Surf na Minha Vida

"Surf na minha vida"

O mar, o mar ah! O mar...

Que saudades me dá, do mar.

Lindas praias surfei, deslizei sobre grandes ondas.

Tudo era eu prancha parafina, e mar.

Cabelo grande solto ao vento, cabeça tonta tudo era o mar.

A magia do mar......

Praias que surfei, Pipa, Bahia Formosa, Fernando de Noronha, Tabatinga,

Praia dos Artistas, Praia de Miami, Praia de Areia Preta, Praia do Canto,

Praia da Baleia, Búzios, Praia da Leste Oeste, Praia da Ponte, Ponta Negra,

Praia do Francês, Saquarema, Leblon, Galinhos. Joaquina, Saudades.

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Tubos e água sobre minha cabeça, a poesia do surf.

Prá mim era uma prática diária, largando-me na crista da onda.

Respirando e subindo passando a correnteza que vinha.

Todas escolhida a dedo, céu e oceano azul tudo era improviso...

Prá que lado está à formação

Prá que lado rola a onda a crista tubular

Muita espuma sobre minha cabeça

Rebocando-me mais uma vez a algum lugar

Na magia de meu olhar.

Os corais sempre submersos.

Muito assustador. Tinha medo do caldo

E do caldeirão espumante!

Sempre conseguia sobreviver, radical, quilhas e bordas.

Em manobras delirantes.

Sulcando a linha do infinito que aventura

Êxtase a morte...

O vento sempre muito forte

Acelerando as batidas do meu coração

Tudo era preciso, aprender a mergulhar.

Por muito tempo. Tinha dias de sol que queimava meu rosto

A outros que tudo era frio, água gelada, em cima da prancha.

Mar raivoso, caixote, vaca caldos, nunca desistir.

Sempre a procura da onda perfeita.

A máquina marítima o vento sutil de toda manhã

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Arrastando-me corrente adentro.

Grande onda deslizava a prancha vibrando seu impacto

Sobre a grande superfície aquática, as batidas do coração.

Dentro do tubo era o lugar mais silencioso do mundo

Os golfinhos pulando em ritmo

Na saída do tubo aquele radical cristalizado

Arrancando quase toda prancha fora da onda

Olhando prá areia lisa e cristalizada

Remava em direção de outra onda gigante

As gaivotas no céu, com seu som rudimentar em busca de peixes.

Deslizando as grandes ondas de Fernando de Noronha

Em cujo topo me sentia maior, e muito pequeno perante Deus.

Aguentar é preciso aguentar

É preciso persistir, é preciso não desistir,

É preciso ter muita coragem ao deslizar as grandes ondas

Até que você seja arremessado prá fora dela.

Era a lei da natureza.

O rosto salgado, o cabelo salgado a pele salgada.

Aquele surfista com seu olhar sempre atento

A linha do horizonte era um verdadeiro bailarino

Na crista da onda.

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O pôr do sol, o cabelo parafinado muito duro.

A beleza da juventude.

Na cabeça sempre um eterno jovem, a vida não passava.

A vida não ia passar, mais passou.

A eternidade foi com aquele pôr do sol que ficou

Cada onda como se fosse à última, como se fosse.

O último poema do surfista.

O eterno está sempre voltando

Junto com as marolas do oceano azul

Esperando que alguma onda construa alguma gota

Que não tenha mais fim

Muitas linhas não podem explicar o que é uma onda

O eterno nunca, dura só esperando sempre mais.

Um final de tarde.

Surfei cada onda, cada dia, surfei a minha loucura.

Sem pensar no amanhã

Que poderia estar em poucas palavras

Em um só poema.

Cada onda como se fosse à última

A última deslizada em cada palavra

Em cada verso ou em cada poema.

Alan Nicholas
Enviado por Alan Nicholas em 22/04/2012
Código do texto: T3626817
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