VEJA à LUZ .

Luiz começou a trabalhar em uma galeria essa semana, ele é um dedicado estudante de museológica. Não há como contestar sua inteligência e esperteza. Se não fosse como é, de certa não estaria eu á escrever sobre ele, me canso fácil de pessoas tolas como aquela inteligência de marcar gabarito e decorar formulários.

Vivo com essa canseira permanente, porém não é está à questão, à questão é Luiz. Ele tem uma sede por conhecimento surpreendente é lindo e apaixonante o jeito que ele busca aprender todos os dias algo mais. Hoje, fala cinco idiomas e é formado em duas faculdades, viajou por diversos países e leu centenas de livros. Ele quer mais, anseia por mais, o mundo tem tanto afinal, porque nos conformamos com tão pouco.

Acabei por me distrair e não fui para a parte de maior importância do que tenho para contar. O que tenho pra contar estava lá esquecido no porão da galeria sobra de alguma exposição de artefatos antigos e a poeira pairou sobre o objeto como um artista cauteloso mudando sua cor. E continuaria lá se não fosse por Luiz que o achou e com a parte de baixo de sua camisa tirou a poeira vendo um brilho dourado. Esse brilho vinha da luz do lustre que batia na superfície banhada a ouro e voltava para seus olhos hipnotizando-o.

Da luz dourada saíram faíscas de todas as cores possuindo seus olhos e ele mais nada podia ver a não ser a ela branca intensa e maciça. Ouviu algo, a música da criação e depois a uma voz que ora sussurrava em seu ouvido ora era distante. “O que você mais deseja? Não diga eu sinto o seu pensamento mais oculto. Você quer todo o conhecimento do homem, entretanto o teme”... “Vou libertar você do medo, realizando parte do seu maior desejo.”

A música da criação voltou a tocar, ele pode ver o nada e só isso já era enlouquecedor o bastante... O vazio dos momentos antes da criação “Cadê Deus?!” Se perguntou de súbito, ele só via o vazio antes da criação, pois Deus não faz parte do conhecimento do homem. Então das trevas se vez a luz, teve que fechar depressa os olhos senão estaria cego antes de ver o resto da sabedoria humana.

Quando enfim conseguiu abrir os olhos viu o caos das partículas de tudo dançando do nada e um fio puxando-as para seus respectivos lugares no cosmo. O caos dos corpos celestes que sem céu para serem vistos se chocavam em chamas, em gelo, em rocha, em ar se é que pode se chamar de ar elementos gasosos confusos. A música não parava de tocar... E a voz sussurrava e gritava frases em todos os idiomas já existentes desde os primitivos até os que são usados hoje nos mais diversos parlamentos do mundo.

O corpo do mundo uma vez formado sempre modificado. Do calor dos primeiros dias que nunca foram dias de fato se fez a água que caia banhando encima e embaixo do firmamento. As moléculas que um dia foram átomos perdidos e dissipados naquela luz, foram vistas por ele á se juntar e formar seres que de pequenos e simples se multiplicavam em grandes e complexos. Darwin não pode ver de tal forma, se tivesse visto se impressionaria com seus próprios acertos e erros.

Entre esses seres foram feitos alguns a imagem e semelhança... Semelhança onde? Ele viu fêmeas escolhendo seus machos e povos nômades em paz, vivendo do que tinham quando tinham, também viu povos que nada tinham se matando por batatas. Seres humanos foram escravizados desde o começo dos tempos por outros seres que se diziam humanos. Tantas culturas lindas e cintilante cheia de cores passavam pelos seus olhos. Para que ele pudesse lembrar a beleza da espécie que obedeceu a ordem de ser fecundo, multiplicando-se, enchendo e submetendo a terra a sua “dominação”. Talvez essa seja a única ordem obedecida de fato.

A luz intensa branca e maciça o envolveu e um cheiro forte de hospital foi até seu nariz. “Graças a Deus ele acordou!!” escutou a voz vibrante de sua mãe... As enfermeiras vieram depois e explicaram que há dias ele estava a arder em febres sem reagir a nenhum tratamento sem dar sinal de nenhuma enfermidade específica, só estava quente e imóvel. Sua mão estava fechada e não a forçaram mais por medo de lhe quebra os ossos. Quando ele abriu com os olhos fixos no conteúdo minúsculo, uma pequena lanterna dourada na palma da sua mão. Uma voz suave veio aos seus ouvidos “Queres ver o resto?!”, ele sem pausa pra pensar respondeu “Mesmo que eu exploda quero ver tudo o que tu tens”.

Bela Pessoa
Enviado por Bela Pessoa em 11/09/2012
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