Realidade alternativa (Parte 2*)

Fiquei atordoada, como assim aquela garota era da minha sala, eu nunca havia visto ela, e a minha amiga tinha sumido, eu realmente não sabia o que estava acontecendo, voltei para casa, no caminho olhei para cada lugar conhecido, para ver se via alguém, não tinha ninguém na rua, a cidade estava quase vazia, a não ser por uma ou duas pessoas que passavam de vez em quando, cheguei em casa, lembrei que não tinha ninguém, procurei minha chave e nada. Não era possível estava dando tudo errado hoje! Enquanto eu fuçava minha bolsa, deixei tudo cair no chão, comecei a juntar e logo apareceu uma moça dentro da minha casa, me assustei muito ao vê-la.

- Eu: quem é você?

- Ela: Deise!

- Eu: o que você ta fazendo na minha casa?

- Ela: o que? Sua casa? Que brincadeira é essa?

- Eu: brincadeira? Eu... Eu que pergunto! Como você entrou ai? Foi minha chave não é? Eu perdi e você a encontrou! Eu vou chamar a policia!

Procurei meu celular na bolsa enquanto a moça me olhava assustada, tentei ignorar por um momento a estranheza daquela situação. Quando encontrei meu celular, foi a gota d’água! – de quem era aquele celular? – meu celular era rosa, de teclado qwerty, aquele era preto e touch screen e eu não conseguia colocar minha senha – senha incorreta, senha incorreta! – a moça se irritou com a minha demora.

- Ela: já chega dessa palhaçada!

E entrou... Eu comecei bater na porta, gritar e dizer pra ela sair da minha casa, afinal o que mais eu poderia fazer. Tempos depois, cansei de gritar me sentei no chão e pus as mãos no rosto, aquilo só podia ser um pesadelo! Ouvi um carro chegando, e olhando por entre meus dedos vi que era um carro da policia, me apavorei ao ver que vinham em minha direção.

- policial: é você que está causando problemas?

- eu: como? Você sabe o que esta acontecendo? Tem uma mulher na minha casa! É ela que você tem que prender, não eu!

A moça veio lá de dentro da minha casa, com uma mulher mais velha, e traziam um papel, ela abriu a porta e ambas receberam o policial, que me levantou pela camisa e segurando fortemente meu ombro perguntou – é essa? – eles continuaram conversando sobre mim, ela disse que não prestaria queixa se eu ficasse longe, ao final da conversa deles eu já estava praticamente desmaiando, ele me levou ate o carro, provavelmente queria ter certeza de que me manteria bem longe. O carro fedia a abafado, enquanto os dois policiais conversavam, um deles me perguntou – onde você mora? –

- eu: aquela é a minha casa!

- policial: garota presta atenção, eu não sei se você esta brincando com agente, ou acha isso divertido, mas se você não nos disser onde você mora, vamos ter que te entregar pro conselho tutelar!

- eu: você não ta me escutando? Aquela é a minha casa, elas são as invasoras!

- policial: garota facilita as coisas! Não quero perder mais tempo com isso! Tenho certeza que você não quer se meter em mais problemas... não sei se você esta drogada ou não sabe onde mora, mas...

- eu: drogada? Eu pareço estar drogada?

Comecei a chorar, não havia o que fazer, eles não acreditavam em mim, e não tinha ninguém para me ajudar, ninguém conhecido, como se aquilo tudo fosse um maldito pesadelo que eu não acordaria nunca mais, com as mãos no rosto prestes a desmaiar fui salva pelo toque do celular, que na tela mostrava ser uma chamada da “mana”.

- eu: alo?

- “mana”: cadê você?

- eu: quem, quem ta falando?

- “mana”: pirou Janaina? Vem já pra casa mamãe ta surtando!

Sem entender, decidi entrar naquele jogo, afinal era o único jeito de sair daquela enrascada.

- eu: o que você quer?

- “mana”: vem já pra casa!

- eu: onde e a nossa casa?

A garota no telefone desconfiada disse um endereço e eu repassei para o policial. Ao chegar na casa, desci da viatura e duas pessoas me esperavam, o policial me levou ate elas e a mais velha agradeceu muito.

- policial: é sua filha, senhora?

- Daiana: sim! O que ela fez dessa vez?

- Policial: estava na frente da casa de uma senhora, gritando e batendo na porta, dizendo que morava lá! A senhora nos chamou e tudo se resolveu! Ela não vai dar queixa!

- Daiana: aah, pelo menos isso, muito obrigada! Isso não vai mais se repetir!

- Policial: certo, boa noite!

- Daiana: boa noite!

Quando ele foi embora a mulher me abraçou, e me levou para dentro de casa.

- Daiana: o que você pensa que esta fazendo?

- eu: eu me perdi, e fui pra casa e aquela mulher estava lá, você sabe o que está acontecendo?

- Daiana: sei! Você ta querendo que eu te mande morar com seu pai, só pode ser isso! Vai já pro seu quarto! Faltou aula hoje, não foi?

- eu: eu fui pra escola, mas não me deixaram entrar!

- Daiana: para de mentir! Me ligaram da sua escola! Você nem passou na frente, ta bebendo de novo?

- eu: claro que não! Eu nunca bebi!

- Daiana: mentirosa! Eu não te aguento mais! Você é a desgraça dessa família! Vai dormir! Agora!

Após ouvir tanta coisa, de algo que eu não tinha feito, de alguém que eu não conhecia achei que o melhor era dormir, tudo o que eu conhecia tinha sumido, eu devia estar louca mesmo! Será que ela estava certa? Eu poderia estar usando drogas e me esqueci da minha vida, nossa... Achei melhor ir procurar meu quarto, não foi difícil! Eram duas portas, uma de cor normal e outra preta, escrita “sai fora”, achei que era essa! Entrei... As paredes eram azuis escuras, a cama tinha um lençol preto, CDs de rock na mesinha –droga- pensei... Que mau gosto! Deitei na cama, fechei os olhos, tentei me lembrar da minha vida, mas não consegui, afinal se aquela mulher estivesse certa eu devia estar bêbada demais pra lembrar, bom... Era melhor dormir... Pela manha as coisas se esclareceriam... Fechei os olhos...

ANGELA E MARCELO

Ouvi batidas na porta, mas ignorei, na certa deveria ser aquela mulher que me odiava, querendo reafirmar isso, me cobri, continuei com os olhos fechados, alguém entrou no quarto e sentou na minha cama, eu disse:

- eu: não me odeia mais, hoje?

- Angela: eu nunca odiei você amor, da onde tirou isso?

Tirei as cobertas do rosto, e vi minha mãe, a mãe que tinha sumido ontem, que tinha mudado de casa, o que era isso? O coração acelerou, só consegui gritar...

Sinclair
Enviado por Sinclair em 25/11/2012
Reeditado em 13/12/2015
Código do texto: T4004853
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.