Felipe aproxima-se vagarosamente da casa abandonada e gira com dificuldade a chave na fechadura enferrujada do portão.
Sente certo desconforto, remorso pelo abandono da velha casa, com seu imenso gramado, agora crescido e mal cuidado.
Era a casa de seus bisavós e ele tinha vaga lembrança de tê-los visitado algumas vezes na sua infância.
Conhecia, de ouvir contar, a história de Otilia e Martinho que haviam construído aquela casa quando se casaram há mais de cem anos
Por que uma casa tão grande para um casal recém-casado?
- Ah, ponderava Martinho, nós vamos ter mais de dez filhos e como cada um deles terá outros dez, espero ter no mínimo cem netos e quero toda essa criançada jogando bola comigo neste gramado.
Conservava o gramado cuidado como o do melhor campo de futebol e quando o primeiro rebento se anunciou, comprou uma bola de tamanho oficial para as próximas peladas.
Mas nada foi como planejou o Martinho. O casal só teve filhas que não gostavam de jogar bola e que, uma vez casadas, tiveram um ou dois filhos cada uma.
Resultado: cinco netas e um neto, Josias, o pai de Felipe.
O avô apegou-se muito ao único neto que passou toda a infância mais na casa dos avós do que na sua.
Depois foi estudar fora, acabou ficando por lá, mas, quando eles faleceram fez questão de comprar a parte dos outros herdeiros e ficar com o casarão, o Elefante Branco, como dizia sua mãe que não tendo os mesmos laços afetivos do marido achava um absurdo ficar mantendo um casarão velho que não servia para nada e só dava despesas.
Agora seus pais também já não estavam mais aqui e ele como único filho a herdou e não sabia o que fazer com ela.
Uma casa pitoresca, sólida, bem construída, que havia sobrevivido às intempéries de décadas e mais décadas, mas, em termos de praticidade, uma nulidade.
Se Wanda, a esposa, concordasse poderiam vir morar ali. A cidade era simpática, ele acabava de receber uma boa herança, podiam começar algum negócio...
Bobagem! Wanda não ia concordar e tudo que ele não queria era brigar com ela.
O melhor mesmo era vender para uma construtora.
Que a derrubassem e construíssem um prédio de apartamentos como haviam proposto ao seu pai há algum tempo!
O pai nem respondera à proposta. Imagine se ele ia vender a casa dos seus avós!
Mas ele, Felipe, era mais prático e menos sentimental.
Quanto será que valia?
Um estranho arrepio percorreu lhe o corpo todo quando abriu a porta e entrou.
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A continuação deste conto está no próximo desafio "O FANTASMA"
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Conheça o trabalho dos demais participantes do E.C.
Sente certo desconforto, remorso pelo abandono da velha casa, com seu imenso gramado, agora crescido e mal cuidado.
Era a casa de seus bisavós e ele tinha vaga lembrança de tê-los visitado algumas vezes na sua infância.
Conhecia, de ouvir contar, a história de Otilia e Martinho que haviam construído aquela casa quando se casaram há mais de cem anos
Por que uma casa tão grande para um casal recém-casado?
- Ah, ponderava Martinho, nós vamos ter mais de dez filhos e como cada um deles terá outros dez, espero ter no mínimo cem netos e quero toda essa criançada jogando bola comigo neste gramado.
Conservava o gramado cuidado como o do melhor campo de futebol e quando o primeiro rebento se anunciou, comprou uma bola de tamanho oficial para as próximas peladas.
Mas nada foi como planejou o Martinho. O casal só teve filhas que não gostavam de jogar bola e que, uma vez casadas, tiveram um ou dois filhos cada uma.
Resultado: cinco netas e um neto, Josias, o pai de Felipe.
O avô apegou-se muito ao único neto que passou toda a infância mais na casa dos avós do que na sua.
Depois foi estudar fora, acabou ficando por lá, mas, quando eles faleceram fez questão de comprar a parte dos outros herdeiros e ficar com o casarão, o Elefante Branco, como dizia sua mãe que não tendo os mesmos laços afetivos do marido achava um absurdo ficar mantendo um casarão velho que não servia para nada e só dava despesas.
Agora seus pais também já não estavam mais aqui e ele como único filho a herdou e não sabia o que fazer com ela.
Uma casa pitoresca, sólida, bem construída, que havia sobrevivido às intempéries de décadas e mais décadas, mas, em termos de praticidade, uma nulidade.
Se Wanda, a esposa, concordasse poderiam vir morar ali. A cidade era simpática, ele acabava de receber uma boa herança, podiam começar algum negócio...
Bobagem! Wanda não ia concordar e tudo que ele não queria era brigar com ela.
O melhor mesmo era vender para uma construtora.
Que a derrubassem e construíssem um prédio de apartamentos como haviam proposto ao seu pai há algum tempo!
O pai nem respondera à proposta. Imagine se ele ia vender a casa dos seus avós!
Mas ele, Felipe, era mais prático e menos sentimental.
Quanto será que valia?
Um estranho arrepio percorreu lhe o corpo todo quando abriu a porta e entrou.
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Conheça o trabalho dos demais participantes do E.C.