A sombra azul - parte 1

Cascos de cavalos pisoteiam o terreno lamacento, gritos de fúria agridem os ouvidos dos desavisados, uma onda negra de carne podre revestida em aço e ódio avança perante os portões de um pequeno castelo. Do outro lado podem ser ouvidos choros de desespero, indivíduos que se jogam das torres mais altas como forma de amenizar o sofrimento vindouro. Eles despencam na esperança de chegarem mortos ao chão, membros se partem, miolos se espalham, porém a consciência permanece, e com ela à dor, mas e a morte? Bem, essa continua sendo apenas um sonho distante.

O pesadelo adentra a construção mediante a força, os portões velhos não são suficientes para conte-lo, guiando-o está uma sombra, revestida dos pés a cabeça em uma armadura de ferro enegrecido, como se tivesse acabado de sair do inferno. Ela avança sozinha sobre um carpete vermelho deixando um rastro de chamas azuladas, sob os seus pés, uma mulher cai aos prantos implorando pela morte rápida, mas tudo o que ela recebe é apenas uma pergunta.

- Onde está seu líder?

Dedos trêmulos apontam para uma escadaria espiral do outro lado do salão, a sombra se projeta em direção ao andar superior. Enquanto se dirige ao centro do recinto, chamas azuladas vão dando um novo tom ao breu, revelando um ser de aspecto cadavérico, mas de imponência impar, sentado em um trono feito de ossos humanos, trajando um manto verde musgo com anéis e colares feitos do mais puro ouro.

Um sorriso sarcástico corta o silencio, o individuo sentado junto ao trono aplaude o cavaleiro negro envolto em um espetáculo de chamas azuis, ele parece estranhamente satisfeito com a visita inesperada, demonstrando uma expressão satisfatória perante a criatura de sombras, que naquele instante gerava em sua mão esquerda uma lamina flamejante.

- Seja bem vindo, filho.

E naquele mesmo instante, sua cabeça rolou aos pés do ser de ébano.