Kemurigakure - Cap. 09 - Lembranças que Despertam
Filho de um dos líderes do clã Kempa, Jorubo não teve uma infância tranqüila. Desde cedo já disputava com os outros garotos do clã uma posição de destaque entre aqueles que levariam sua tradição adiante. Além disso, o preconceito sempre foi uma pedra no caminho de Jorubo, pois seu jeito desengonçado e atrapalhado, pois era um garoto alto para a média, rendia muitas risadas dos colegas. Este fato acabou por isolá-lo em sua timidez, criando um comportamento de menosprezo por si mesmo. Por fim, achou que nunca seria um bom shinobi e não traria orgulho para seus pais, afinal era filho único, o que era mais uma carga emocional para ele.
O tempo foi passando e a maioria dos aprendizes do clã, sempre supervisionados pelos seus pais e professores, começava seu treinamento e alguns mais capacitados já começavam no perigoso campo da invocação dos animais ninja, os chamados Kuchiose. Jorubo acompanhava o desenvolvimento das outras crianças a certa distância, pois não mais acreditava que poderia ser um guerreiro kempa, e embora seu sonho fosse se tornar um shinobi, já pensava em seguir outro caminho. O desânimo o acompanhava.
Foi justamente esse desânimo que queria mais uma vez se apossar do seu coração depois das palavras de Taira. Mas uma frase do seu querido pai, dita há algum tempo, fez mudar a visão que tinha sobre si mesmo.
“Todos aqueles que duvidam de você, o chamando de incapaz e atrapalhado, sempre terão razão enquanto no fundo do seu coração concordar com eles” falou certa vez Zambo Kempa.
Jorubo levantou os olhos e sua feição era diferente. Estava focado a não mais ser motivo de chacota dos outros garotos do clã. Mesmo sentindo que as mesmas sensações queriam voltar assombrá-lo, sabia que precisava provar para si mesmo que poderia ser diferente. E realmente uma sensação diferente tomou conta de Jorubo.
“O olhar do garoto mudou” pensou a raposa Taira enquanto avançava na direção de Jorubo. Desta vez ela iria derrubá-lo no chão e finalizar o treinamento de hoje. Mas quando ela estava a dois metros de alcançá-lo, Jorubo fez algo inesperado.
Atirando sua calça nos olhos de Taira, ele conseguiu cegá-la por um instante rápido, o que foi suficiente para ele agarrá-la com toda sua força. Como foi surpreendida e vinha numa certa velocidade, Taira trombou com força contra o corpo de Jorubo. Os dois rolaram vários metros e o impacto fez a raposa expelir pela boca o pergaminho.
“O que?! Ela levava o pergaminho dentro da barriga?!” pensou Naomi, que nada podia fazer, pois ainda estava pendurada na árvore, amarrada pelos fios de aço.
---- Rápido! Alguém pegue o pergaminho! --- gritou Jorubo enquanto tentava segurar Taira. A raposa se debatia para se livrar e Jorubo sabia que não ia agüentar por muito tempo.
Vendo a possibilidade de pegar o pergaminho e levá-lo para a ponte, Ukyo saiu correndo de dentro de uma moita e agarrou o objeto, saindo em disparada pelo caminho de terra.
---- Eu peguei! Segure firme Jorubo, estou indo para a ponte! --- gritou Ukyo.
Neste momento Taira arregalou os olhos quando percebeu que o pequeno trio de ninjas podia vencer o exercício.
---- Chega de perder tempo com você Jorubo, tenho que pegar seu amiguinho --- disse Taira. Neste momento, provavelmente utilizando alguma técnica de alteração corporal, ela fez seu corpo aumentar três vezes seu tamanho normal, arremessando Jorubo vários metros para o lado. A raposa ficou enorme e assustadora e saiu correndo atrás de Ukyo.
Ukyo já avistava a ponte com felicidade quando percebeu que uma monstruosa Taira o perseguia ferozmente. Soltando um grito ele tentou correr ainda mais. Só faltavam alguns poucos metros, mas um bafo quente em suas costas já denunciava que Taira estava logo atrás. Ukyo soltou mais um grito e saltou para vencer os metros que faltavam, mas sentiu algo pontiagudo apertar seu traseiro e depois largar.
O garoto caiu sentado no meio da ponte ainda segurando o pergaminho nas mãos. Olhou para baixo para ver se tinha sido ferido e notou que estava sem as calças, só de cueca branca e de bolinhas vermelhas. Ficou envergonhado, mas soltou um grito de alegria por ter concluído mais um exercício.