NO ALTO DA MONTANHA
Ele mora no alto da montanha. De lá, a sua direita vê a cidade, a sua esquerda, a floresta. Conversa sempre com uma capivara solteirona quando desce a montanha para tomar banho. Largou a gravata, o carro, a casa, o trabalho, a mulher. Que é uma megera. Usa uma vassoura que, a noite sai voando com ela pela cidade "azucrinando" os retardatários. Primeiramente ela inventou que ele tinha uma amante. Nao tinha. Amantes são caras, dão trabalho; depois inventou que ele possuia dinheiro escondido na Suiça- não tinha, possuia uns "caraminguá" na poupança, que nem teria esse nome seria só -pou-Não contente, a mulher inventou que a mãe dele estava se metendo muito na vida dos dois- não estava. Morava em Perdões, nas Minhas Gerais e só vinha ve-los uma vez por ano - trazia goiabada e queijo de Minas que ele adorava. Só. Nem abria a boca. Era mais quieta que o silencio. Por fim inventou que ele estava sexualmente "mais para urubu que para colibri", que ela era moça e não ia ficar aguardando instruções. Aí ele fugiu, construiu a casa no alto da montanha, conversa com a capivara solteirona que faz humhum e balança a cabeça concordando, proseia com os vagalumes "meio galinhas", piscam pra todas as moças mas que são "boa gente", brinca de esconde-esconde com as flores no final da tarde, elas adoram essa brincadeira, está tomando lições de artes marciais com um cachorro do mato,vez em quando ouve as lamúrias da lua, contra o sol que se 'ingraçou" com uma estrela mais nova. No mais, está muito feliz. Com a natureza e com o seu Criador. Beleza pura hein!