O mistério da múmia
O mistério da múmia
Ronaldinho um projeto de adolescente, que ainda não havia desabrochado, em seus quase doze anos, ensaiava escondido, engrossar a voz, e muitas caretas e trejeitos em frente ao espelho. Sonhava secretamente em aparecer para Alexia, sua musa inspiradora.
Alexia, a professora de História, trabalhava duramente, lecionando em cinco escolas para montar um salário digno. Amava o que fazia, e sua recompensa, melhor do que o salário no fim do mês, era despertar nos alunos o interesse pelos estudos. Após dez anos de profissão, ainda mantinha aquele brilho nos olhos, quando pisava no tablado para ensinar. Alguns alunos simplesmente desconheciam sobre o que ela falava, obtendo fracasso total nos resultados das provas, outros como Ronaldinho, adoravam a matéria, a professora, e encantavam-se com os estudos.
Naquele bimestre estudavam Egito Antigo, e tinham combinado um passeio ao Museu na Quinta da Boa Vista para aprofundarem os conhecimentos sobre o assunto. A direção da escola junto com os professores, escolheu alguns alunos, entre eles estava Ronaldinho. Ele ficou especialmente encantado com as múmias. Resolveu fotografar, tudo o que se relacionasse aquela civilização. Com muito jeito, com seu celular, conseguiu fazer muitas fotos, dos artefatos egípcios e dos sarcófagos e das múmias.
Todos os dias, Ronaldinho dava uma espiada nas fotos que tinha tirado no museu, e olhava especialmente para aquela que julgava sua princesa. Sonhava de olhos abertos e de olhos fechados com a vida no antigo Egito. Uma hora era um sacerdote, outra hora era um escravo trabalhando na construção das pirâmides, outra hora era um escriba. Acordava muito suado, e muito agitado. Certa noite, sonhou que estava dentro de uma pirâmide. Era mais alto, magro, e estava acompanhado de uma jovem de cabelos longos, lisos e escuros. Ela vestia uma espécie de túnica de linho, e lhe apontava algumas pinturas em um sarcófago. O sonho terminou repentinamente. Era madrugada, ele foi acordado, pelos tiros dos fogos de artifício, soltos por um balão que flutuava nos ares da cidade. Foi até a janela, e olhou pensativamente para o firmamento, as estrelas, o Cosmos. Sonolento, voltou para sua cama, e sonhou, um sonho bonito de menino adolescente, possuído pelos encantos românticos de sua primeira paixão. Estava no Antigo Egito, acompanhado de uma linda princesa, muito parecida com uma menina de sua turma, a Grace. Eram semelhantes, só que a Grace não tinha aquele cabelão liso da princesa egípcia.
No dia seguinte, por coincidência, tinha aula de História. A Grace sentou-se ao seu lado. Conversa vai, conversa vem, acabaram comentando o passeio ao Museu. Ele segredou-lhe as fotos que conseguira tirar, ela sorriu fingindo não acreditar. Ele afirmava que tirava várias fotos, especialmente da múmia, e contou à história que ouvira falar sobre o mistério da múmia. A Grace nada boba continuou ouvindo fingindo que estava interessada, na verdade, o que ela queria mesmo era ficar ao lado do Ronaldinho, pois como ele, sentia os impulsos da primeira atração afetiva. Pensava consigo mesma, que aquele menino era muito interessante, pena que falava demais e só vivia com a cabeça no Egito. Ela ia dar um jeito nisso.
Com o passar do tempo e muitas conversas depois, Ronaldinho e Grace começaram a namorar. As outras meninas, que se interessavam por ele também, ficavam loucas para saber como Grace conseguira fisgá-lo. Grace é claro, esperta como era, piscava um olho e dizia: Conquistei o Ronaldinho, graças ao “Mistério da múmia”, isto é ficava calada, ouvindo, ouvindo, ouvindo, muda como uma múmia, mas com as mãozinhas bem ligeiras, acariciando o rostinho belo e carente de Ronaldinho.