O Saci e os inimigos.

Certa vez, um Saci-pererê foi buscar mel para os sacis mais novos, quando encontrou em seu caminho um urso que queria muito comer mel, mas que estava doente e não podia ir buscar. Diante disso, o Saci prometeu ao urso que traria mel para ele e o urso ficou esperando. Ainda no caminho, o Saci encontrou uma cobra que queria muito comer o urso, pois este tinha pisado em sua cauda e machucara-a, mas, por conta disso, não pudera perseguir o urso e pediu para o Saci que trouxesse o urso e o Saci prometeu que sim. Novamente, no caminho, o Saci se deparou com um espírito da natureza, que era a Caipora. Esta pediu ao Saci que emprestasse o seu cachimbo a ela, para que ela pudesse fumar o fumo que trazia consigo. Entretanto, o Saci disse que só emprestaria o seu cachimbo se a Caipora o ajudasse a encontrar mel suficiente para ele, seus filhotes e o urso e a levar o urso até a cobra, para que ela o comesse.

A Caipora aceitou a condição e mostrou ao Saci uma colônia de abelhas gigantesca, onde ele poderia achar mel à vontade, mas cujas abelhas eram inimigas do urso e queriam picá-lo. Assim, o Saci fez um trato com as abelhas e combinou que encheria todas as tocas de abelhas e entregaria ao urso um favo cheio da abelhas. Assim, o urso só poderia fugir para a toca da cobra e assim o fez.

Quando o urso recebeu o favo com o mel ficou contente e o Saci se afastou. As abelhas logo começaram a zumbir e atacaram o urso. Este fugiu para uma toca e logo saiu desesperado para outra, mas tão logo entrou logo fugiu até entrar num buraco com muita dificuldade e lá estava a cobra, que o esperava. Esta devorou o urso e ficou entalada e então vomitou a sua presa. Depois de uma longa conversa, a cobra perdoou o urso e o abrigou em sua toca. O urso pediu para a cobra falar com as abelhas e assim ela fez e as abelhas o perdoaram.

O Saci, contente consigo mesmo, por ter agradado a todos, foi até a Caipora e emprestou-lhe o seu cachimbo. A caipora agradeceu. Quando a Caipora terminou, o Saci foi buscar mel para os seus filhotes, mas, mal entrou na colônia de abelhas, logo o urso, a cobra e as abelhas o encurralaram e deram-lhe uma surra com garras, dentes e ferrões.

Os inimigos se aliaram e castigaram aquele que se dispusera a ajudar a todos ao mesmo tempo. Só a caipora ficou com pena do Saci: ajudou-o a voltar para a casa de mãos abanando.