O Tonel de Prata

01

Eram nove horas quando chegaram ao Tonel de Prata. Uma estalagem feita numa curva da estrada, na encosta de uma serra, na cavidade da rocha.

Os fundos e as laterais eram protegidos por paredões de pedras. Somente a frente era acessível ou vista.

À primeira vista parecia uma cabana de madeira vista por fora, mas para quem entra vê o quão grande é. Não se sabe até onde a cavidade vai dentro da rocha.

O Tonel de Prata possuía três compartimentos na parte da frente. Na parte de baixo tinha o bar e a cozinha e aceso para as escadarias e os corredores.

Os quartos e a casa do estalajadeiro, Saul, um velho gordo e ocioso, de barbas e cabelos brancos, ficavam na parte de cima. Os quartos dos hóspedes e viajantes começavam a partir dos corredores escuros.

Não tinha cocheira em Tonel de Prata, mas os viajantes a cavalo deixavam suas montarias do outro lado da estrada num pasto, improvisado e cercado pelo velho Saul, tinha pastagem e água. Logo atrás do pequeno pasto havia uma densa floresta.

A frente da estalagem não tinha jardim nem calçadas nem nada. Só uma cerva velha e toda fechada que não dava dois metros de altura. Valco imaginou que se não quisesse pulá-la, caso precisasse, arrebentaria ela num golpe só. Ponderou que poderia fazer os dois.

Fiel e Valco chegaram à varanda, depois de passarem por um caminho feito de pedras soltas, ladeados por uma grama aparada. Passaram pelas portas duplas. Suas botas faziam barulho no piso de madeira, enquanto Fiel marchava silenciosamente. Atravessaram o grande salão do bar.

Duas ou três mesas estavam cuidadosamente alinhadas, ao lado de um grande piano de madeira, que era martelado em cordas feitas de tripas de carneiro.

No centro do salão tinha uma grande mesa redonda de jogos com nove cadeiras em volta, mais a frente e a direita, havia uma escada que dava para o compartimento de cima, depois da escada o piso fazia um degrau, ali havia somente acesso ao banheiro e à cozinha, Valco ficou imaginando quem construiria uma cozinha ao lado de um banheiro?

À esquerda havia um balcão, razoavelmente limpo, feito de madeira e talhado figuras estranhas na borda e atrás, onde fica o atendente ou o garçom, uma prateleira com vários potes e garrafas de bebidas.

E um pouco antes, quase detrás de onde Valco se posicionava agora, havia mais algumas mesas.

Das janelas do salão do bar Valco só conseguiria ver os paredões de pedras para os dois lados. Precisaria se virar e olhar pela janela da frente que dava para a estrada, para ver a estrada que virava a direita e o pequeno pasto com a floresta por trás. A sua direita começava os corredores escuros.

Um lugar rústico e simples, que nem se compara com as estalagens do reino, mas que serviria para passar a noite. Ou dormir uma tarde qualquer. Somente a menção de Castélia em seus pensamentos o fez gemer. E deu vontade de beber uma cerveja.

Valco se virou, posicionando de frente com a janela da direita para quem entra e observou o paredão de pedra.

- Dali – imaginara - O lugar deve escurecer rápido, já que o sol, lá pelo meio-dia, começa a sumir atrás da serra. - Deduzia. - A julgar pela floresta próxima, aqui deve fazer muito frio também - pensou, ficaria só esta noite e partiria de madrugada, que era o mais correto a fazer.

O lugar estava vazio a não ser por um rapaz magrelo que se posicionava por detrás do balcão, olhava de vez em quando para os recém chegados, uma vez para Valco e outra vez para o lobo e enxugava freneticamente as mãos num trapo encardido que ficava por ali. Cinco foram às vezes que Valco pode contar, pelo menos, que o rapaz passara o pano encardido sobre o balcão. Desde que estavam ali.

Disse, quando Valco se aproximou:

- O que desejam Senhores? – colocou o trapo no ombro e enxugou as mãos no avental igualmente encardido – Vão querer um quarto, um banho e uma bebida talvez? Serviremos o jantar às duas da tarde, as noites são longas por aqui. Poderão cear as oito da noite. E o chá não é tão ruim.

- Gostaria. – disse Valco – O cão pode ficar comigo? Se Valco não fosse tão imaginativo poderia jurar que Fiel olhou para ele asperamente e dissera - Lobo! Sua alva pelagem branca brilhava.

- O quarto fica pelo mesmo preço Senhor – disse o rapaz - Mas terá que pagar pelo que ele comer. Sou Jeff, o Magrelo, às suas ordens.

-Valco, dos Ventos e Fiel, o Branco – retrucou Valco – Estamos de comum acordo quanto ao quarto e a comida. Jogou uma moeda de ouro sobre o balcão.

O Magrelo mordiscou o canto da moeda, poliu-a no avental e ergueu a moeda para observar melhor aproveitando a claridade do dia.

Indicou para que Valco o seguisse. Entregou um molho de chaves de ferro antigas e apontou o primeiro corredor escuro:

- Quarto vinte e nove.

- Espere – uma voz grave interpelou os dois. Era o velho Saul, o Estalajadeiro. – Talvez queira no andar superior?

- Perdão? – disse Valco

- Olá Cavaleiro. Sou Saul, o Velho. – saudou – Temo que não tenha um quarto mais nobre. Porém os do andar superior são um pouco mais refinados, digamos.

- Agradeço senhor. Sou Valco dos Ventos, porém não sou nobre.

- Vejo que vem do reino. São figuras raríssimas por aqui. – disse Saul, ordenando para que o Magrelo voltasse a seus afazeres e chamando Valco num canto. – Temo que os corredores escuros não seja um bom lugar para o senhor. Deveria aceitar o meu conselho e subir. Mais gente aqui gostaria de saber que há pessoas do reino hospedado aqui.

Depois dessas palavras Valco não hesitou mais um instante e subiu para o compartimento de cima.

- Tem troco, lhe darei quando for embora assim que somar eventuais despesas que poderão surgir – disse olhando para Valco.

- Correto – respondeu Valco sem se virar.

Abrira a porta indicada pelo velho, que havia trocado as chaves e adentrou silenciosamente ouvindo somente o “toc” das botas, no assoalho de madeira. Trancou a porta com um ferrolho justamente e previamente deixado ali, logo assim que Fiel entrou.

O quarto tinha uma janela que dava para os paredões de pedra, abriu e olhou para baixo. Um corredor estreito se estendia de fora a fora, caberia um homem ali e a janela não estava mais do que quatro metros de altura. Calculava uma possível rota de fuga.

Fiel se prontificou a ficar de guarda assumindo seu posto ao pé da cama, de frente para a porta, não precisaria dormir mais do que fizera essa madrugada passada.

Igual a Valco, não confiava naquele lugar. Valco estava exausto, caiu pesadoramente na cama e dormiu uma leve madorna sem sonhos.

Logo escureceu e lampiões foram acesos, um frio gélido começou a espalhar pelo lugar como Valco previra, alguns ocupantes anunciavam o começo de mais uma longa noite na estalagem iniciando os jogos e as bebedeiras, Jeff estava acendendo a lareira.

02

Eram cinco horas da tarde. O frio era mais intenso nesse período. O vento lá fora chiava nas pedras e a escuridão era comparada a de meia-noite noutro lugar.

Pouco a pouco mais pessoas apareciam e enchiam cada vez mais o lugar. Cinco ou seis pessoas apareceram do corredor escuro, estavam dormindo nos compartimentos internos. Três viajantes acabavam de chegar e ocupavam seus lugares: um deles sentou numa mesa separada e os outros dois na mesa de jogos.

Dois beberrões, que eram de alguma província não muito longe dali, acostumavam freqüentar o lugar e naquele dia não foi diferente. Já ocupavam seus costumeiros lugares no bar. Várias outras pessoas também estavam presentes.

Lá fora, um grande cavalo negro estava selado e amarrado na cerca velha. Outros cincos ou seis pastavam e uma carruagem, pequena e velha, estava estacionada na beira da estrada velha, de frente para a estalagem.

Lá dentro as coisas começaram a ficar mais animadas. E o ambiente mais aconchegante à medida que o calor do fogo da lareira mandava pouco a pouco o frio embora.

Sons de conversas e risadas se confundiam e no ar e as fumaças de cachimbos e cigarros se juntavam com as da lareira sob as luzes amareladas dos lampiões. Na mesa de jogos três homens assistiam duas duplas disputarem um Truco Provinciano e no balcão três outros sujeitos tomavam cerveja.

Valco descera minutos depois que o último interno saiu do corredor escuro. Foi ao banheiro e segundos depois se acomodava no balcão pedindo uma cerveja e um naco de carne para o lobo. Enquanto bebia pôde observar o lugar e as pessoas calmamente.

Do lado esquerdo de Valco estavam sentados dois sujeitos, visivelmente bêbados e tagarelas. Usavam surradas roupas de couro, chapéu e botas velhas, bebiam e falavam animadamente. Um era Patrício, um provinciano, era assim que chamavam os vizinhos das aldeias próximas, fora um homem hábil e experiente noutras datas, teve família possivelmente filhos, fora também um homem muito trabalhador. Infelizmente a seca e a miséria devastara a região onde morava obrigando-o procurar trabalhos em outras paragens. Valco se lembrara dos viajantes vindos do leste, na caravana que cruzara seu caminho, um leve sorriso surgiu repentino no seu rosto, lembrou de Fabian.

Não conseguia vê-la como uma criança, que era, mas a Fabian que aparecia em seus sonhos era uma mescla da menina da caravana com sua prima Ariana, a princesa. Uma linda guerreira de olhos verdes.

Patrício fora nômade-viajante como os da caravana, mas não tivera a mesma sorte. Seus filhos foram capturados como escravos, provavelmente e a mulher fora tomada por outro homem, talvez rico e fazendeiro enquanto Patrício se entregava à bebida. A história verdadeira, que Jeff contara para Valco posteriormente, era quase igual a que deduzia naquela hora.

O outro homem era Lamek. Tinha sido um fazendeiro rico e provavelmente um destes que possuíra mulheres e riquezas dos outros. Talvez tenha destruído sonhos e muitas famílias alheias. Mas a justiça nunca tarda e quando vem cobra cada centavo. As pragas não tardaram para invadirem as terras de Lamek, as doenças levaram todos os seus gados e rebanhos, seus filhos foram feito escravos dos Orcs nas guerras do Norte e a miséria também visitou e assolou a sua vida pelo que suas mulheres também o abandonaram e o pouco que ficou foi levado pelos piratas. Conforme Valco soube depois.

- Dizem que já estavam aqui – falou Jeff para Valco – Quando o velho Saul comprou a taberna, esses dois já freqüentavam o lugar, olha que faz mais de sete anos que estou aqui.

Valco fez que sim com a cabeça e tomou mais um gole de cerveja. Virou-se no banquinho redondo ficando de costas para o balcão e escorou um dos braços em cima dele. Observava a mesa de jogos.

O Truco Provinciano parecia estar animado, os jogadores que estavam levando a melhor levantavam e batiam na mesa, sempre gritando e bebendo cerveja. Os perdedores, às vezes numa onda de sorte, revidavam aos berros. As duplas que jogavam eram Zemárcio e Júlio, contra Hu e Marcus, os três que inicialmente assistiam eram Domécio, Manul e Abelardo. E outro homem que se sentou, poucos minutos antes, na mesa de jogos, chama-se Alel.

Próximo de Valco tinha um sujeito sentado, do lado contrário dos bêbados, observava a mesa de jogos também, de costas para o Balcão igual à Valco. Foi ele quem puxou conversa com Valco.

Seu nome é Lao, não tinha mais que um metro e vinte de altura, braços e pernas curtos porem robustos, se vestia de couro e peles e usava uma espécie de colete de escamas. Calçava uma bota fina e bem limpa. Valco imaginou que era usada somente em raras ocasiões e que talvez na maioria do tempo o sujeito vivesse descalço. Lao tinha uma barba longa e uma vasta cabeleira, os cabelos eram pretos e lisos. A barba, porém, era um pouco ondulada e se dividia em duas longas tranças. Era um anão e dos maiores.

Grande e respeitado mineiro das montanhas, possuía um belo par de olhos castanhos e uma grave e compassada voz. Começou a contar para Valco um pouco a respeito do grupo na mesa de jogos depois de traçarem os cumprimentos costumeiros e cordiais.

- Zemárcio, Júlio e Domécio são viajantes que vieram na carruagem, que está estacionada na estrada – disse o anão - O cocheiro é Zemárcio, mãos de Couro, nascido e criado na roça. Tem muita habilidade com criações de gado e cavalos e o transporte em carruagens foi um dos últimos negócios da sua família. Família que já não existe mais.

A carruagem e dois cavalos velhos e cansados foram tudo o que restou e ele era o último membro vivo. A herdade no norte foi vendida para saldar dívidas. Ganhava a vida transportando poucos e corajosos viajantes que se arriscavam aventurar em busca de uma vida melhor.

Júlio e Domécio eram irmãos, Júlio, o Veloz, é o mais velho também primogênito de uma geração de sete irmãos. Ganhou a vida nas competições e campeonatos em vários lugares e reinos, era corredor, participava de um esporte chamado Labirinto em que vencia quem era o mais rápido montado em um cavalo. Júlio levara muito ouro para casa e ainda guardava um pouco do que ganhara. O fato é que os jogos não aconteciam mais. Começou a viajar com o irmão menor e caçula da família, Domécio, o Pastor, que granjeara o ouro do irmão com criações de ovelhas.

Hu, o Cachimbeiro que jogava de parceiro com Marcus, era baixo, moreno e tinha um rosto liso e sombrio. Usava um chapéu pontudo, roupas de pele de coelhos, botas de couro e calça de algodão. - Leva um alforje de couro no ombro onde guardava os seus cachimbos.

Marcus, o Negro, era o mais notável da mesa, tinha uma risada horrenda e profunda. Olhos penetrantes. Vestia uma roupa preta de algodão bem trabalhada e uma capa roxa com o forro vermelho escarlata. Cintos e braceletes de ouro, alguns anéis e correntes espalhados ornalmentamente pelo corpo. Seu chapéu era duro e cônico, seus dedos finos e esguios eram ligeiros nas cartas que não perdiam uma jogada.

- Um Bruxo! – disse o anão para Valco – Tenho certeza, pois já vi muitos dessa laia. Arranca tua alma se você deixar e ainda come a tua carne.

Voltaram a beber em silêncio. Fiel deitou nos pés de Valco e cochilava.

- Tem um belo lobo, amigo! – disse uma voz para Valco. Era Abelardo, tinha saído da mesa de jogos e veio ao balcão tomar uma cerveja. Era um pouco mais alto que o anão, mas era realmente baixo para a um homem. Usava um chapéu de couro e jaqueta de peles, andava de um modo estranho. Não haveria nada de estranho com o homenzinho se julgasse da cintura pra cima, mas o que chamava a atenção eram as pernas tortas do sujeito. Só que ele andava com habilidade e leveza.

Valco o observara quando deixou a mesa. Usava uma calça larga de couro. Valco olhou para baixo - Não tem pés, mas cascos. É um fauno!

- Fiel, o Branco. – disse Valco apontando para o lobo branco enquanto o fauno o observava – Meu amigo, meus olhos e faro.

- Tem um belo amigo. – disse o Fauno - Sou Abelardo Casco Nobre, venho da Floresta e pelo que vejo você deve vir de Castélia. Algumas pessoas olharam para os três no balcão. Outros fizeram silêncio. Valco não respondeu e os três se puseram a beber novamente. Continuavam quietos e por mais que o bar estava movimentado e barulhento parecia que estavam hipnotizados, envoltos aos seus próprios pensamentos.

03

Deram uma pausa no jogo e Manul, o Contador de histórias, começou a narrar suas lendas.

Contava histórias de lugares e reinos distantes, falava de heróis e soldados que há muito tempo esquecidos, tantos nomes e lugares estranhos que Valco se sentira fora de Castélia e até fora da própria Gládia.

Contou boatos de um monstro chamado Chupacabras, que atacavam pastores num povoado chamado Bree, nas terras leporinas.

Valco ficou atento para os detalhes.

Falou da seca, das pragas e de rumores de uma guerra geral que se aproximava, Chamavam de A Primeira Guerra Gladial já Alel a ouvira muitas vezes de A Primeira Grande Guerra.

Contara também que dragões provocavam incêndios e atacavam os gados em fazendas distantes e que os dragões eram inteligentes e gananciosos. Onde atacavam, levavam todo o ouro e pedras preciosas.

Falara das Terras Geladas ao nordeste, que uma Esfinge Leoa a reinava.

Valco e Abelardo se afastaram um pouco e foram sentar numa mesa reservada, num dos cantos do salão. Enquanto os outros estavam distraídos ouvindo as histórias mirabolantes de Manul, podiam conversar sossegados. Fiel veio e sentou por perto.

- Sei que os Faunos são aliados do reino meu amigo. – disse Valco – por isso me reconheceu, mas preservo minha identidade. Não confio neste lugar.

Abelardo baixou o tom de voz e disse:

- Desculpe cavaleiro! – disse Abelardo - Não tive a intenção. E nós faunos, morreremos por vós se for possível.

- Sei disso - continuou Valco, enquanto dois pares de olhos olhavam discretamente para os dois – Estou em missão para o Norte e Leste.

- Está indo para os piores lugares. – disse o fauno apreensivo – Temo por sua vida, não há nada lá além de fome e miséria. Talvez haja essa Grande Guerra que todos incessantemente falam.

- Mas sempre há esperanças – concluiu Valco – aliás, tudo aqui estará em guerra em breve.

- E sempre haverá esperança – disse uma voz de repente. Era de Alel. Os dois quase pularam de susto – Mas não aqui senhores e para dois sujeitos estúpidos a ponto de falarem tão alto. Querem conversar lá fora?

Os quatros saíram lentamente, Alel, Valco, Abelardo e o lobo. Passaram pela varanda, atravessaram o gramado e as pedras e viraram para a direita tomando a estrada. Caminharam uns cento e cinqüenta metros e pararam onde a estrada começava a curva. Valco estaria apreensivo e até com medo ali na presença do estranho, mas isso não acontecia, sentia uma estranha tranqüilidade e uma calma profunda. O Fauno sentia o mesmo.

Estava muito frio e o vento gelado vindo das montanhas castigava, pareciam facas que atravessavam a carne e cutucava até os ossos e a lua não clareava o suficiente, estava um breu. Mas ali conversariam tranqüilos, longe de ouvidos e olhares curiosos.

- Quem é você? – perguntou Valco, ao estranho.

Alel tirou o casaco e dois pares de asas brilhantes se abriram nas costas dele, um clarão tomou o lugar e todo o corpo dele brilhava. Valco observou sua pele branca e as veias translúcidas parecem que percorriam luzes azuis. Raios e lampejos percorriam pela pele. Seus olhos eram como faíscas.

- Eu sou Alel, o Filho do Trovão, Soldado dos exércitos da Luz. Fui enviado pelo da Fênix para proteger a Valco e a quem que o seguir e for amigo, até que chegue são e salvo até a grande fenda, ali começa sua importante missão, talvez eu vá até Bree, mas não lhe garanto.

O Anjo baixou as asas e colocou novamente o casaco. O brilho diminuiu e o seu semblante era novamente o de um humano.

- Não fique mais nesse lugar Valco, deve partir de imediato, sua vida corre perigo. O anão estava certo quanto a Marcus, ele é um bruxo poderoso e busca sua alma. Não sei a intenção dele aqui, mas enquanto ele jogava, nós pelejávamos em pensamento. Tentou investir contra a sua alma por diversas vezes e eu o impedi. Você estaria possuído e a seu governo se eu não estivesse aqui.

Deixei claro para ele que não te tocasse nem o encantasse, está fora de perigo quanto ao bruxo, por enquanto, mas não deve ficar mais aqui.

- Partirei de imediato – disse Valco – e quais são as notícias do oeste?

Alel dera a pior noticia que Valco pudera ouvir, não pesou o tamanho da tristeza e angústia dos fatos porque a presença do Anjo dava tranqüilidade, mas mais tarde, porém, seu coração tornou-se amargo e as lágrimas brotaram nos olhos.

- A Fênix deixou o reino, foi renascer nas montanhas do Rocha e sabemos que não voltará em menos de um ano. A guerra já começou em Castélia. Houve uma batalha ontem na hora da tempestade, Orcs e Cans invadiram Castélia.

Fomos ajudados pelo exército dos Lobs comandados pelo general Keno. Vencemos a batalha poucas vidas castelianas foram perdidas, mas temo o pior. Vá o mais rápido que puder ao seu destino e traga a chave branca, como foi mencionado no conselho da fênix.

Valco ficou contente pelo amigo Lob e aliviou sabendo que foram vencedores, mas sabia que não ia ficar por isso.

- Preciso saber – disse Valco – como está a menina. Uma criança que veio numa caravana.

- Fabian, a guerreira? Não se preocupe com ela. – tranqüilizou o Anjo. – Você a verá num futuro próximo. Agora peço que vá. E que a sorte o acompanhe, o vigiarei das montanhas. Falando assim Alel sumiu num clarão.

04

Valco comprara provisões para a viagem e partira de imediato. Abelardo se prontificou a ir com eles até a fenda. Daria notícias aos seus parentes nas florestas do norte. Formaria um exército para a guerra.

- Vamos pela floresta – disse o fauno – esta estrada é perigosa. Nasci e cresci nesta selva não vai ter perigo estando comigo.

Os três amigos adentraram a floresta.

Abelardo Casco Nobre, Fiel, o Branco e Valco, Portador dos Ventos.

Da estalagem até na fenda fariam em dois ou três dias. Se tivessem sorte.

Lá da floresta Valco pode ver uma luz que brilhava no alto da serra. Era Alel.

(continua em A Primeira Batalha de Valco)

Sr Marx
Enviado por Sr Marx em 21/06/2012
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