Fogo e Cinza – Parte 2

Palatos, o Garboso, ao pressupor o seu destino certeiro e cruel, vendo as chamas procurou refúgio.

Seu intento ao provocar o dragão era fazer com que ele saísse da caverna. Seu objetivo era penetrar Gargantórrida sem que o seu flamejante habitante estivesse nela.

Na sua alucinada fuga por entre as gigantescas árvores, Palatos visualizava uma estratégia em sua mente. A primeira parte do seu plano, em partes, estava sendo executada conforme o esperado. Fora o fato de estar quase cara a cara com o dragão e que o bafo quente das chamas o quase tinha incinerado, Palatos sabia que estava em vantagem, pelo simples fato do seu ínfimo tamanho em relação ao Senhor das Chamas e do porte das árvores em que se esgueirava.

Durante e hibernação do dragão Palatos havia executado estrategicamente parte do seu plano. Certo de que um dragão quando hiberna demora meses para acordar ele empreitou a ajuda de anões do Rocha, com a promessa de parte dos lucros e escavaram durante dias um túnel que dava para dentro da Gargantórrida, a toca de Flameo.

Em meio a bebidas, cantorias e marteladas, os anões compriram com prazer a sua tarefa. Porém ninguém topou servir de isca para tirar o Senhor das Chamas e das Sombras da sua habitação, nem toparam ir de companhia. Visto que não restava outra alternativa senão ir sozinho Palatos foi executar essa parte do plano.

Animado pelo fato, previamente investigado, de que um dragão quando acorda, a única coisa que supera e aplaca sua fúria é saciar sua fome. Sabendo desta verdade Palatos usaou essa informação para aperfeiçoar ainda mais seu ardiloso plano. Deixou próximo ao lugar de sua possível fuga um rebanho com mais de vinte cabeças de bois gordos, pastando. Como possível isca. Também ordenou que os anões escavassem a entrada do túnel em forma de “U” e que enchessem de água.

Quando o terrível Senhor das Chamas, certo de que ia defumar e devorar o perturbador de sua paz, quase alcançava o nosso herói, este alcançou a entrada do túnel.

- Foge raposa velha – praguejava Flameo – eu te caçarei. Comerei a tua carne e esmiuçarei os teus ossos. Farei cinzas e pó o seu túmulo. Homem desprezível. Posso te farejá-lo daqui seu pelado imundo.

Palatos adentrou a entrada do túnel esbaforidamente quando uma rajada de fogo e vapor lambeu os seus pés. Antes que um segundo ataque atingisse o guerreiro ele mergulhou na parte em que o túnel fazia a forma de “U” e saiu do outro lado. O fogo que estava fritando os seus pés apagou na água. Do lado de fora restou somente o Senhor das Chamas amaldiçoar e urrar. A porta de entrada do túnel era pequena demais para o dragão e a água impedia as chamas alcançar o guerreiro.

Num acesso de fúria e frustação Flameo começou esmurrar a rocha com o intuito de bloquear nosso amigo ali dentro. Não completou a sua maldosa tarefa quando ouvou um mugido no vale abaixo. A sua fome enfim superou a sua fúria e a sua raiva se aplacou. Não deu por perdido a sua causa porém não se importou mais com Palatos e foi em destino aos bois.

No topo da colina os anões podiam ouvir o flambar das chamas, os mugidos do boi e exageradamente até o som gutural da carne assada dos bois descer garganta do dragão abaixo.

Estrategicamente os anões tinham cavado um terceiro túnel que derivava da rota do ponto de fuga de Palatos até a caverna Gargantórrida.

No momento que o monstro havia acordado e perseguia o nosso herói os anões aguardavam ansiosos dentro do terceiro túnel numa espécie de recâmara. No final da feita quando o dragão devorava os bois, os anões já haviam carregados sete cavalos e cinco pôneis de ouro e jóias do tesouro do dragão.

Palatos acalçou a tropa e avistou seu cavalo devidamente selado e com uma valiosíssima carga de jóias e ouro devidamente amarrada e pronta para partir. Não se fez de arrogado e nem ganacioso. Não se intitulou dono daquilo tudo e contentou com somente com o que os anões tinahm carregado no seu cavalo. Calculou que o que tinha ali bastava para viver rico até o fim dos seus dias. E pretendia dar o fim na sua carreira de guerreiro e herói.

Temendo o retorno do dragão à sua moradia eles pararam todos na saída do terceiro túnel no pé da colina. Dali até o Rocha e o reino de Palatos não era perto e eles iam correr o risco de Flameo esboscarem e fritarem eles nos caminho.

Todos gelaram até os ossos quando derepente ouviram um urro e o bater de asas do dragão. Alguns ameaçaram fugir outros desmaiarem porém ninguém saiu do lugar. Palatos subiu trinta metros numa araucária de setenta anos com ajuda de cordas e ferramentas dos anões, relatou que o dragão voara para o leste enquanto seus destinos ficavam a oeste.

Partiram...

Sr Marx
Enviado por Sr Marx em 05/06/2012
Reeditado em 29/06/2012
Código do texto: T3707927
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