILUILUILUILUILUIL” os sons das sirenes vinham da larga avenida do lado de fora, Lucas lembra que não havia ligado para a polícia, o Leprechau e os irmãos olham pela janela homens de preto entrando pelo portão do prédio, antes que José pedisse alguma informação um dos homens de preto parece tirar uma carteira e sem questionamentos entram no prédio.

-Rápido Mestres! Temos que fugir!

-Não tem motivo para se desesperar, eles são policiais, estão aqui para nos ajudar – comenta Lucas

-Não mestre! Paladinos, homens de pretos serem paladinos! Paladinos prendem Irish e Irish nunca mais voltará para casa em Garia e mestres não verão mais amada Mestra. Irish ter que tirar pequenos mestres daqui! – diz o pequenino desesperado tentando abrir a janela. Samuel toma a frente destrava a tranca da janela e ajuda-o a abrir a janela.

-Sam! O que você está fazendo?

-Você não ouviu? Se não o ajudarmos a sair daqui nunca mais veremos nossa mãe – o barulho dos entulhos sendo arrastados, ou chutados sem querer devida a pressa informava que os homens de preto já estavam na sala do apartamento da família Benjamim.

-Rápido! Mestres devem segurar firme em Irish! Irish só terá uma boa chance! – então Samuel sem titubear, agarra-se ao pequenino.

-Vocês estão ficando loucos? – diz Lucas ao olhar para baixo tentando mensurar a altura da queda, deveria ser uns quinze a vinte metros de altura, afinal eles estavam no sexto andar. Irish estava praticamente pendurado na janela, tendo somente uma das mãos como apoio para não cair, a outra estava esticada ao ar com a cartola verde, metade de seu corpo estava para o lado de fora, Samuel estava agarrado a sua perna esquerda, ele pode ouvir as pequenas duvidas do antigo familiar.

-Irish deve escolher. Vento Sul ou Oeste? Hummmm, vejamos? – falava ajustando a cartola cada vez que mudava o nome do vento.

-Eu sei que ele fala a verdade! Vamos mano segure firme! – fala Sam tentando convencer seu irmão mais velho a confiar em sua intuição.

Tudo aconteceu no mesmo instante de segundo, os homens entraram com um sonoro: “Parados”, e Irish fala “In animo Éolo notum Auster” uma forte lufada de vento infla sua cartola por poucos segundo, o suficiente para dar um forte solavanco que o derruba da janela levando Samuel junto, Lucas por instinto se agarra a seu irmão com tanta força que acaba indo junto.

-HAAAAAAAAAAAAAAAAAA – os três despencavam. Antes que se esborrachassem no chão, mais uma vez Irish entoa as palavras magicas – IN ANIMO ÉOLO NOTUM AUSTER! – grita desesperado o pequeno esperando que dessa vez a magia funcione melhor, Samuel estava confiante de olhos fechados, ele repetia em sua mente para si: “vai dar certo, vai dar certo”, Lucas viu seu fim ali no chão frio de concreto em frente o seu prédio, mas parece que dessa vez o vento ouviu Irish, agora não foi somente uma lufada de vento, agora era um vento continuo e forte que inflou a cartola até ficar do tamanho de um balão médio.

-Yupiiii! Segurem-se pequeninos mestres. O vento nos levará até a ponte da lua mais próxima. – a felicidade por ainda permanecerem vivos estava estampada na face do Leprechau.

-Conseguimos! – afirma Samuel ao ver que ganhavam altitude e estavam realmente voando sobre os prédios, dava para ver toda a orla marítima e inúmeras pessoas que cada vez mais lembravam pequenas formiguinhas. Lucas não acreditava no que estava acontecendo.

-Eu devo estar louco – repetia pra si de uma forma incrédula ao ver que realmente estavam voando.

Os paladinos estavam espremidos contra a janela para tentar ver aquela fuga inesperada, eles até hoje se perguntam como foi que deixaram aquilo acontecer, de como uma criatura de nível D conseguiu fugir com duas crianças adormecidas. Um rastro mágico invisível é deixado, para adormecidos como você os três pareciam simples paraquedistas e somente se tivessem uma mente elevada que conseguiria perceber que algo estava errado. A magia foi esquecida há muito tempo atrás para a segurança de alguns e na mente de um adormecido é mais fácil criar ilusões do que ver a verdade. Seguir o rastro da magia é a única forma de acha-los, os paladinos não tinham nenhum equipamento que o permitissem continuar perseguindo-os. Agora, Irish e os irmãos Benjamins estavam a salvo dos homens de preto, pelo menos até chegarem a terra firme.

CONTINUA...

RBDiogo
Enviado por RBDiogo em 10/12/2012
Código do texto: T4028541
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