UM CONTO ESQUIZOFRÊNICO

A moça levantava de manhã,

morando com os pais e irmãos,

e dizia "olá" para cada um ali,

todos na casa já estavam acostumados...

ela só dizia "olá" e mais nada,

era a única palavra do seu vocabulário falado,

pois ela entendia perfeitamente

o que os outros lhe diziam...

porque reagia concordemente,

enfim, todos sabiam que ela não era sem noção,

era inteligente, tinha inclusive seu emprego,

numa fábrica de roupas, pregando botões e botões,

num gesto repetitivo, não precisava ali se comunicar com ninguém,

era só cumprir sua tarefa diária...

ia e voltava bem do trabalho,

e no caminho encontrava pessoas conhecidas,

e ela dizia a sua mesma palavra: Olá.

Muitos ficavam intrigados,

indagando-se se ela era muda,

mas se assim fosse,

nem olá poderia dizer...

levaram-na em médicos...

eles não conseguiam identificar algum problema...

não havia nada nas cordas vocais,

nem na laringe, faringe, enfim.

Levaram em psicólogo,

mas ela nada dizia, a não ser: olá.

Então não dava para saber o que havia no seu mundo interno.

Ela não queria aprender linguagem de sinais,

para poder se comunicar com outros.

Sabia ler perfeitamente,

mas quando insistiam que escrevesse algo,

ela escrevia as três letrinhas: Olá.

Daí, ficavam curiosos,

pois se ela não soubesse escrever,

nem essa palavra ela conseguiria escrever.

Alguns em sua rua a apelidaram de senhorita Olá.

Mas qual o problema dessa menina? Alguns médicos

começaram a fazer pesquisas, e buscar em livros, internet,

para ver se havia algum caso em comum, em algum lugar do mundo...

mas nada, ela era única,

caso raríssimo...

será que ela fazia isso de propósito?

queria chamar a atenção?

ou será que havia algum distúrbio cerebral

que a impedisse do uso de outras palavras?

Até que um dia ela acordou brava,

foi tomar café, e por surpresa,

disse aos membros da sua família,

já sentada na cadeira,

junto à mesa toda repleta de pães e leite:

I don't understand you!

(Fiquei procurando alguma coisa interessante para o final,

mas não consegui achar, estou meio pifado,

se alguém quiser ajudar...)

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 07/05/2012
Reeditado em 30/10/2013
Código do texto: T3655494
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