SÉRIE SELENA A FEITICEIRA (1ª TEMPORADA) CAPÍTULO 4

—CAPÍTULO QUATRO—

De como eu, Anêmona, apareço na história e como inicio a caça as bruxas.

Estava em frente a uma porta pesadíssima de madeira. Bato três vezes na porta. Nada acontece. Porta errada. Virava-me para ir embora, quando a porta abre-se num ranger estrondoso. Fico inerte por uns segundos. Desperto. Adentro ao recinto.

A porta atrás de mim, imediatamente fecha-se. De repente, encontro-me mergulhada na escuridão. Minha respiração acelera-se. Decido chamar:

-- ALGUÉÉMM?????

Minha voz reverbera, ecoando pela sala. Cadê o maldito, que me fizera acordar cedo? Aciono meu relógio digital. Quatro e meia da manhã. Passava mais de meia hora do horário marcado. Infelizmente, não pude ver a cara do desgraçado, pois senão este há esta hora, estaria degolado. Grito novamente:

-- AAALLGUÉÉÉÉMMMMM, EM CASAAA?—não obtenho resposta. Tomo fôlego. Paciência Misty, paciência.

De súbito acendem a luz. Por pouco não fico cega. O quarto que antes era um verdadeiro mar de escuridão tornara-se pálido e frio. Havia no centro do cômodo uma grande mesa de madeira. Escura. Parecia ser de mogno. Contrastava com o frio palor da sala. Existiam também quatro cadeiras fabricadas do mesmo material da mesa. Eram feitas de espaldar alto.

Dirijo-me pra lá. Meus pés caminhavam como as patas dum gato desconfiado e astuto. Não ruidavam, logo não entregavam minha presença. Chegando ao móvel não encontro ninguém. Apenas um bilhete, que aparentava ter sido escrito a mão, que dizia:

Minha cara mercenária, para você poder conhecer-me será necessária uma gotícula do seu sangue. Jogue-a no chão, pois ele instantaneamente irá absorvê-la.

Não temas, isso é apenas uma norma da empresa, para certificar-se da identidade de seus funcionários.

Desde já,

Seu Contratante.

Amasso imediatamente o bilhete. E jogo – o no chão. Se não fosse tão gananciosa desistiria agora mesmo. Contudo, o dinheiro é um vício para mim. Funciono como uma dessas dependentes químicas.

Sou como as minhas vítimas costumam a dizer, quando estão perto de morrer:

“Desgraçada!!”

Hehehe. O que posso dizer?Nasci assim. Ai vamos à ‘gotícula de sangue. ’Desembainho minha espada. Olho-me no seu reflexo polido. E dou uma ajeitada em minha franja azul - Royal. Depois, estendo minha mão esquerda. E num ZAAAAHHH! Faço brotar um filete vermelhíssimo. Deixo a gota se espatifar no chão borrando toda aquela brancura. Pronto! Aí, estava a sua ‘gotícula’. Recolho meu sabre. O chão a suga em menos dum segundo.

Debalde, esperei que algo acontecesse. Passa-se mais de meia hora, puxo uma cadeira ruidosa e sento-me. Eu, que não seria a otária de ficar esperando em pé!Sabia-se lá, que horas eles iriam chegar? Só que eles não demoraram a chegar.

Uma das paredes abre-se ao meio. Dividira-se em duas bandas. Qual delas surge um velho enrugadíssimo, amparado por dois caras que provavelmente seriam seus guarda - costas.

Numa voz engelhada de tartaruga mansa ele me cumprimenta:

-- Boa-noite senhorita... —ele falava entre chiados estertorosos.

--Olá. —disse-lhe. Parecia estar à margem da cova. Precisava apenas dum empurrãozinho. E... Poft! Estaria morto.

-- Poderia sentar-me ao seu lado... ? – pergunta o velhote com aqueles seus olhos verde-folha. Olhos, que para eu tinham um quê, de juventude remanescente. Achei a pergunta tola. Pois eu sentava na cabeceira oposta da sua. Mais de qualquer forma digo:

-- À vontade...

Ele se demora alguns instantes para sentar. O observo detidamente. Parecia uma múmia. Não, aquelas múmias egípcias de rostos impassíveis e serenos quase divinos, mas sim uma daquelas múmias incas ou maias de rostos agonizantes.

-- Quero propor-lhe um negócio... —diz-me o abutre velho. Então proponha meu, caro! Que mania a de vocês contratantes tem de suavizar. Por que não vão direto ao ponto?Sejam diretos!

Quebro o silêncio.

--Diga... —instigo-o a continuar.

Leva aquela mão cadavérica, cheia de nódulos, a um bolso interno do seu paletó cinza. Retira uma folha e lança-a a pra mim. Pego-a. Era uma fotografia.

-- Quero que você as capture... Elas têm algo que me pertence...

Na foto havia uma velha de olhos azulíssimos como mar e uma garota de cabelos alourados, de sorriso bobo. Esta última fazia o estilo patricinha.

-- Quanto você me pagará?—indago.

-- 20 milhões por cada uma delas, preferencialmente vivas -dizia o velhote com uma voracidade animalesca.

--O.K.

-- E só mais uma coisa... Você terá um prazo de até 30 dias...

-- O.K.

Ficamos durante algum tempo nos encarando. Até que estende a mão para mim.

-- Foi um prazer fazer um negocio com você —nesta parte ele me sorri um sorriso de lagarto.

Concordo com um anuimento de cabeça. Tenta levantar-se. Suas pernas tremelicavam feito galho ao vento. Os capachos ajudam-no a levantar-se. E retornam por aquela mesma abertura de antes.

Fico durante algum tempo sentada. E instantes depois, aquela porta por qual entrara abre-se. Vou a sua direção. Enquanto caminho, olho para aquelas duas sorridentes congeladas na fotografia.

Sorrio. Enfim, mais uma caçada começaria.

CONTINUA...

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Raffael Petter
Enviado por Raffael Petter em 09/11/2012
Código do texto: T3976954
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