No quinto ano do reinado de Sarklem II, a guerra contra as Ilhas Tziw terminaram. A população saciada de tantos conflitos festejou a paz. No retorno das tropas à capital, o rei Sarklem II prestou homenagem ao comandante das forças, o bravo General Assam. Em sua honra, entregou-lhe uma espada confeccionada em puro ouro, dotada de um fio perfeito e infalivelmente mortal, trabalho feito por anos a fio pelo celébre mago Dwartho.
Mas apesar da alegria o rei não pode ocultar do bravo soldado que um horrível desastre se abatera sobre ele. Na sua ausência, sua esposa Rothwa e seu filho Bhor sucumbiram a uma febre misteriosa. o rei ofereceu-lhe castelos e terras imensas como compensação pelas perdas. O general, no entanto, não aceitou as recompensas e retirou-se para suas propriedades sozinho.
Os dias e as noites se passavam e Assam, sempre insone, vagava pelos salões, corredores, arcos e torres de sua herdade, o peito apertado, o espírito conturbado e o olhar baixo, triste e opaco. Pensava em se matar; o amor que sentia pela mulher e pelo filho - agora transmudados em um desespero de ausência - retirava-lhe todo prazer de estar vivo.
Mas apesar da alegria o rei não pode ocultar do bravo soldado que um horrível desastre se abatera sobre ele. Na sua ausência, sua esposa Rothwa e seu filho Bhor sucumbiram a uma febre misteriosa. o rei ofereceu-lhe castelos e terras imensas como compensação pelas perdas. O general, no entanto, não aceitou as recompensas e retirou-se para suas propriedades sozinho.
Os dias e as noites se passavam e Assam, sempre insone, vagava pelos salões, corredores, arcos e torres de sua herdade, o peito apertado, o espírito conturbado e o olhar baixo, triste e opaco. Pensava em se matar; o amor que sentia pela mulher e pelo filho - agora transmudados em um desespero de ausência - retirava-lhe todo prazer de estar vivo.
Depois de meses trancafiado em sua propriedade, em uma manhã fria de fim de outuno, uma pequena charrete parou diante dos portões do pátio interno. Assam, de um dos passadiços externos do castelo, notou uma mulher jovem, envolta em um manto de pele de urso, descer do carro e, com os braços em volta de uma forma indistinta envolta em um cobertor vermelho, ergueu o olhar na direção das janelas superiores do prédio, como se esperando ver alguém.
Assam acenou, perguntando:
'Que desejas mulher?'
A jovem mulher de olhos cinzas que se destacavam contra o dourado das folhas outonais que cobriam boa parte do terreno em volta dos muros do castelo respondeu, alçando a voz para ser ouvida:
'Procuro o senhor de Assam!'.
'Não sou senhor de nada, mulher! Esta é a minha casa. O que queres?' - replicou Assam, enfastiado.
'Agradecê-lo, senhor! Venho das ilhas de Tziw! Da aldeia de Thorbhe. E meu nome é Serama.'
Ilhas Tziw. Aldeia de Thorbhe. Assam olhou para a imensa cicatriz que atravessava seu antebraço até o cotovelo. O golpe de espada do General Swerrow, ao tentar fazer valer sua ordem para incendiar a aldeia e matar todos os habitantes. O golpe de espada sofrido por Assam antes dele degolar Swerrow e conseguir, assim, poupar a aldeia.
'Não precisa agradecer nada, mulher. Vá embora!'. - replicou Assam, dando-lhe as costas e continuando a andar pelo passadiço.
De repente, um som doce e melodioso, composto pelo que soava como milhares de vozes, sons, murmúrios e sorrisos de crianças encheu o ar gelado. Assam então viu a silhueta informe nos braços da mulher fitá-lo, o rosto oval e ornado por lindas bochechas rosadas e mãozinhas que se abriam e fechavam como se enviassem uma cálida saudação.
Assam cerrou as sombrancelhas; o que estava acontecendo? De onde viriam aquelas vozes, os sorrisos de alegria infantil entregues a infindáveis folguedos?
A mulher acenou-lhe e voltou à charrete, levando consigo a pequena criança em seu cobertor vermelho.
Depois então, não houve mais um dia de silêncio no nebuloso castelo do general Assam. Milhares de crianças invisíveis se agitavam pelos salões e pátios, rindo, gritando, às vezes até chorando, mas sempre vivos e presentes, espalhando a sua voz por todos os recantos, como o cheiro dos lírios que brotavam à noite.
E Assam julgou um dia, dentre as muitas centenas de vozes que o cercavam, distinguir a voz de Bhor. Mas logo sorriu, divertido. Bohr agora já seria um rapaz crescido e não estaria, por certo, a divertir-se em brincadeiras de criança. Estaria, quem sabe, cuidando delas, como um irmão mais velho, sempre atento, eterno e único senhor do castelo.
'Que desejas mulher?'
A jovem mulher de olhos cinzas que se destacavam contra o dourado das folhas outonais que cobriam boa parte do terreno em volta dos muros do castelo respondeu, alçando a voz para ser ouvida:
'Procuro o senhor de Assam!'.
'Não sou senhor de nada, mulher! Esta é a minha casa. O que queres?' - replicou Assam, enfastiado.
'Agradecê-lo, senhor! Venho das ilhas de Tziw! Da aldeia de Thorbhe. E meu nome é Serama.'
Ilhas Tziw. Aldeia de Thorbhe. Assam olhou para a imensa cicatriz que atravessava seu antebraço até o cotovelo. O golpe de espada do General Swerrow, ao tentar fazer valer sua ordem para incendiar a aldeia e matar todos os habitantes. O golpe de espada sofrido por Assam antes dele degolar Swerrow e conseguir, assim, poupar a aldeia.
'Não precisa agradecer nada, mulher. Vá embora!'. - replicou Assam, dando-lhe as costas e continuando a andar pelo passadiço.
De repente, um som doce e melodioso, composto pelo que soava como milhares de vozes, sons, murmúrios e sorrisos de crianças encheu o ar gelado. Assam então viu a silhueta informe nos braços da mulher fitá-lo, o rosto oval e ornado por lindas bochechas rosadas e mãozinhas que se abriam e fechavam como se enviassem uma cálida saudação.
Assam cerrou as sombrancelhas; o que estava acontecendo? De onde viriam aquelas vozes, os sorrisos de alegria infantil entregues a infindáveis folguedos?
A mulher acenou-lhe e voltou à charrete, levando consigo a pequena criança em seu cobertor vermelho.
Depois então, não houve mais um dia de silêncio no nebuloso castelo do general Assam. Milhares de crianças invisíveis se agitavam pelos salões e pátios, rindo, gritando, às vezes até chorando, mas sempre vivos e presentes, espalhando a sua voz por todos os recantos, como o cheiro dos lírios que brotavam à noite.
E Assam julgou um dia, dentre as muitas centenas de vozes que o cercavam, distinguir a voz de Bhor. Mas logo sorriu, divertido. Bohr agora já seria um rapaz crescido e não estaria, por certo, a divertir-se em brincadeiras de criança. Estaria, quem sabe, cuidando delas, como um irmão mais velho, sempre atento, eterno e único senhor do castelo.