O Inferno dos Gnomos - Parte 05

Decisão

A floresta cheirava a mofo, era completamente escura com poucas fendas de luz nas folhagens. Aquilo causava medo, as arvores pareciam espiar os escravos-lenhadores, prontas para abrirem os olhos quando darem as costas. Mas a cada espiã derrubada, eram abençoados com a claridade solar que afastava a imaginação de Miphelangel. De pouco a pouco um arco foi se abrindo até formar um campo aberto, já se podiam ver alguns guardas nas torres, por cima dos Muros. O som de machado contra a madeira e de folhas pisadas era a melodia local. Havia homens refrescados de suor por todo lado, Quando passavam próximos deixavam o odor salgado do suco humano misturado ao mofo verde.

Miph não tinha tanta energia como os veteranos acostumados com esse tipo de serviço, não aguentava nem dar mais uma machadada, já estava trabalhando á horas “Como podem aguentar isso o dia todo?”. E se sentou.

- Hei, hei, garoto! – gritou o mesmo escravo que puxara assunto com ele na carroça. Veio correndo em sua direção – Não sente, o capitão vai te chicotear.

- O que? Eles chicoteiam? – Se espantou Miph – Com que direito?

-Somos escravos, não temos direito de reclamar, não possuímos vozes – respondeu – Mas o que mais me amedronta não é o capitão, mas sim o ataque dos gosmentos. Temos que ser rápidos aqui fora.

Miphelangel se levantou e exclamo por si “Tinha esquecido os gosmentos!”. Mas voltou a se sentar desmotivado, afinal tudo ia de mal a pior. Depois disso tudo, que se danem as chicotadas, que se danem os gosmentos, que se dane a vida. Se os gosmentos aparecessem Miph ia fazer exatamente o que o irmão disse: servir-se de comida. E acrescentou “e que eles ainda consigam entrar em Prata e coma o fígado de todo mundo”.

- Quer saber? - Rebateu Miph – Não tenho por que temer morrer.

- Mas tem quem teme a sua morte – e sorriu o lenhador.

- Todos para cá, é hora do almoço! – gritou a voz do Capitão Alawyer – Ainda tenho osso de porco, quem demorar vai ficar sem, e só vai se alimentar de grãos.

Escravos de todo o redor foram pisando forte no tapete de folhagem rumo ao capitão. O lenhador da carroça, que Miph não se interessava saber o nome, o convidou para comer com ele, mas Miph adiou. Todos estavam comendo grãos verde com osso fino de porco. Só o capitão que tinha um banquete farto de carne suína de verdade, que a cada fatia degustada, dava uma ultima chupada no osso e jogava no chão. Escravos magrelos corriam com a esperança de uma sobra de carne, por fim acabavam mastigando o osso sujo de terra.

Miph imaginou todos: Rouss, Nalanda, Bryan, Miphelys e Morah. Todos eles estavam bem melhor que Miphelangel, só ele decaia, desceu de cidadão para se juntar aos escravos, “Mas por quê?”. Olhando pro chão em busca de uma luz sobre destino, se aprofundou no raciocínio. ”Espera! e se eu matar um desses gosmentos e levar morto ao reino? Poderiam estuda-los graças ao meu esforço, eu me tornaria pelo menos um capa Branca” Imaginou Miph, sonhou, a animação surgiu no coração, se espalhou pelo corpo, criou energia, se levantou, olhou para a sombria floresta, deu as costas aos muros, as vozes dos escravos se distanciavam e seguiu até a boca escura criada pelas arvores. E nenhum dos escravos viu Miphelangel sair, e nem sentiram falta do garoto, Talvez um sentiu, talvez um.

Continua...

Pidókka
Enviado por Pidókka em 01/04/2012
Reeditado em 01/04/2012
Código do texto: T3588848