Ainda tenho fé na humanidade

E naquele dia Os Melhores do Mundo haviam caído, Os Campeões da Terra haviam tombado. Os humanos não sabiam o que fazer. Somente quando uma ameaça externa lhes mostrou que humano é humano independente do continente, da suposta raça ou fé religiosa a ONU funcionou, funcionou pelo menos para informar que o exercito da humanidade havia sido derrotado.

Já foi dito que quando duas civilizações se encontram se uma é mais evoluída que a outra essa tende a destruir ou escravizar à inferior. Famílias separadas, países desfeitos, valores refeitos, globalização inexistente. Porém o ser humano dispõe de esperança. E quando eu que venho lutando contra esses conquistadores desde o dia em que meu mundo caiu, eu que treinei Os Melhores do Mundo e Os campeões da Terra, já havia perdido a fé na humanidade. Um jovem me mostrou que eu ainda devia acreditar na humanidade. E pelos atos desse eu afirmo aos senhores.

_ Eu ainda tenho fé na humanidade.

Mestre Hand-iin D’aycon, senhor das armas de Éter(Energia cósmica) do 38º mundo dominado pelos Mortianlos.

Naquele momento eles distribuíam a comida. Eu estava na fila e tinha muita gente. Dobrava o quarteirão. Depois que perdemos foi um caos total, para mim que nunca conheci família ou algo parecido não faz muita diferença. Eu continuo andando com trapos, continuo passando fome, continua sem ter laços ou com quem conversar. Mas o motivo é que as pessoas perderam a vontade de ter laços, perderam a vontade de viver, de prosseguir. Acho que agora elas vêem como eu passei a minha vida curta de 18 anos. Já vi gente se erguendo de situação mais difícil, eu mesmo já fiquei com pneumonia e sem ter o que comer ao mesmo tempo e eu dizia para mim mesmo. _Eu vou viver!

Então chega a minha vez na fila e eles me dão uma espécie de pão e uma caneca de água, mas parece um isotônico do que água. Então me lembrei que o homem que estava atrás de mim era um gerente não sei do que no mundo antigo e parece que ele está morrendo de fome. Provavelmente era acostumado a comer mais do precisava e não fazia esforço. Com o trabalho escravo ele não vai suportar, ele tem família que por sorte ou azar esta com ele ainda. São escravos na mesma área. Então tomo minha decisão. Viro-me e lhe dou o pão. A cara dele é impressionante, e ele chora. Bebo o que me deram ali mesmo e quando me dou conta o carrasco que parece um gorila com uma armadura de porcelana me olha e empurra-me para fora da fila.

Eu sorri. Afinal ficar sem comida uma noite é natural para mim. Assovio e vou para os dormitórios improvisados. Parece um grande estádio de futebol e no caminho encontro uma figura emblemática para mim. Um homem velho, velho mesmo. Parecia o senhor Miyagi só que maior e de terno. As sobrancelhas eram grandes e grossas, cabelo era longo e branco como as sobrancelhas. Então ele me disse algo interessante:

_ Jovem, você tem fé na humanidade?

Sorri e falei: ¬

_ Claro, ainda tenho fé na humanidade, pode não parecer, mas tem gente boa por ai. E mesmo as coisas estando ruins vai aparecer alguém e lutar. È assim no mundo, sempre foi. Mas porque o senhor me pergunta isso?

O velho anda e chega próximo a mim e diz:

Graças a você as minhas dúvidas sobre o ser humano forma diminuídas. Não posso garantir que você seja vitorioso, porém se quiser posso lhe dar as amar e lhe ensinar a usá-las para o bem do seu mundo. O que me diz?

Eu não tenho nada a perder, e eu sempre fui ajudado, então pelas boas pessoas que ainda vivem eu pensei comigo. Por que não? Afinal se ele é uma alucinação não vai fazer diferença o sim.

Certo, eu estou dentro!

Assim que falei a ultima palavra uma bolha se formou em nossa volta, flutuamos por uns segundos e depois um grande clarão se fez. Para quem viu de longe e eu sei que alguém viu depois que a bolha brilhou nos sumimos.

DOIS ANOS DEPOIS

Meu apelido nas ruas do antigo mundo era Branco por ser muito branco, e continua com esse apelido. Tenho os cabelos pretos e raspados bem curto, e me visto com uma camisa social branca, jaqueta de couro branca que por sinal era rara no antigo mundo e nos dias de hoje nem se fala, calça jeans clara e tênis branco. Meu treinamento me permite usar o éter para criar efeitos destrutivos. Em dois anos de treinamento aprendi a condensar o éter em forma de lâmina, uma lâmina azul que corta até metal. Aprendi a usar o éter como uma espécie de escudo que cobre todo o corpo, isso já não é visível. Graças ao controle de éter tenho a força de 10 homens e meus reflexos me permitem até mesmo me desviar de balas desde que elas não sejam atiradas de muito perto. Estou parado em uma esquina escura e é noite, e a idéia é simples. Mandar uma mensagem mundial para as outras facções de resistência que eu estou aqui, que estou com eles e que ainda tenho fé na humanidade.

Nessas horas da noite pouca gente circula, os gorilas são poucos, afinal quem esta na noite é para trabalhar na limpeza da cidade e quem trabalha ao dia não tem força para fazer alguma baderna. Saio em direção à entrada de um prédio de uns quatro andares, atravesso a rua rápida e não sou notado pelos dois únicos gorilas que estão a vigiar os trabalhadores da noite. Crio uma lâmina pequena e arrombo a porta com facilidade. Entro e parece que era um prédio residencial, agora é usado como base de comunicação entre eles, uma espécie de TV local que se for preciso se conecta a transmissão das outras. Ando pelos corredores do andar de baixo e só encontro gente dormindo, faço o mínimo de barulho pra não acordar ninguém e parece que funciona, porém eu não contava com um gafanhoto. Esses são uma espécie de vigias menores são magricelas e tem a aparência de insetos, possuem quatro braços e são difíceis de lidar. O exoesqueleto deles parece feito de argila seca, tem até a mesma cor.

_ O que faz fora do seu local de descanso escravo? –Ele falou com voz robótica.

_Nada, só estou sem sono.

E antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa para dizer ele falou novamente:

_ Não é permitido ficar sem sono.

Da palma da mão do braço esquerdo de baixo saiu um dardo tranqüilizante que naturalmente eles usam para inibir os problemáticos. Ele estava perto, mas como eu já estava alerta me desviei por pouco. Ele atirou mais cinco vezes e eu me desviei de todos. Ele pareceu mais nervoso, o outro braço de baixo do outro lado se movimentou para fazer o mesmo. E eu formei uma lâmina na mão esquerda.

Nos paramos por um momento. Eu por aguardar que ele atacasse e acho que ele mesmo sendo uma espécie de ser programado parecia que estava surpreso por eu ter desviado e sendo mais profundo em minha analise acho que ele pensou no que faria se eu me desviasse da próxima rajada de dardos. Ele fez o primeiro movimento e assim que os dardos vieram em minha direção, eu sai pela esquerda rolando e com um salto a frente me aproximei do gafanhoto. Ele mudou a direção, mas eu sendo mais rápido logo me coloquei a frente dele e antes de qualquer reação eu cortei os seus braços direitos passando a lâmina de éter de baixo para cima rente ao seu tronco, ele deu um passo para trás e segurando a lâmina com as duas mãos eu cortei a cabeça dele, e o corpo mutilado veio ao chão. O barulho até que não foi tão alto, mas acho que ninguém vai sair dos quartos para ver o que aconteceu.

Sigo subindo as escadas e depois de procurar no segundo andar e não achar a tal sala sigo para o terceiro e lá encontro o meu objetivo. Era parecido com os computadores nossos, porém o número e disposição de teclas do que eu poderia chamar de teclados era maior que os nosso. Durante o treinamento aprendi um pouco da língua deles e da sua tecnologia. Foi fácil descobrir como transmitir algo em rede mundial e esse local foi escolhido justamente por essa facilidade.

Fiquei em pé em um local para onde já havia apontado o equipamento q eu iria fazer a captura de minhas imagens e o resto eu já havia deixado pronto e então dei inicio a minha mensagem.

“ Aos meus irmão humanos eu venho lhes dizer que ainda acredito na humanidade, que ainda acredito em nos. Estamos em um momento difícil mas posso lhes garantir que ainda existe gente por ai que luta por vocês, que se sacrifica por vocês.

Sei que nem todos têm condição de se levantar e lutar da forma que eu e outros fazem, mas lutem pela humanidade ao seu modo, sejam gentis uns com outros mesmo com essas adversidades. Cuidem uns dos outros mesmo que as coisas pareçam que não vão dar certo. Dêem bons exemplos as nossas crianças e mostrem a elas que a humanidade é boa.

Lutem pela humanidade porque nos humanos ainda existimos. Peço a vocês que acreditem na humanidade. Meu nome é Branco e vou lutar ao meu modo pelo legado humano e peço a todos que a sua maneira não deixem esse legado morrer. Eu acredito na humanidade!”

Logo após terminar sai e voltei para meu esconderijo. A mensagem foi ao ar nos telões que eles colocaram para transmitir mensagens globais. No mundo inteiro a semente da esperança acendeu no coração de muita gente. E outros ao redor do mundo que lutam contra a tirania e a escravidão mandaram ao seu modo mensagens de apoio. Alguns até retransmitiram a mensagem, teve gente que até decorou as palavras. A frase “eu credito na humanidade “ passou a ser o lema da rebeldia. Me senti orgulhoso de ter começado isso. E espero colocar um fim.

Fael Cardoso
Enviado por Fael Cardoso em 06/04/2012
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