Isprito Dê Venturera II

Aqui nesse meu cantim, ieu sempre gosto dê contá cadiquim dê caus proceis...

Tem dia qui ieu tô braba...

Tem dia qui tô mansa...

Tem dia qui ieu dô tapa...

Tem dia qui ieu dô bejo...

E tem dia qui ieu tô cum isprito dê venturera !

Intão, vô cumeça a contá logo esse caus qui aconteceu, num dia qui ieu tava cum isprito dê venturera !

Resorvi sai da minha pacatinha cidade do interiore das Minas Gerais, e fui dá uma vortinha nesse Brasile dê meu Deus.

Dessa veis, ieu num fui munto longe não.

Fui inté o Ri de Janero só.

Mai ante deu sai daqui, ieu pidi pra modi o meu amigo Fravio Cavarcante me isperá na rodoviara.

Falei prele, qui ieu tava cum cadiquim dê medo de andá suzinha na cidade grande.

Quondo ieu cheguei na rodoviara, tava ele e meu amigo Froriano Sirva me isperano.

Fiquei cum cadiquim dê vregonha, pro modi achei eis munto chique.

Mai os dois, foi munto bãozim... Munto inducado...

E eis falaro qui ia me levá pra passiá, pra tudo qui era lado.

Eis logo me falaro qui ia me levá pra dançá, e qui ieu ia sambá.

Quondo eis falaro isso, ieu falei:_ Não ! Pelo amore dê Deus !

Ocêis falaro duas palavra, qui ieu num tô podeno iscutá !

Dança e sambá ...

Ocêis num tá sabeno qui ieu dancei não ?

Dancei tanto, qui inté chorei, de tanta dore qui ieu sinti.

Eis fala qui casá é a coisa mai mió dê boa !

Mai né não !

Ieu tinha um marido qui me mandô sambá !

Nessa hora, ieu num guentei, e cumecei a chorá !

Eis falaro preu :_ Chora não ! Vamo passiá . Ocê saiu lá das Minas Gerais, É pra se alegrá !

Falei preles:_ É memo ! Mai dispois do samba, ocêis me leva pra modi ieu cunhecê o Mare.

Nóis num tem mare não...

Nóis só tem rio e cachuera, qui manda as água pro mare, pra modi ocêis ficá no bem bão.

Cheguemo no samba, e ali, ieu vi qui era um samba deferente.

Quondo o Froriano cumeçô a tocá aquela musga bunita, o povo tudo cumeçô a dançá suzim.

Ieu fiquei munto filiz dê vê a aligria daquele povão.

Resovi dañçá suzinha tamém, e a festa foi inté o dia raiá !

Saimo dali, e fomo dereto pra modi ieu cunhecê o mare.

Quondo ieu vi aquilo, ieu fiquei incantada.

Meu zoi nem quiria aquerditá.

Foi a premera veis, qui ieu vi o cele incostado na água.

Os dois ficaro oiano pra minha cara ispantada !

Oiei, oiei, e falei preis:_É meus amigo , Fravio Cavarcante e Froriano Sirva !

Ocêis né bobo não ....

Caregaro toda a nossa água, pra modi formá esse marzão.

Mai inté queis foro inducado...

Falaro preu:_ Aproveita minha amiga !

Entra e dá um merguo , o mare é seu tamém !

E num é qui ieu pruveitei memo !

Me despedi deis, e vortei filiz, pra minha Minas Gerais !

ôtro dia ieu vorto, pra modi conta mai cadiquim do dos meu causos de isprito dê venturera !

Inté !

Maria Lamanna

Rio Preto-MG

Maria Lamanna
Enviado por Maria Lamanna em 15/10/2012
Reeditado em 06/01/2013
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