O Inferno dos Gnomos - Parte 13
O Rugido Atrás da Chuva
Um dedo mindinho se alojou no chão empedrado, submerso ao despencar das gotas, fazendo o sangue se fundir a umidade. Os combatentes, a três metros afastados por cautela á lamina traiçoeira, se entreolharam. Bryan deu um passo para frente:
- Garoto, isso é um combate de verdade, membros se despedem – Disse.
Miphelangel recuou um passo ainda no choque, nunca participou de um combate de ferro. Seus olhos se mantiveram arregalados mirando a mão esquerda de um dedo ausente, que deixou uma fenda vermelho negro. O vento frio fazia arder à ferida do ombro e da mão, mas era suportável. O mar branco se agitava mais e mais no raciocínio.
“Pule para a esquerda” Soou o vento, e Miph fez. “Ziunnnn” Sussurrou a espada adversária que passou de raspão no lado direito. Quando acordou para o combate, Bryan já estava corpo a corpo de novo. Era como enfrentar um leão, as pisadas do cavaleiro eram firmes, levantavam gotas á altura do peito quando o solava lama. Arquejou o braço para a esquerda, e o fez voltar com pressão. Miphelangel levantou a lamina e defendeu “Tein”, O impacto fez seus pés se arrastarem para trás e as gotas que pendia a arma adversária ultrapassou o bloqueio, trazendo uma visão embaçada.
As pressas, limpava os olhos com as costas da mão. Mas “Tash TAsh TASH” Berrava as passadas úmidas em direção a Miph, que conseguiu visualizar o oponente na enturvada visão. Bryan flexionou seu quadril, na corrida, armando um de seus golpes sobre-humano. Esticou os braços preparando o golpe. Miphelangel recuava, fugindo do tufão que estava por vir.
“O inocente gato, quando encurralado, surpreende seu predador” Soprou Dortrit. Alincer já relampeava a espada pesada, quando Miphlangel travou o pé de recuado, e se lançou para frente atingindo com o ombro, em investida, o peito aberto do inimigo, que deu dois passos desengonçados para trás e já começava desequilibrar, mas a lamina de Miph cortou a chuva buscando o pescoço brutamonte, que foi salvo pelo tombo, que fez uma mini-onda com choque da armadura ao liquido chuvoso entre as pedras do chão. Bryan já tentava se levantar quando, “Trac” foi o som que escutou de seu lado direito trazendo uma dor.
Miphelangel pisara na sua mão destra, que segurava a espada. Alincer fechou a os dedos da esquerda e projetou um soco na perna de Miph, que respondeu com o sorriso que mais parecia caçoar. Bryan tentou repetir o golpe, mas a lamina do oponente desceu como guilhotina de mãos, fazendo o cavaleiro recuar o braço atacante.
“hihihihihihi” Gargalhava excitado o Gnomo. Dançava, dançava, dançava levando suas botas de bico grande, quicar sobre solo molhado. Os guardas tentaram esconder, mas vazou um pouco a feição de decepção.
- Bryan Alincer – Amargou Miph – agradeça os céus que choram por ti.
- Ainda não acabou – Respondeu irado. Era horrível ter a mão rendida por seu silvestre animal de estimação.
- Acabou sim - Pressionou a mão adversária retorcendo-a contra o solo. “Trac... trac... trac...” – Que som belo, seus ossos conhecem uma linda melodia.
O capa roxa lutava contra a dor, nem gritar gritava a fim de proteger o orgulho. Ter um moleque fazendo seus ossos berrar envergonhara qualquer um da cavalaria. E se gritasse, seria como um adulto chorando por um bebe lhe fazer careta. Sem outra alternativa, levantou novamente o braço esquerdo, projetando uma bela porrada na perna que o prendia. Mas foi interrompido pelo gélido aço de Miph, que transpassou seu membro traiçoeiro, dando uma travadinha no osso central, mas completou a passada. Seu sangue uivou em queda, boa parte lavou sua armadura.
Dortrit se animava mais e mais, rodeando o cenário ambientado com o erguer da Casa Negra, encarava guarda por guarda, que não respondia seu olhar. “Se não arrancar a raiz a planta retorna” Miph já posicionava o aço para a misericórdia.
- Guardas! – Desesperou Bryan – Matem-no. É uma ordem. – Ninguém veria mesmo.
Os quatro capas azuis voaram para assaltar o garoto.
- Calma ai, eu não quis... – Deu branco em Miphelangel. Gnomo se perdeu, e o vento se calou. Quatro guardas, cada um vindo de um lado da bússola. Não teria saída, a única alternativa é abrir caminho. E Miph se levantou desafiando á espada.
Alem da fúria da chuva, o céu ainda não estava satisfeito lançando longas trovoadas que assustavam os crédulos. Trovejou mais uma, duas, três vezes. Mas nos intervalos silenciosos, que se rastreava o sinal de perigo. E um dos guardas percebeu:
- Esperem. Todos parados – e todos o fizeram, deixando Miph no centro.
- Idiotas, sou eu é quem mando – Gritou o irado Alincer.
No meio do cantar da chuva tinha um fino som estranho, talvez de uma criança berrando na madrugada, porem longe. “Ennnn” Escutaram, mas a trovoada veio por cima. “ENNCIOO” Era mesmo um grito, e vinha do céu. Para ser mais preciso, em cima da Casa Negra.
Ergueram os olhos apreensivos, e um corpo caiu das alturas junto a chuva. “Splof” e se amassou no chão. Um guarda se aproximava com cautela, do corpo. “Espera” advertiu outro azul, “Olhe para cima, Na coroa da Casa!”. Todos olharam. No topo do telhado, estava uma silhueta chuviscada pelas gotas em declínio, ensombrada pelas altas e imortais labaredas da Coroa Negra. Que parecia fita-los. E gritava o tempo todo, em desespero: “Silencio!”.
Continua ...