A Décima Fortaleza - Cap. 01

O maldito pesadelo mais uma vez não deixou o velho Albiren dormir em paz. As almas dos seus antigos companheiros ainda o atormentavam em sonhos de morte, reivindicando que ele cumprisse sua promessa. Afastado dos serviços no exército real, não por falta de vigor físico e coragem, mas para dar chances a novos oficiais galgarem suas carreiras, como determina as normas militares, Pallatus agora descansa, ou pelo menos tenta, numa confortável propriedade, uma casa e alguns hectares de terra, no condado humano de Westfor.

“Eu por você, você por mim, até o último”. Esse era o juramento proferido por Albiren e seus companheiros durante os dez anos em que serviu na mais severa fortaleza do Cinturão de Nimóren. Thirondor é seu majestoso nome. Na época muitos conflitos se estabeleceram nas fronteiras da Aliança com as Terras de Fora. As sombras queriam mais uma vez acabar com o último baluarte da civilização no mundo, mas não obtiveram êxito e retraíram-se por um tempo que não se sabe.

Mas numa fatídica noite, enquanto realizava uma patrulha na região, Albiren e seu pelotão foram surpreendidos por um inesperado e desesperado ataque inimigo. Seu grupo bateu de frente com um maldito Cospe-Fogo. Em outras palavras um Dragão. Um encontro nada comum e que culminou com a morte de todos os seus amigos, tendo ele como único sobrevivente, encontrado mergulhado numa poça de lama fétida e sangue. Na verdade soube que seu corpo foi o único encontrado, portanto o restante do pelotão foi tido como morto em combate.

Porque uma criatura tão incomum atacaria naquela noite? E logo contra um grupo tão inferior em poder de fogo? Porque levou os corpos dos seus amigos, uma tática nunca antes utilizada pelo exército sombrio? Será que naquele momento pretendiam humilhar os mortos, não lhes dando um descanso digno? Para Albiren essa era a causa mais provável.

Enquanto pensava uma imagem o fez arquear as sobrancelhas. Sentado na varanda de sua casa ele avista uma carruagem de seis rodas puxada por um enorme bisão negro de batalha. Um típico transporte dos oficiais do exército real. Quatro homens saem do veículo portando uniformes militares e se dirigem ao pátio da casa do velho Pallatus, transpondo uma cerca e passando por um pequeno gramado. O que estava à frente do grupo começa a falar.

---- Tem uma bela propriedade tenente --- Falou o homem já subindo os degraus que davam para a varanda da casa. Albiren já aguardava de pé respeitosamente, pois tinha visto de longe os três broches prateados em forma de rosa incrustados no cinto do visitante.

---- Não pertenço mais às tropas capitão --- disse Albiren.

---- Uma vez combatente, sempre combatente, lembre-se disso --- falou o capitão sorridente. Com poucos segundos de conversa o sujeito já se mostrava irritante, pensava Albiren.

---- O que o traz aqui capitão? --- Perguntou querendo encurtar a conversa.

---- Detesto ser garoto de recados, não me alistei para isso, mas tenho uma carta mandada pelo Major Targun, atual comandante de Thirondor.

Targun foi companheiro de Albiren na Academia Militar e foram bons amigos neste tempo. Como provinha de família abastada e seu pai tinha influência junto ao Representante do Reino, Targun foi nomeado oficial, enquanto que Albiren teve que começar nas patentes mais baixas.

---- O major sabe que eu terminei meus serviços no exército. Espero que não seja nenhum trabalho extra.

---- A única informação que sei é que diz respeito ao seu antigo pelotão.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 03/06/2012
Código do texto: T3702808
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