Do Luxo ao desespero
Rio,13/08/12
Era no mês de maio que eles se casaram. Mês das noivas, como toda mulher feminina e vaidosa sonha um dia realizar. Luísa conversava com seu psicanalista. Deitada sobre o divã, acendendo e apagando um cigarro atrás do outro, narrava com cuidado e presteza todo seu momento de alegria até chegar ao desespero:Quarta filha de uma família conceituada e rica de São João Del Rey. O mais velho foi encaminhado para ser médico. O segundo filho deveria seguir os votos sagrados da Santa madre Igreja, o terceiro se encarregaria do gado e d toda a fazenda, enquanto ela couberia se tornar bailarina. A principal do corpo de balet do Teatro Municipal de Belo Horizonte.
A família era fervorosa e todos os domingos estavam na igreja. Depois disso, almoçavam juntos e se sentavam na sala cada qual contando o que fez de bom durante a semana, mostrando fotos enfim, exemplo de família perfeita.
Quando conclui a faculdade de Dança aos vinte e seis anos, conheceu um rapaz que era oficial da Aeronáutica. Não seu importância para o buquê de rosas que recebeu no primeiro ensaio que fez para entrar no corpo de balet. Porém, notou que ele insistia colocando uma rosa no para-brisas de seu carro. Quando pegava a rosa encontrava nesta, pequena letra de ouro no formato la primeira letra de seu nome. E isso foi amolecendo seu coração a medida que recebia cada rosa e as letras formavam o nome todo e o pedido principal:_"Luísa, quer casar comigo?
Luísa se derreteu toda. E não viu outra alternativa senão apresentá-lo a sua família que o recebeu gentilmente. Falava mais de dois idiomas, de família tradicional militar. Era um ótimo partido. Os preparativos do casamento foram sendo feitos após o noivado que lhe rendeu um solitário de diamante. E um bolo com duas taças de cristal contendo cada uma delas um laço de fita rosa e azul. Luísa parecia subir nas nuvens. Todas as suas amigas morriam de inveja. As primas pediam a Deus uma sorte dessas. Homem não estava fácil para ninguém. Luísa tirou a sorte grande.
No dia do casamento, um ano depois de namorarem como casais decentes. A Candelária abria suas portas para receber os noivos e cerca de setecentos convidados, Os enfeites muito bem ornamentasdos entre as rosas azuis e cor de rosa. Era uma fantasia na vida real. Tudo para fazer feliz aquela mulher. E os noivos tiraram fotos de todos os momentos. Eduardo era conhecido de pessoas dentro da Marinha que fizeram questão de lhe presentear com as espadas cruzadas sobre ambos.
Passaram a lua de mel na Suíça.
O primeiro tormento foi na noite de núpcias. Eduardo levou dois amigos para fazerem orgia. Luísa reclamou e logo recebeu alguns tapas no rosto. A lua de mel se transformava em lua de fel. Exigia que comesse aapenas cem grama por dia. Os dias foram passando e Luísa percebeu que havia se casado com um monstro. Ele a ameaçava com o uso da espada que cruzou-os no cosamento. Pegava a echarpe dela lançava para o alto e a cortava sem omínimo de esforçõ; Impediu-a de se comunicar com familiares e amigos. E quando chorava dizia que ía dar sumiço nela e, ninguém mais a veria.
Luísa acabava sempre sozinha no apartamento que ele compro na Suiça sem pressa de voltar. Havia momentos que parecia que ia enlouquecer. Ás vezes sentia fome. E Eduardo pedia o serviço de jantar e chamava os tais amigos insinuando que permitiria que ela comesse apenas se aceitasse a orgia.
Sem ter nem poequê atirava as coisas longe. Quebrava o espelho e ameaçava se matar impondo a ela a culpa pela falta de noostalgia sexual que tanto almejava. Luísa rezava escondido porque não permitia que fosse nem na igreja. Certo dia ele bateu nela porque se defendeu de seu amigo desbocado. O arranhou todo. Estava marcada de cintoE no desespero resolveu fingir que concordava com ele. Começou a procurar seu passaport e documentos que havia escondido. Guardou algun dinheiro que ele lhe dava. Colocou langerie sexi e tentou seduzí-los. Porém, algo lhe chamou atenção na cozinha e foi ver o que era. Havia esquecido a panela de água fervendo no fogo, qual pretendia atirar contra eles e aproveitar omomento para fugir.
Quando voltou ao quarto ficou surpresa com o que viu. Seu esposo, o Eduardo fazendo sexo com dois homens. Nojo, revolta imundície. na cama em que dormiam. Que ódio profundo tomou conta de Luísa. Voltou na cozinha pegou a panela de água fervendo e voltou no quarto aos berros. "_Bando de vagabundos! Quem vocês pensam que sou para me fazer compactuar com isso"
"_Calma, Luísa eu posso explicar!"
Explicar o quê na altura do campeonato. Queria fazer de Luísa um brinquedo de uso. Mas, pegá-lo naquelas condições subhumanas. Era revoltante. Impossível aceitar. pegou a panela e jogou a água fervendo nos dois. E não satisfeita, tocou fogo em tudo quando o corpo de bombeiro chegou e o caso de Luísa foi parar nos jornais. A moça ficou fora de si e acabou numa clínica para doentes mentais, quando a família tonou conhecimento do caso e foram buscá-la. Agora, nem tanto recuperada conversava com o psicanalista depois de visitar a Delegacia de Mulher e acionar a Lei maria da Penha porque o esposo a ameaçava por telefone, e-mail, faz.
Luísa não se recuperou prontamente. Recebeu a visita de jornalistas interessados no caso dela. O desespero afetava seus nervos, de tal modo que ficaria dependente de remédios por toda vida. O psicanalista e até os jornalistas notavam seu olhar desconfiado e pavoroso. Luísa era apenas uma mulher que viveu Do luxo ao desespero".
Desde que saiu a lei Maria da Penha que defende mulheres vítimas de agressão, quer seja física ou psicológica. apenas mulheres da classe baixa faziam esta denúncia. Atualmente, este fato contribui para que todas as mulheres do país coloquem a boca no trambone contra seus agressores.
Lei 11;340
(D da M )32198600