A estória de Lu'amor
Lu'amor era uma pequena jovenzinha muito sonhadora, de uma família muito humilde lá do interior... Muito romântica que era, vivia sonhando que um dia um lindo príncipe viria para salvá-la da vida miserável que vivia.
Seu pai Zé da prosa e sua mãe Maria do Verso tinham mais 11 filhos além de Lu'amor, no entanto, alimentar tantas bocas, estava se tornando quase impossível, pois os ganhos na labuta diária não lhes rendiam muitas coisas e os bordados de Maria, estavam ficando desvalorizados, com tanta opção de bordados industrializados dessa era moderna...
Certo dia, um homem estranho e bem arrumado, apareceu na casinha de Zé, e disse que precisava de algumas moças pra ser empregadas em sua fazenda, que era a muitos e muitos quilômetros dali. Ao avistar Lu'amor, ele ficou encantado por ela, muito magrinha pela falta de alimentos, mas uma morena de boca carnuda, olhos verdes e cílios grandes, usava um lenço amarrando os negros cabelos, o que não ocultava como eram compridos...
Logo que a viu, o forasteiro pediu para o pai chamá-la, o pai de Lu'amor, no entanto, muito apegado às meninas, disse: -desculpe moço, mas não poço ajudá-lo, minhas meninas são muito novinhas pra ir viver longe de casa...
Mas eu pago muito bem por ela seu Zé, ao menos essa linda morena que acaba de passar ali...
-Lu'amor? peruntou o pai...
__É Lu'amor o nome dela? Linda demais tua filha!
-O Senhor respeite minha fia, ou eu lhe ponho pra fora daqui com golpes de pá...
__Calma seu Zé... Pense, bem... Se o senhor me deixar levá-la ela terá tudo o que merece, boa comida, boa roupa e uma casa muito melhor que esta...
Seu Zé parou por um instante, pensou... E com lágrima nos olhos, chamou Lu'amor:
-Minha filha, este homem quer que você vá trabalhar na casa dele...
_Não papai! Eu quero ficar com o sinhô, mais mainha e os manus!
-Eu sei filha minha, mas ele disse que
ocê vai ter vida melhor indo trabalhar na casa dele...
__Trabalhar não, eu quero que ela seja minha mulher! Interrompe o homem...
_Não papai! Não faça isso! Não me mande embora com ele! Dizia Lu, em lágrimas...
-Minha filha sinto muito, mas já não posso mesmo lhe sustentar, estamos passando muita dificuldade aqui, ao menos, você terá o que comer e vestir fia...
_não papai!
-Olha moço, o senhor pode levá-la!
O Homem retirou um envelope branco do bolso, desceu do cavalo marrom e foi em direção a seu Zé...
Tome! Este é o dote por sua filha!
Como assim, moço, minha filha tem preço não... Eu só não quero vê-la passar fome!
Eu sei seu Zé, mas lá na minha terra, quando alguém vai se casar, paga-se um dote para o pai da noiva!
Enquanto Lu' com sua trouxinha de pano debaixo dos braços se despede em pranto de sua mãe e irmãos, seu Zé guarda o dinheiro que recebera pela filha...
Benção pai! Adeus! Diz Lu'amor abraçando inconsolada seu pai...
Deus te abençoe filha! Que você seja muito feliz!
O Tal homem dá a mão a Lu'amor para que ela suba no cavalo, e, subindo em seguida, acena com a cabeça para a família da moça, que observam eles se afastando até que no horizonte se perdem de vista...
(Continua...)