Contos Inacabado Sobre um Outro Mundo (Parte 1)

Capítulo 1: A grande festa de ano novo

A virada do ano se aproximava, as pessoas estavam empolgadas e ansiosas. O ano era 776 da Nova Era. Nas ruas da cidade, os moradores enfeitaram suas casas e preparavam-se para a festa. O som de músicas cantadas por bardos saiam de todas as tavernas, mulheres costuravam vestidos novos e belos, para estrear no evento. Crianças corriam de um lado para outro, sem entender ainda o que estava acontecendo. Visitantes chegavam de vilas próximas e até de outros reinos, a festa era considerada o maior acontecimento em toda Valoria.

Na cultura dos homens, eles deveriam agradecer aos deuses pelo ano que passou e pedir ajuda para o ano que está para começar. O rei de Thalin (maior dos cinco reinos de Valoria) prometeu uma grande festa na praça do centro da cidade. Ele era uma figura carismática, seu povo gostava e o reverenciava em cada canto do reino. Agradeciam a ele por não faltar comida na mesa todos os dias do ano. O povo lhe considerava quase um deus, apesar de não ser.

Pessoas vinham de todos os lados, apenas para vê-lo de longe, no alto de seu castelo, e claro para a comemoração. Além da comida e bebida ofertada pelo monarca à população durante os festejos na praça central da cidade, construída pela Família Stone para grandes eventos.

Vendedores ambulantes vinham de várias vilas próximas a fim de ganhar algum dinheiro e de se divertir. O reino estava cheio, as estalagens estavam lotadas como em todos os anos. Alguns costumavam até dormir nas ruas, afinal com a forte segurança da Armada Real de Thalin nas ruas, o local estava altamente seguro para isto. A festa estava marcada para começar ao nascer do sol do primeiro dia do ano 777.

Mas desta vez, alguns estavam temerosos. O rei Thomaz Stone tentava esconder sua preocupação, por isso preparou uma das maiores festas que o reino já viu. Tinha a intenção de que com tanto trabalho para ser feito, ninguém iria reparar a tensão no olhar e nos gestos do rei, nem mesmo a rainha.

Apesar do clima de festa entre a população, o rei ordenou que a vigilância ao redor das muralhas que cercavam o reino, fosse redobrada. Ele pediu para o general da Armada Real, Otto Goldwood, que seus soldados tivessem a atenção redobrada. Afinal, pensava que algo poderia acontecer. Temia que houvesse um clima de tensão entre o povo, por isso preferiu manter as aparecias e negar qualquer preocupação. Nem mesmo a rainha e boa parte da corte sabiam de sua preocupação, ele evitava demonstrar, mas tinha um ar de preocupado.

—Meu rei, o que lhe preocupa tanto? — Perguntou de joelhos o general da Armada Real.

— Nada! Quero apenas que tudo aconteça sem problemas. — Respondeu o rei.

— Mas todos os anos nós cuidamos da segurança do reino durante as festas de ano novo e nunca houve um incidente qualquer. — Disse Otto Goldwood, em tom de orgulho.

— Eu sei Otto, és mais que um general para mim, eu confio em seu trabalho.

— Obrigado meu rei.

— Considero-lhe um bom amigo. Só quero que seus soldados tenham atenção ao trabalho.

— Como quiser meu senhor, a segurança será redobrada. — Disse o general, levantando-se.

— Desculpe-me questionar uma ordem da realeza, isto não se repetirá. — Concluiu abaixando a cabeça e retirando-se, apressadamente para repassar as ordens aos soldados.

— Não se preocupe! Apenas ordene isto ao exército! — Bradou o monarca, percebendo que o general estava arrependido de ter lhe feito tal questionamento.

Thomaz não gostava quando Otto o tratava como rei, afinal eles eram amigos de infância, passaram por muitas dificuldades durante os períodos de treinamento quando o então príncipe Thomaz Stone resolveu entrar para o exército de Thalin, a fim de tornar-se um verdadeiro cavaleiro, o que lhe seria importante para o cargo que um dia viria a ocupar.

Afinal um rei com honras militares é muito mais respeitado pelo povo e pelo seu próprio exército, do que um rei que nunca pegou em uma arma ou que não sabe como guiar um reino, a história comprovava isto.

Para Thomaz, Otto era um irmão, o irmão que nunca teve, já que seus pais tiveram apenas um filho. Entre os empregados mais velhos comenta-se que os pais de Thomaz não se amavam muito menos se suportavam e o filho acabou nascendo por obrigação.

Toda esta preocupação do rei tinha um motivo, pois o ano que estava para começar era o ano 777 da Nova Era. Esta era iniciou-se após uma dura guerra em que homens lutaram juntos com anões e elfos contra orcs, trolls e mortos-vivos, após estes atacarem e destruírem o Reino de Havoc, que sucumbiu diante do poderio dos inimigos. Um ataque durante a madrugada surpreendeu os moradores de Havoc, que despreparados, foram massacrados. Poucos conseguiram fugir e pedir ajuda ao Reino de Thalin (que ficava a noroeste de Havoc). Entretanto quando a ajuda chegou já era tarde. O reino foi saqueado, os orcs levaram tudo o que podiam, desde comida, até armas.

Uma aliança entre exércitos humanos, élficos e dos anões expulsou os invasores de Havoc e marchou até Tarduro, uma grande fortaleza e capital dos orcs. Muitas vidas foram perdidas, mas após dias de cerco, alguns mortos-vivos que incitaram o ataque, fugiram deixando os orcs e trolls para traz. Os trolls se renderam e fugiram para um grande pântano ao norte de Tarduro. Deixando nas mãos dos orcs a decisão sobre o fim desta batalha. Muitos orcs também fugiram, percebendo que a derrota estava próxima. Quando os primeiros homens entraram no salão principal onde os líderes dos orcs estavam, muitos orcs se renderam. Entre eles uma feiticeira orc muito poderosa, conhecida como Já’rl Labuuf. Ela era conhecida em toda Valoria como uma das feiticeiras mais perigosas. Mas o que mais amedrontava a todos era o seu dom de ver acontecimentos futuros.

Já’rl Labuuf não quis se render e se negou a reconhecer a derrota dos orcs. Ela resistiu e mesmo amarrada, presa, e sendo segurada por cinco elfos, a druida não desistiu. Ela xingava e se debatia sem parar. Os élfos então decidiram mata-la. Ideia apoiada por homens e anões. Mesmo instantes antes de cortarem sua cabeça, ela gritava sem parar:

— Malditos moradores do oeste, nunca vencerão! Vão todos morrer! Eu vejo isso.

Em um momento de irritação, Quór Landaron, um elfo das florestas do Norte, pegou um machado das mãos de um anão e decidiu cortar a cabeça da feiticeira. E mesmo com sua cabeça no chão, ela continuou a falar, para espanto de todos os presentes em um dos salões da fortaleza dos orcs.

— Daqui a 777 anos vai nascer o ser mais poderoso já nascido em Valoria! Ele vai conquistar tudo o que existe! Nem homens, elfos, anões, orcs ou mortos-vivos serão páreos para o seu poder! A vitória de vocês vai durar apenas por este período, depois viverão o caos!

Enquanto ela ainda falava, anões decidiram colocar fogo no corpo e em sua cabeça, que queimou rápido e virou cinzas. Muitos ficaram sem palavras. Outros preferiram comemorar a vitória e todos esperavam voltar logo para casa.

De volta à festa

O rei de Thalin era bem visto pelo povo e não possuía grandes inimigos. Tinha fama de centralizador, se esforçava para manter os cinco reinos humanos unidos e sob seu poder e influência. Tinha controle do reino de Woodstone, um reino que ficava ao sul de Thalin. O reino de Angus, o mais a sul de Valoria, por ser mais carente, dependia da boa vontade do monarca de Thalin. Sua família sempre foi muito influente, estando ativa e comandando diretamente três dos cinco reinos. Apenas os dois reis do Norte, de Northport e Viariz não dependiam diretamente dele. Mas gostava de mantê-los sob seu olhar e acompanhar cada decisão política.

Nas ruas da maior cidade dos homens, pessoas chegavam de todos os cantos, Thalin era conhecida por sua diversidade, homens, anões e duendes conviviam pacificamente. Por ser um reino que aceita todo o tipo de pessoas, atraia também ladrões, assassinos entre outros. O que causava certo temor entre os nativos da região.

Elfos e homens dos dois reinos do norte, raramente apareciam por aqui. Com a segurança reforçada, Thalin preparava-se para os festejos, que começaram antes mesmo do último dia do ano.

Com a chegada da noite, muitos comeram e beberam até cair, nas tavernas da cidade, que estavam lotadas. Enquanto isso, outros foram descansar, mas todos queriam acordar antes do sol nascer. Em Valoria o dia começava quando o sol nascia. Portanto o primeiro dia do ano 777 começaria oficialmente ao nascer do sol. O ano iniciava-se durante a metade do verão. Por isso a noite que antecedia a virada do ano era sempre quente, o que colaborava para o clima de festa, pois se fosse durante o inverno, poucos conseguiriam ficar nas ruas, sofrendo com o frio.

Próximo de o sol nascer, os habitantes de Thalin acordavam e chamavam uns aos outros, batiam panelas, para fazer barulho e acordar todo mundo. Faziam festa, se bem que outros estavam tão bêbados que não conseguiam levantar. Todos caminhavam para a praça no centro da cidade, em frente à fortaleza onde morava a família real. O povo queria ver a queima de fogos de artifício, realizada todo início de ano pelo rei.

Uma visita misteriosa

Dentro da imponente fortaleza, construída pelos antepassados da Família Stone, a corte se reunia para os festejos. Muita comida e bebida animavam a realeza, que neste ano recebiam uma visita diferente. Os magos dos Cinco Picos. Eram os magos mais poderosos de que se tinha notícia em Valoria. Eram também membros do misterioso Conselho dos Magos, formado por um seleto grupo de magos. A presença deles em Thalin não despertou interesse da população, mas alguns membros da corte estavam interessados em saber o motivo real da visita.

Meses antes do fim do ano, logo no início do verão foi realizado o encontro anual entre a aliança de humanos, elfos e anões. Durante quase duas semanas, representantes de todos os reinos da aliança encontram-se, em uma cidade pré-definida. Ato realizado em todos os anos desde o fim da última guerra contra orc e seres do leste da Grande Cordilheira de Montanhas que divide o continente em dois.

Neste ano, a preocupação com a previsão da feiticeira assassinada durante esta batalha, deixou todos apreensivos. O medo de um novo conflito crescia conforme o ano aproximava-se do seu final. Durante este encontro ficou definido que todos tomariam medidas cautelares, afinal o ano que estava para começar, causava preocupação entre os povos. Os magos chegaram um dia antes da festa e hospedaram-se, silenciosamente, no castelo real.

O Conselho dos Magos não queria chamar a atenção das pessoas, apenas ficar por perto e tentar alguma intervenção, caso houvesse necessidade. Cinco magos estavam presentes, mas quem eram apenas o rei, Thomaz Stone, sabia e fez questão de dizer que eles eram apenas convidados.

— Quem são estes homens? Nunca veem aqui para festa alguma. — Disse Philip Martelli, conselheiro do rei. Extremamente curioso em saber quem eram, de onde vinham e porque estavam lá.

— São apenas amigos, vieram aqui ver como nós preparamos a maior festa de Valoria! — Respondeu o rei, soltando uma longa gargalhada. Philip acenou com a cabeça, concordando com Thomaz.

Mas na verdade o conselheiro estava cada vez mais curioso e não iria sossegar enquanto não descobrisse algo sobre este mistério.

— Minha rainha, sabe quem são estes visitantes misteriosos? — Perguntou ele, em voz baixa para que o rei não ouvisse.

— Só sei que são magos e vieram dos Cinco Picos. É a primeira vez que vem até aqui. — Respondeu Lyanna, também em voz baixa, para que não a ouvissem.

— Não achou muito estranho a presença deles aqui, minha rainha? — Mais uma vez sussurra Martelli.

— Não achei. Valoria toda veio para a festa. Eles são apenas alguns dos convidados.

— Valoria toda não, os homens do Norte, não vieram, para variar. Respondeu sorrindo em tom de ironia.

— Estes não fazem falta. — Completou a rainha, soltando uma gargalhada que contagiou o conselheiro.

Era sabido em toda Thalin que os homens do Norte não costumavam aparecer por aqui. Mas isto era tratado com desdém pelos moradores da região.

O ano começa

O dia está perto de nascer e os festejos estão começando, o rei Stone autoriza o disparo de fogos de artifício. Em poucos segundos o céu de Thalin se ilumina com as luzes dos fogos. Os moradores do reino pulam, cantam e dançam, demonstrando toda a felicidade com o evento.

Não só o povo, mas a corte, no alto do castelo também comemora, enquanto as luzes e sons dos fogos misturam-se com os primeiros raios de sol do novo ano. O ano 777 da Nova Era.

Apesar da alegria contagiante, os magos permanecem sérios. Não riam, não pulam, não dançam, nem fazem festa. Parecem sentinelas apenas admirando a paisagem, sem esboçar alguma reação.

— Olá, não está se divertindo? A festa não está bonita? — Perguntou Martelli a um dos magos misteriosos.

— Sim, é uma bela festa, tudo está saindo conforme o planejado. — Respondeu o mago.

— Então porque está sério e parado aí como um guarda, vocês estão aqui para se divertir. Então se divirtam. — Insistiu o conselheiro do rei.

— Estou me divertindo. — Disse o mago, sem olhar para o servo. Não desviando os olhos dos fogos e das pessoas na praça em frente ao castelo real.

— Não está não. A propósito, qual o seu nome? — Perguntou mais uma vez o curioso conselheiro.

— O meu nome não importa, finja apenas que não estou aqui. — Respondeu sem desviar os olhos da multidão.

— Pare de importunar meu convidados, eles não estão aqui para ficar respondendo suas perguntas. — Gritou o rei, com cara de bravo. O que chamou a atenção de todos que estavam na varanda do castelo.

— Desculpe meu rei, isto não voltará a acontecer. — Sussurrou Philip Martelli, abaixando a cabeça, saindo da varanda e se retirando do local rapidamente. O conselheiro foi para seu quarto, se trancou lá.

Na varanda, todos em silencio observaram a cena. Thomaz Stone esperou o servo sair do local, olhou para a corte presente e para espanto de todos, soltou uma longa gargalhada.

Um breve silêncio tomou conta da varanda do castelo onde eles estavam. O rei percebendo o olhar incrédulo das pessoas comentou:

— Ele precisa aprender a ser menos intrometido, eu apenas não o quero fazendo perguntas por aí. — A rainha lhe olhou com ar de repreensão, mas ele ignorou e continuou os festejos.

Havia muita gente para apertar as mães e desejar um “Feliz Ano Novo” e o monarca parecia adorar fazer isto, cumprimentava a todos, fazendo questão de abraça-los. Já a rainha era mais reservada e até tinha fama de antipática entre a realeza. Durante a festa ela pouco interagia com os convidados, apenas com sua família, a família Janen, seu pai, Myrmo Janen, era o lord das terras de RioAcima e uma figura importante no comércio entre a cidade, que fica à margem do Rio Sur e a capital do reino.

Enquanto o rei tagarelava com cada convidado, a rainha permanecia em silêncio ou falando em voz baixa com a sua família e criados. Lyanna tinha todas as feições e características dos Janens, era magra, alta, mais do que o próprio rei, tinha longos cabelos castanhos encaracolados, olhos verdes e dentes grandes, que quase não cabiam na boca, mas usava isto em seu favor, parecia que estava sempre sorrindo. Era uma mulher bonita, mas dona de um gênio forte, não aceitava ordens e gostava de questionar tudo o que não lhe agradava.

— Não parece feliz minha filha, há algum problema? — Perguntou o pai da rainha à filha.

— Estou bem, só estou um pouco cansada e enjoada. — Respondeu.

— Enjoada? Como assim enjoada? Será que está grávida? — Questionou Serena Janen, a mãe da rainha, sem conseguir esconder a empolgação.

— Não sei, deve ser o barulho, ou algo que comi ou bebi. — Sussurrou Lyanna, num tom de voz baixo apenas para que seus pais escutem.

— Tomara que esteja grávida e que desta vez seja um menino. — Disse Myrmo, também sem esconder a empolgação. Myrmo e Serena tiveram duas filhas, a rainha Lyanna e a irmã Myriana, que estava na festa, mas fazia qestão de interagir com os convidado. Ela buscava um bom casamento como o da irmã. Elas nunca se deram muito bem, mas eram quase inseparáveis, passavam mais tempo brigando do que em paz.

— Grávida de novo! Por isso vocês cochicham tanto aí não é? — Falou quase gritando a irmã da rainha.

— Fale baixo. Não estou grávida! — Exclamou a rainha, repreendendo a irmã mais nova.

— Se não está, porque nossos pais estão felizes? Pensa que não ouvi a conversa?

— Ouviu o que lhe convém ouvir. — Lyanna pegou a irmã pela mão e continuou a falar em tom de voz baixa.

— Se não está grávida, porque o pai falou que desta vez tem que ser um menino? — Questionou Myriana também em voz baixa.

— Ele quer um neto homem e sabe que um dia poderia se gabar por ser avô de um rei. — A rainha parecia desapontada ao falar, no fundo queria estar grávida, mas preferia não se iludir. Já tinha duas filhas, Linarys de quatro anos e Anna de dois.

Durante as duas vezes que ficou grávida, o rei Thomaz Stone pedia aos deuses para nascer um menino, mas em ambas às vezes nasceram meninas. O rei ainda esperava um dia ter um filho homem para lhe deixar o trono.

— Você pode estar grávida sim. — Disse a mãe da rainha, percebendo o olhar triste da filha. — Rezo todos os dias para isso. — Completou a senhora, com um sorriso no rosto.

— Amanhã, depois que as festas acabarem, tudo volta ao normal. Estou me sentindo enjoada há dias, mas penso que pode ser este clima de festa, de bagunça. Gosto de paz e sossego.

— Como quiser minha filha, não tocaremos mais neste assunto. — Encerrou Myrmo, colocando as mãos no ombro da filha, confortando-a.

— Obrigada papai, se descobrir que estou grávida, serão os primeiros a saber. — Concluiu Lyanna, abraçando o pai. Sentindo-se reconfortada pelo apoio da família.

— Que cena bonita, os Janen se abraçando. Gritou o sorridente rei, abraçando a todos. — Quero participar também. Completou.

O rei parecia estar um pouco bêbado, mas sua personalidade não era alterada, gostava realmente de abraçar a todos. Entre uma taça de vinha e outra, ele não parava de falar. A rainha depois da conversa com a família parecia mais animada e estava mais comunicativa. Tinha mudado da água para o vinho.

-Vou lhe apresentar alguém muito rico com que possa casar. — Disse Lyanna a sua irmã puxando-a pelo braço. Myriana ficou feliz, afinal pretendia arrumar um bom pretendente para casar e ter filhos, de preferência alguém de sangue nobre.

— Este é Boggy Hillcocks um dos comerciantes mais ricos de Thalin. O vinho que bebemos hoje foi produzido em suas terras.

— É um prazer conhecê-la, lady Myriana. Sua irmã já me falou de você. — Falou formalmente o comerciante enquanto beijava a mão da irmã da rainha.

— O prazer é meu. Seu vinho é realmente o mais delicioso que já provei.

— Muito obrigado, é muito gentil. Uma verdadeira dama. — O homem acenou com a cabeça em tom de agradecimento e ainda completou. — Quando tiver vontade pode visitar minhas terras, minhas vinícolas são lindas, assim como minha terra.

— Sua terra é realmente linda. — Concluiu a rainha.

— Irei sim, com prazer. — Mais uma vez Myriana fez uma reverência, cumprimentou Boggy e deu um sorriso, arrancando outro do comerciante. — Foi um prazer conhece-lo.

Ela saiu em direção à sacada da varanda. A rainha veio logo atrás.

— O que houve? Não gostou dele? — Perguntou Lyanna, com um sorriso sarcástico na cara.

— Está maluca? — Respondeu Myriana, falando em tom de voz baixo, mas estava visivelmente de mal humor. — Ele é um gnomo. É impossível casar com alguém assim.

— Você não quer um homem rico? Ele é o gnomo mais rico que existe mais rico que quase todos os homens que conheço. — A rainha mantinha ainda aquele sorriso sarcástico.

— Quero exatamente o que você falou um homem rico, não um gnomo. Mas deixa para lá, estou cansada de procurar. — Retrucou a jovem irmã da rainha. Abaixando o rosto e demonstrando sua frustração.

— O dia que parar de procurar, você vai encontrar. — Lyanna abraçou sua irmã. Ela sabia que apesar de brigar com Myriana, era sangue do seu sangue, alguém que sempre deve apoiar e confiar. Assim ensinara seu pai. Sabia também que a irmã se preocupava demais com este assunto, apesar de considerar esta ânsia da irmã fútil.

A copeira

Ouve-se um barulho de vidro quebrando, neste momento todos olham assustados para a saída da escada que dá na varanda do castelo, onde os convidados estavam comemorando o início do novo ano. Um silêncio toma conta do local. Quando uma voz suave surge das escadas.

— Desculpem meus senhores, vou limpar toda a bagunça.

Era Lazis, uma menina de oito anos que trabalhava como copeira no Castelo Real de Thalin. A menina era um pouco estabanada. Ela carregava várias taças de cristal na bandeja, quando por descuido todas caíram no chão.

— Não se preocupe, isto acontece. — O rei falou num tom confortador. — Chame alguém para lhe ajudar, antes que corte os dedos com os cacos.

A menina se abaixou e começou a catar tudo sozinha, sentindo uma vergonha gigantesca, por isso fez de tudo para não olhar em volta, pois sabia que todos ali estavam olhando para ela. Lazis é filha de Zelina, uma das criadas responsáveis pela limpeza no castelo e camareira dos aposentos reais. Trabalha há anos no castelo, sempre esforçada e dedicada, chamou a atenção da família real, que tinha certo apreço por mãe e fila. Com exceção da rainha Lyanna, que a tratava com soberba e frieza.

Rapidamente Lazis catou os cacos e correu para joga-los no lixo. Ainda voltou ao local com uma pá e uma vassoura e ainda varreu o local, certificando-se que não sobraria caco algum no chão.

— Porque não chamou nenhum adulto para te ajudar? — Questionou o rei.

— Se eu fiz a sujeira, eu tenho que limpar. — Respondeu a menina com um sorrizo no rosto.

— Isso é verdade. Fez bem então, mas você é muito nova para andar com bandejas pesadas. Há muitos criados no castelo, deixe que eles façam isto.

— Sim majestade — Deu mais um sorriso e saiu saltitando para a cozinha. O rei perdeu alguns segundo observando a menina caminhando esbanjando toda sua alegria.

Ele foi interrompido por Myrmo Janen, o pai da rainha.

— Thomaz, quero agradecer pelo banquete, pela festa e por ter nos recebido tão bem nestes dias.

— Vocês são sempre bem vindos aqui. — O rei apertou a mão do sogro e retribuiu o agradecimento. — É a família da minha mulher, por isso, é minha família também.

— É a primeira vez que vejo tantos magos em um lugar só. — Disse o lord de RioAcima. — Eu estranhei, assim como muitos aqui a presença deles, Porque...

— Não se preocupe, são apenas convidados, nada com que tenha que se preocupar. — Respondeu Thomaz não deixando que seu sogro continuasse a pergunta.

O rei sabia que todos ali se perguntavam o que os magos faziam ali, mas ele recusava-se a responder. A esta altura já esperava que seus convidados ficassem cansados e fossem dormir. Ele estava ficando cansado e só pensava em dormir. A preocupação que sentia, antes do dia nascer, havia ficado para trás. No fundo ele sabia que nada iria acontecer.

Mais uma vez Lazis entra no salão dos convidados, desta vez, ela recolhe os talheres e pratos sujos. O rei mais uma vez a observa, ele admira que mesmo tão nova e fazendo alguns trabalhos pesados, a menina estava sempre com um sorriso no rosto e cantarolando alguma música que ouvia nos cantos do castelo.

Durante a gravidez de Lyanna, quando deu a luz à Anna, segunda filha do casal real, Lazis esteve sempre presente ajudando a rainha no precisava, apesar de ter seis anos apenas e muitas vezes ter que conviver com o mau humor da rainha. Muitas vezes seu sorriso e bom humor contagiavam a todos. Thomaz sabia que isto seria positivo para suas filhas pequenas, que cresceriam tendo Lazis como criada.

— Olha tanto para ela, que chego a pensar que é o pai dela. — Sussurrou Lyanna no ouvido do rei, enquanto ele observava a menina retirando os talheres e pratos sujos do local. — Ou é o pai ou está pensando em tê-la como amante.

O monarca ficou altamente irritado com este comentário. Ele admira a menina e tem certa afeição por ela. Mas pensar em ser pai ou tê-la como amante deixou Thomaz extremamente bravo.

— Nunca mais fale isto. — Segurou o braço da rainha com força e fez um olhar irritado. — É um absurdo o que disse. Não sei de onde tira estes absurdos.

— Depois discutiremos este assunto. Lyanna soltou a mão do rei que apertava seu braço e saiu para perto da sua família. Deixando o rei falando sozinho. Ele havia ficado irritado, mas faria de tudo para esconder e não estragar a festa que já estava encaminhando-se para o seu final.

A procura de uma vida melhor

A mãe de Lazis, Zelina, nasceu no reino de Angus, mas na juventude decidiu deixar o local para aventurar-se em Thalin. Era a sexta filha de uma família de oito irmãos. Mas as condições precárias de sua cidade a fizeram pensar em algo melhor para sua vida.

Ainda moça, foi sozinha para Thalin, onde queria trabalhar e viver melhor do que onde nasceu. Por sorte conseguiu uma vaga para trabalhar recolhendo lixo do Castelo Real de Thalin, onde começou a fazer muitas amizades. Apesar de não saber ler e escrever, era excelente em fazer contas.

Com o tempo foi trabalhar na cozinha do castelo. Quando conheceu seu marido, Evion o verdureiro, que ia todos os dias vender verduras para os funcionários da cozinha real.

Após alguns anos, Zelina foi morar com Evion, em uma casa pequena nas proximidades da praça de comércio no Centro de Thalin. Ela continuou a trabalhar na cozinha do castelo e ele como verdureiro.

Quando Lazis tinha apenas dois anos, Evion foi assassinado em uma briga na taverna próximo a sua casa. Pouco se sabe sobre o que motivou sua morte. Fato este que transformou a vida de Zelina e Lazis, que tiveram que sair da casa que moravam, já que não havia como pagar os impostos cobrados pelo próprio rei e foram morar em um pequeno quarto no alojamento de empregados no castelo.

Desde este tempo, Lazis andava por todo o castelo, correndo, pulando e brincando, mas sempre se escondendo da rainha Lyanna, que não gostava de sua presença correndo pelo castelo. A menina fez amizade com Philip Martelli e passa a andar sempre junto dele.

Com o nascimento da segunda filha dos reis, Anna, Lazis foi muito importante durante a gravidez e na ajuda com a recém-nascida. Por isto, o rei Thomaz Stone admira e respeita a menina que mesmo pequena e tendo oito anos de idade possui mais responsabilidade que muitos adultos da corte.

WoodStone o vizinho do Sul

No salão nobre de Thalin, Thomaz tenta esconder sua irritação com a rainha. Ele odiava quando ela dizia que depois teriam uma conversa sobre o assunto. Para ele, era melhor resolver logo, parecia que ela gostava de provoca-lo. Decidiu então conversar com velhos amigos, os reis de WoodStone.

— Olá Erik, como vai o distinto povo de WoodStone? — Thomaz sabia ser simpático quando queria.

— Estão muito bem, Thomaz. — Respondeu Erik Wood. — Quando vai lá nos fazer uma visita? — Completou o governante do reino de WoodStone, que ficava a sul de Thalin.

— Eu lhe devo uma visita, eu sei. Assim que puder vou visita-lo. Há alguns anos que não vou lá, mas prometo que logo irei visita-lo.

— Estamos construindo uma biblioteca, para ajudar na educação do povo. — Disse o orgulhoso Erik Wood. — Está linda, é feita toda de madeira.

— Assim que estiver completa me avise, doarei alguns livros da biblioteca de Thalin para lá. E ordenarei que sejam feitas algumas cópias de livros que vocês não tiverem por lá.

— Será maravilhoso. É bom sempre contar com você.

— Ficamos muito agradecidos com sua generosidade. — Completou Armona, a rainha de Woodstone, que acompanhava seu marido naquela noite.

Os reis de WoodStone estão sempre presentes em Thalin, em festas e eventos, como este. Mas raramente os reis de Thalin vão visitar seu reino vizinho. Dizem que por eles serem dependentes economicamente de Thalin, estão sempre por perto, bajulando e recebendo doações.

Mas desta vez Erik e Armona vieram sem bajular ou pedir nada. Vieram mesmo para aproveitar a festa. As relações entre os dois reinos sempre foram as melhores possíveis. Thalin manda, WoodStone obedece.

— Senhor Thomaz, especialmente desta vez, muitos moradores de WoodStone vieram para cá. As estalagens de Thalin estão mais lotadas do que nunca. — Comentou Erik Wood, deixando claro que seu povo se mobilizou para visitar Thalin, trazendo moedas de ouro, o que agradava Thomaz Stone.

— Fico feliz com a mobilização. Seu reino é sempre bem vindo aqui. Somos reinos irmãos. E por isso sempre devemos nos ajudar. E outra coisa, não me chame de senhor. Assim me sinto velho, já que você não é nenhum vassalo meu. — O rei soltou uma sonora gargalhada, coisa que não fazia a algum tempo, desde que se desentendeu com a rainha.

Por mais que não fosse, todo rei de WoodStone se sentia uma espécie de vassalo de Thalin, devido a sua enorme dependência. WoodStone era uma reino bem menor e com bem menos vilas e habitantes. Não era um reino pobre, mas lá não havia extravagâncias. Thomaz Stone invejava o jeito como a política era conduzida por lá.

Não haviam tantos homens trabalhando pouco e ganhando muito como em Thalin. Sem contar as excelentes relações que tinham com os élfos da Floresta Coevowild, coisa que os reis de Thalin nunca conseguiam. Em Thalin, os moradores não gostavam dos élfos, mas sabiam da sua força e da sua importância no mundo.

— Como vão os élfos da floresta? — Thomaz realmente estava curioso em saber como estavam. — Eles vêm pouco aqui.

— Continuam a viver na floresta, sempre patrulhando os cantos da floresta. Meus sentinelas sempre encontram com patrulheiros élficos. Alguns vêm a WoodStone, mas sem grande aprofundamento. Convivemos bem com eles.

— Fico feliz e que isto continue assim. Completou o rei de Thalin, com um alivio no rosto. — Mas não vamos ficar aqui parados, vamos beber mais um pouco.

Thomaz e os reis de WoodStone voltaram para a sacada do castelo. Beberam mais um pouco e comeram muito. O sol já batia na sacada e o calor começava a castigar os convidados. O primeiro mês do ano costuma ser o mais quente.

Mesmo de manhã, as pessoas começavam a sentir o calor de Thalin. Em WoodStone fazia calor, mas por estar localizada entre a Floresta Coevowild e o Lago Ilyn, tinha um clima menos quente. Sem contar o fato de a cidade ser toda arborizada, criando várias sombras contrubuindo propositadamente para abaixar a temperatura.

Thalin não era o lugar mais quente, mesmo assim o calor começava a castigar os convidados do rei Thomaz Stone. Alguns que também passaram a noite sem dormir, já sentiam os sinais do cansaço.

Os primeiros a se despedir foram os pais da rainha, Myrmo e Serena Janen foram para o quarto onde estavam hospedados. A filha Myriana também seguiu para o seu quarto. A rainha Lyanna ficou mais um pouco, mas o cansaço falou mais alto e também foi dormir. Ela nem se despediu do rei. Thomaz ao ver a mulher se retirar pensou “Ela disse que depois conversariam sobre o assunto”, até pensou em se irritar, mas o dever se fazer sala aos convidados foi mais forte.

No extremo sul fica Angus

Lembrando-se do calor, Thomaz foi falar com o rei de Angus. Mas antes viu mais alguns convidados se despedirem e esvaziarem o salão onde estavam, entre eles os reis de WoodStone.

Kroning, o rei de Angus, era um homem alto, maior do que a média. Possuia cabelos encaracolados de cor negra, trançado até o meio das costas, além de ter pele morena escura e castigada pelo sol. Era forte, musculoso e vestia-se de forma diferente aos homens do Centro. Roupas de couro com adereços de metal e ossos de animais marcavam o visual deste rei, assim como de sua comitiva.

Em Angus era comum os homens terem várias mulheres. Kroning possuía três. Que nunca moravam ou viajavam com ele. Cada uma tinha a sua casa, que eram mantidas pelo rei. Ele que tinha tantos filhos, que nem sabia a quantidade certa, que dirá o nome de alguns. Lá o sexo não era uma coisa supervalorizada, homens e mulheres faziam sexo em qualquer lugar e isso não era proibido. O homossexualismo e bissexualismo também não eram condenados e eram praticados normalmente.

Os homens do Sul serviam vários deuses, alguns bons e outros maus. O número e o nome eram desconhecidos. Só os shamans mais velhos tinham conhecimento.

— Ainda não tinha falado com você. — Thomaz falou em tom de voz animado, percebendo que na altura da festa, já era uma gafe. — Fico feliz que tenha vindo. — Ao apertar a mão e abraçar o rei de Angus, ele percebeu que não tinha conversado com Kroning. — Peço mil perdões por não ter lhe cumprimentado antes.

— Não há problemas, desta vez não viemos conversar de negócios ou de problemas, vim a Thalin para ver sua festa e aprovei. — Kroning retribuiu o abraço e mesmo sabendo que tinha ficado em segundo plano, não se preocupava. Sabia que em Valoria Angus tinha menos importância que os ouros reinos.

Angus ocupava o sul do continente. Fazia calor quase que o ano inteiro. O que não era problema para seus moradores. Apesar de ter uma tecnologia menos avançada, seu povo se considerava o mais feliz de toda Valoria. Seus costumes e cultura eram diferentes dos reinos de Thalin, WoodStone e dos reinos do Norte. Eram extremamente simplórios, quase todos analfabetos, mas grandes guerreiros.

Dificilmente os homens do Centro de Valoria se sentem bem indo visitar o Sul. A diferença cultural era grande. Em Angus, as pessoas quase não usam roupas, não possuem modos e fazem sexo na rua. Sem contar o fato de que a cidade não possui saneamento básico. As cidades fedem. Homens e mulheres costumam tomar banho nas praias sem roupa, fato inimaginável nos outros reinos. Apenas alguns aproveitadores usavam isso em seu favor, mas estes nem sempre eram bem-vindos no Sul.

— Hoje recebi vários convites para visitar reinos, cidades, vilas e os piores buracos possíveis. — Disse o sorridente rei de Thalin. — Mas eu no próximo ano, pretendo visitar Angus. — Completou.

Kroning ficou surpreso e quase se engasgou com o vinho que estava bebendo. Por um momento pensou que Thomaz estava brincando.

— Que surpresa! — Realmente é algo que não esperava. — Fala sério? — Perguntou.

— Sim, falo sério. Estou cansado de ir aos mesmos lugares, falar com as mesmas pessoas e ouvir os mesmos problemas. Muitas vezes ouço pessoas reclamando de barriga cheia. Sei que em Angus vocês possuem outra cultura, costumes e deuses. Mas quero tentar ajudar em algo.

— Será sempre bem vindo. Ficaremos felizes em recebê-lo. — Kroning estava realmente surpreso. Estava também desconfiado.

Perguntava-se por que o rico e poderoso rei de Thalin estava querendo fazer visitando seu longínquo e humilde reino. Afinal, nunca Thomaz esteve em Angus, nem mesmo seu pai. Ele nem tinha ideia de quando foi a última vez que um rei de Thalin foi visitar Angus.

Thomaz estava realmente interessado em visitar o local. Ele ouve histórias sobre o reino e gostaria de ver com seus próprios olhos se tudo era verdade. Sabia da pobreza e da alegria que do povo. Sabia da liberdade sexual que existia lá, coisa que não estava muito interessado em experimentar, talvez em seus sonhos mais secretos, mas não ousava pensar sobre isso.

Ele sabia também que em Angus o povo servia vários deuses e isso o fascinava, apesar de considera-los inferiores por isso. Pensava na verdade em ajuda-los. Na sua cabeça, Angus deveria seguir o modelo político, econômico, social e religioso de Thalin. Fato que desagradaria aos moradores de Angus, que se orgulhavam de ser diferentes.

— Devo visitá-lo antes do fim deste verão. Quero ver se Angus é quente mesmo.

— Não prefere esperar pelo inverno? Assim ficará menos quente para o senhor e sua comitiva. — Kroning sabia que o verão do sul poderia ser muito difícil para alguém que não está acostumado. O calor castigava o dia todo e até durante a noite. Sem contar a presença irritante dos mosquitos, abundantes na região.

— Não vou esperar inverno nenhum. Vou antes mesmo do fim deste verão. — Thomaz deu mais uma taça de vinho para Kroning beber e completou.

— Me aguarde, mas não quero luxo, quero passar alguns dias vivendo como vocês vivem.

— Ótimo, ao voltar para casa informarei meu povo. Será muito bem vindo por lá. — Respondeu o rei de Angus, antes de beber uma taça de vinho toda de uma vez. Talvez tentando digerir a ideia.

Kroning ficou alguns minutos pensando sobre o assunto. Ele sabia que teria uma grande responsabilidade, mas sabia que seria uma ótima oportunidade para conseguir algumas melhorias para seu povo.

Thomaz sentou em uma poltrona, o cansaço estava sendo mais forte do que ele. Seus convidados pouco a pouco saiam para descansar em seus aposentos. O salão antes cheio e barulhento estava vazio e silencioso. Esperou o último convidado ir embora, justamente o rei de Angus com quem conversava, para retirar-se e ir deitar em seu quarto.

Ao chegar em seu aposento, ele viu a rainha dormir lindamente, ficou alguns instantes olhando, até se lembrar que quando ela acordar possivelmente ainda estará brava com ele. Beijou a testa de suas filhas, Lynaris e Anna, que dormiam calmamente.

Pôs sua roupa de dormir, deitou e não teve dificuldade em pegar no sono. Mas antes de dormir ainda pensou que o dia saiu como esperado e nada de mal aconteceu. Adormecendo com um sorriso no rosto.

Fabiana Costa
Enviado por Fabiana Costa em 09/10/2012
Reeditado em 09/10/2012
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