Plutão e eu
Ele vem do espelho, para me chamar a ser além do cá e do lá. Ele vem quebrar meus paradigmas, minhas meia-verdades, meu ego. Cego pela luz ocultada em suas trevas, não resisto a seu chamado.
_ Não há lá ou cá, não há tempo, não há lugar, só há "Nós", como nós destas cordas, chamadas vidas, energias, Deus! _ diz Plutão aos seus.
_ Adeus sanidade! Não há como resistir ao infinito ponto que habita minha matéria! Alguém está em mim, me chamando a não-ser... _ eu me entrego.
_Chega de ilusão, há um só ser, que nem é... Venha, se jogue no rio! A barca é seu cárcere! Não há eu entre o mar e a gota! Serpenteia a existência, trocando as peles, feito cobra desgostosa que cresce, decresce, mas não há crescimento, não há evolução, há só manifestação e não-manifestação, sede pois o zero desta equação louca! Seu coração grita por mim! Sua alma grita por mim! Enfim, não-seja e serás eu, pois tudo acaba onde começou! Sua jornada, sua barca é ilusão! Não cante mais! Silêncio dos anjos! Amém e além, o infinito é além do amém que diz, então cale-se e coagule toda a dissolução, para então sublimar a tudo! _ diz o senhor do submundo.
*Este texto retrata de modo literário a influência psicológica exercida por uma conjunção Sol / Plutão / Saturno no Mapa Natal astrológico.