OBERON – 4ª parte – FINAL

Regina toma a filha pela mão e parte sem olhar para trás.

Ela apaga a luz do seu quarto, onde uma adormecida Estela descansa serena. Fechando a porta, ela se encaminha até a sala, onde está Raquel. Regina senta-se ao lado da vizinha e, durante cinco minutos, o silêncio só é quebrado pelo tic-tac do relógio de parede que anuncia serem duas e trinta da manhã.

Regina então se vira para Raquel e a fita detidamente, sem que esta erga os seus grandes olhos claros.

— Você sabia? Sabia que alguém assim vive lá em cima? Sabia de tudo?

Raquel vira-se para Regina. Diz, sombriamente, com o olhar baixo:

— Sim. Eu sempre soube.

— Meu Deus, Raquel... Por quê...?

— Medo, Regina. Não por mim, mas... — Raquel faz uma pausa. Passa a língua nos lábios. Ergue os olhos — Por minha filha. Sim, eu também tive uma filha, tão linda como a sua, tão saudável e tão curiosa como a sua. Bárbara e eu nos mudamos para cá quando ela tinha a idade de Estela. Nessa época, ele já estava aqui... acho que sempre esteve... Ele gostou dela, sabe? E ela, ela também gostou dele...

Lágrimas escorrem de seu rosto agora. Ela continua:

— Naquela época ele estava começando a pintar, e eu pensei, sim, eu pensei que ele era apenas um velho solitário. Bárbara gostava de passar as tardes com ele porque lhe dava doces e contava histórias. “Histórias de fadas”, ela me dizia, e eu não achava nada de mau naquilo, porque, afinal, nós também fomos crianças e adorávamos doces e histórias.

“Foi então que aconteceu. Uma noite, Bárbara demorou muito para descer, e eu fiquei preocupada, achando que ela podia estar incomodando-o de alguma forma. Subi, e encontrei-o sozinho. Quando me viu, levantou a cabeça e disse, a boca deformada por um sorriso horrível, onde se misturavam sarcasmo e alguma outra coisa que eu não pude identificar: ‘Ela se foi. Eu não pude segui-la e não há mais como buscá-la’.

“E apontou para o quadro, aquele mesmo quadro do bosque que você viu. E lá estava ela viva, sentada sobre o tronco morto, sorrindo para mim. Eu disse: ‘Você está louco! Nada disso é possível!’ Mas então ele me mostrou que sim, que era possível ela estar ali, dentro da pintura, e me levou a encostar o ouvido no quadro. E eu ouvi, juro-lhe, claramente, o riso de Bárbara, e o som dos seus passos sobre a grama. Ainda hoje, eu vou até lá em cima apenas para ouvir o seu riso”.

Regina olha para Raquel entre chocada e penalizada. Murmura:

— Você está louca. Nada disso é possível. Sua filha, se algum dia existiu, está morta.

— Oh, não, ela está viva. E tudo o que eu lhe disse é possível, meu bem, uma vez que ele não é humano. Não, não é humano, estou lhe dizendo. Eu... pesquisei muito, depois de tudo que aconteceu. Aprofundei-me de tal maneira sobre o assunto que sei exatamente com o quê estamos lidando. O nome dele é Oberon.

— Estela disse algo como Henker, Sr. Henker...

— Henker, em alemão, significa demônio, ou espírito das trevas, que é como muitas pessoas o definem. Na verdade, Oberon é o Rei dos Elfos...

— Uma figura originária da mitologia celta, eu sei. — interrompe Regina — Um mito que posteriormente foi disseminado pela Europa, sobretudo na Inglaterra e na Alemanha. Mas apenas isso, um mito, nada mais.

— Não, meu bem, não apenas um mito, como você pôde ver. Nenhum ser humano seria capaz de pintar quadros tão reais, a não ser que conhecesse tão profundamente aqueles lugares e seres que pertencesse ao mundo deles. Nada é coincidência, Regina.

— Então por que você não foi embora? Foi por causa do quadro?

— Não por causa do quadro, mas por Bárbara. Eu acho... Tenho certeza de que é possível trazê-la de volta. E acho que Estela é a única chance.

Regina se levanta:

— Estela?

— Sim, Regina: Estela. Há, em diversos folclores do mundo, a figura da criança a guiar um velho, livrando-o de todas as atribulações e percalços do caminho. Acho que era para isso que ele queria Bárbara, para guiá-lo de volta para sua casa, da qual ele se afastou por que motivo for. Mas também acho que ele não estava suficientemente preparado para segui-la naquela época, e Bárbara perdeu-se. Talvez se Estela pudesse...

— Raquel, Estela e eu vamos embora amanhã bem cedo. Nunca mais vamos voltar a este lugar, seja verdade ou não o que você diz. Me perdoe.

Raquel fica em silêncio por alguns instantes. Pergunta, então:

— E o que fará com seu quase-namorado? Vai colocá-lo para fora?

— Não, não, eu... — Regina cora — Bem, ele é homem... Talvez possa nos ajudar, de alguma forma.

— Por que é homem? — Raquel indaga, perplexa — Meu Deus, como pode dizer isso? E o que vai fazer? Contar-lhe tudo o que aconteceu e pedir ajuda?

— Pode ser uma idéia. — responde Regina.

É de manhã quando ela percebe a claridade sobre seus olhos. Sente as mãos de Raquel sacudirem-na:

— Acorde, Regina. Estão batendo na porta.

Regina abre os olhos e se levanta. Caminha, trôpega, até a porta e a abre.

— Olá, olá. — cumprimenta o homem de terno do outro lado.

— Olá, Fernando. Por favor, desculpe-me a desordem, eu...

— Não há problema, realmente — ele ajeita os óculos — Hum, o que você tem? Parece que foi dormir agora há pouco e já está de pé.

— Você não está longe da verdade. — diz Regina enquanto o encaminha para o sofá — Raquel, este é Fernando, Fernando, Raquel.

O homem de terno deixa a pasta que trazia sobre o sofá e estende a mão para a mulher de quimono, cujo aspecto não é muito melhor que o de Regina.

— Muito bem, hum, o que está havendo? — ele indaga.

Regina então conta tudo a ele, os estranhos comentários de Estela a respeito de um homem no terceiro andar, o sumiço e rápido resgate da criança no apartamento do velho, a filha desaparecida de Raquel, os quadros, tudo.

— Então, isso é uma grande loucura, não é? Isto é, você não acredita em nada disso, certo? — indaga Regina para o homem, que permaneceu calado durante todo o tempo em que ela falava.

— Ao contrário. Acredito em, hum, tudo. E até em muito mais, se quer saber. Demônios existem, de todas as formas, tamanhos e, hum, cores. Ao menos era isso que eles ensinavam no seminário. Eu quase fui padre, sabe? Minha mãe me queria de batina, mas eu... achei que aquilo já era demais, até para mim. Ainda assim, aprendi bastante sobre o diabo. Esse Oberon... é só mais um espírito maligno, fique claro.

— Bem, para um advogado, ele é até bem inteligente, Regina. — diz Raquel com ar irônico.

— Então, o que sugere que eu faça? — indaga Regina para o homem.

— Sugiro, hum, ir embora daqui o quanto antes. — responde Fernando — Por que não vai, hum, chamar sua filha, Regina?

Regina se levanta em direção ao quarto de Estela. Retorna, alguns segundos depois, transtornada:

— Estela não está no quarto.

— Então, você gostou mesmo desse quadro, não é, meu amor?

O velho toma a criança pelas mãos e a leva até onde está a pintura com a menina sentada no tronco.

— Sim, Sr. Henker. Gostei muito. Ele é grande mesmo! Aquela menina... é a filha da Raquel, não é?

— Sim. É a pequena Bárbara... — diz o velho num sussurro — Você gostaria de conhecê-la, meu anjo?

— Mas então ela não está morta? Ah, é claro que não! Que cabeça a minha! Ninguém morre do lado de lá, não é?

— Não. — responde o velho aproximando ainda mais a menina da pintura — Você gostaria de conhecer o mundo daquele lado, meu bem? Brincar com Bárbara?

Estela acena que sim com a cabeça. Então, Oberon, o Rei dos Elfos diz, num sibilo de cobra:

— Então vá, vá, criança! Entre no quadro! É fácil. Basta pensar que está mergulhando num lago profundo e que há uma margem do outro lado. Entre e me dê a mão para que eu vá com você e lhe faça as honras do lugar.

Estela adianta-se mais e toca com a mão esquerda a pintura. Ela realmente parece a superfície de um grande lago. Ela mergulha o resto do braço, o corpo, a cabeça.

— Agora me dê a mão, querida. Me dê a mão e veremos se podemos achar o caminho. — diz Oberon.

— Não estão aqui! — grita Regina logo que entra no aposento onde estava Estela na noite anterior.

— O quadro! Vamos até o quadro! — ordena Raquel.

Eles se aproximam da imensa pintura. Regina toca-a de leve. Seus dedos afundam na superfície que deveria ser sólida.

— Meu Deus! Meus dedos... É líquido!

— Uma passagem — diz Raquel — Estela deve tê-la aberto há pouco tempo. Eles já devem estar do outro lado. Não podemos perder tempo.

— Sim. Vamos. — anuncia Regina. Vira-se então para Fernando — Você vem, não é?

— Vamos embora daqui, Regina. — diz ele tomando-lhe as mãos — Isso aqui... Hum... Esses quadros, o cheiro... Tudo lembra coisas malignas as quais não podemos controlar. Minha mãe sempre diz...

— E minha filha? — Regina o olha estupefato — Quer que eu a abandone lá?

— Ela está perdida, Regina. Agora, o importante é que você se salve. — retruca ele tomando à força o braço dela.

— Me solta! — geme a mulher.

— Solta ela, seu panaca! — berra Raquel.

— Você tinha que me agradecer, sua piranha! Quer ir para aquela terra de perdição, é? — o rosto dele assume um aspecto estranhamente demoníaco.

Ele então solta o braço, para em seguida seu corpo desabar.

— Bom, ao menos para alguma coisa vale morar num prédio velho. — murmura Raquel, que tem empunhado nas mãos, como uma arma, um enorme e enferrujado cano de metal.

Regina retira a cabeça para fora do grande lago. Coloca ar nos pulmões. Tosse. Nada, então, até a margem próxima. Raquel vem logo atrás.

Elas se sentam sobre um tronco caído. Suas roupas estão encharcadas. Raquel espirra. Regina diz:

— Não podemos perder tempo.

— Está muito escuro. Se ao menos eu tivesse me lembrado da lanterna...

— Acho que não vai ser preciso. Olhe.

Raquel mira para onde aponta o dedo de Regina. O bosque, quando visto de fora do quadro, continua ali, não muito distante, e mais iluminado do que nunca.

— Elas estão lá, Raquel, eu sei. Estela e Bárbara estão lá.

Elas se levantam e caminham descalças sobre o descampado noturno. O bosque vai aumentando de tamanho até quase parecer gigantesco a frente delas, um gigante de árvores. Agora pode-se ver, claramente, uma enorme fogueira ardendo no seu interior, como um coração.

Regina e Raquel penetram pelas árvores altas. Tudo farfalha a sua volta. Elas afastam a vegetação, caminham com alguma dificuldade, o calor das chamas começa a secar suas roupas. Ouvem:

— Mamãe!

— Mamãe!

As duas mulheres se viram. Estela vem correndo de mãos dadas com uma outra menina que deve ter sua idade. Ela também é magra e muito pequena, de uma beleza tão singular como a amiga.

— Bárbara!

— Estela!

As quatro mulheres se abraçam. Regina não contém as lágrimas. Raquel aperta tão fortemente Bárbara que esta esbugalha os olhos, grita:

— Cuidado, mãe! Nossa, como você demorou!

Regina é a primeira a se recuperar. Diz:

— Temos que sair daqui. Imediatamente.

Ela então percebe, petrificada, que não está sozinha. Um sibilo conhecido se faz ouvir:

— Ah... Então ia embora sem nem ao menos um adeus, Regina? Isso não é nada educado de sua parte, realmente.

— Vou levar minha filha. E nem você vai me impedir, seu velho maldito!

— Velho? — o autor da voz, até então protegido pela sombra das árvores, se aproxima da fogueira. Está diferente. Seus ombros já não estão caídos, e seu cabelo é tão comprido que chega até as costas. Está gigantesco, quase da altura das árvores, pensa Regina, e então o reconhece...

— O quadro... agora entendo... Era você!

— Sim — Oberon se adianta. Sua voz está ainda mais sibilante — Mas a maior surpresa não é esta. É que vocês não vão sair daqui. Vão ficar e viver aqui comigo, para sempre.

Ele dá uma risada grotesca. Regina observa que as árvores começam a se encher de minúsculos pontinhos brilhantes. São olhos, ela sabe, olhos de diabretes.

— É muito chata a vida sem uma mulher. — continua Oberon — Depois que Titânia me abandonou, passei um bocado de tempo solitário. Esses meus servos, nenhum deles é tão interessante como qualquer um de vocês, humanos. Por isso parti para o seu mundo. Mas lá descobri que também não era o meu lugar, que nenhum lugar seria meu novamente, enquanto não me refizesse da perda de minha rainha. Mas não pude voltar, porque havia esquecido o caminho de volta. Eu precisava de um guia, e este guia só podia ser uma criança, que é livre de qualquer preconceito e por isso pode ver este lugar, que fica além da bruma da visão. Estela e Bárbara são crianças especiais. Mas só com Estela eu estava pronto para partir. E agora que estamos todos reunidos, vamos permanecer infinitamente, pois aqui, ninguém morre!

— Não Oberon! Nada disso acontecerá. E você sabe disso!

O Rei dos Elfos vira-se para ver quem ousa se dirigir a ele nesses termos. Estela, o olhar fixo nele, continua num tom que faz Regina pensar que, em alguma dimensão, ela é mais do que uma criança.

— Eu entendo o seu sofrimento, mas ele é egoísta, e você mau por não ver isso. Separou Raquel de Bárbara, a mim de minha mãe, e agora quer nos manter aqui para sempre. Não, não! Eu me recuso! Quero voltar.

— Mas, criança, as histórias...

— As histórias já sei todas, você me contou as que minha avó não teve tempo de me contar. Agora vejo: também ela esteve aqui quando criança, assim como infinitas outras meninas e meninos de qualquer tempo ou lugar. Mas eles, assim como minha avó, têm o direito de crescer, de viver a vida que escolherem. A liberdade de ser e imaginar o que quisermos, você me disse, é o que há de mais importante. Cumpra a sua palavra, agora.

Oberon volta as costas para Estela. Mira uma última vez Regina e então começa a se embrenhar nas árvores. Murmura:

— Está certo. Podem ir.

Instantaneamente, Regina toma as mãos da filha.

— Vamos, vamos, Estela. Venha, Raquel.

— Regina...

A mulher estaca por alguns instantes. Raquel continua:

— Regina... Eu não vou.

— Mas como, Raquel? — ela diz sem compreender — Por quê?

— Bárbara adora esse lugar, diz que não temos idéia de como é isso pela manhã e... Bem, você ouviu o que ele disse, que aqui ninguém... morre.

— Mas, Raquel...

— Regina... — Raquel abaixa os olhos — Há um tumor crescendo dentro de mim, no meu útero. E eu... eu quero viver.

— Raquel, — insiste Regina — ele é... um demônio.

— Se assim é, não me importo de vender minha alma para ele, contanto que possa viver ao lado de minha filha. Mas sabe, acho que sua visão a respeito de Oberon é limitada, meu bem. Sim, talvez ele seja mesmo um pavoroso demônio egoísta e mesquinho, apenas preocupado com seus prazeres e bem estar. Mas, ainda assim, o que o diferencia de nós humanos? Esse seu quase-namorado mesmo, o que fez por você? Oberon ao menos nos deu a chance de ver algo que jamais sonhamos existir, e a mim dará a oportunidade de viver... Sabe, Regina, cada vez mais acho que o Bem e o Mal são faces da mesma moeda. As faces do Bem e do Mal se entrecruzam de tal maneira que não nos é possível separá-las como Cristo queria que fizéssemos com o joio e o trigo. Acho que é isso, meu bem.

Raquel abraça Regina com força. A mãe de Estela sente todo o calor que emana da outra agora.

— Apenas mais uma coisa, querida Regina. Você tem que aprender que merece ser tratada como rainha. Lembre-se disso, no futuro.

Regina acena que sim e, depois de olhar uma última vez para Raquel, sem uma palavra, toma Estela pela mão e parte.

— Então, mamãe? Vamos?

Estela caminha em direção à mãe, prostrada em frente à janela aberta da vazia casa, do vazio terceiro andar, do vazio edifício. Elas chegaram há quase uma hora da terra que Estela batizou simplesmente de A Outra Margem e a filha ainda não conseguiu da mãe qualquer resposta além de um “ãh”.

— Mamãe!

— Sim, Estela? Eu... estava pensando... Era aqui que ele ficava, não é? Possivelmente nos viu chegando por essa janela no dia em que nos mudamos.

— Acho que sim, mamãe. — responde Estela — Mas então, como fazemos?

— E você sabe no que eu estava pensando? — interrompe-a Regina — Naquilo que Raquel me disse... de como devemos ser tratadas, nós, mulheres. Sabe, meu nome, em algum idioma, quer dizer rainha...

— Sei, sei. — diz Estela sem paciência — Mas e aí? A senhora já decidiu ou não?

— Decidir? O quê?

— A senhora não se lembra? Falou, pouco antes de deixarmos a Outra Margem que logo que chegássemos aqui íamos destruir o quadro. Não só esse aqui, enorme, mas todos. Íamos jogar tudo no fogo e ponto final.

— Ponto final? Eu disse isso?

— Claro que disse, mamãe! Nossa, você está esquecida mesmo! São essas viagens que mexem com a gente, parece que para ir de lá para cá e de cá para lá é preciso sempre morrer para depois renascer!

Regina deixa o seu lugar e se encaminha para perto da filha. Ao seu lado, ela observa a imensa pintura, onde, agora, uma mulher ao longe caminha de mãos dadas com uma menina, rumo à grande fogueira no centro do bosque. Lá, Oberon, deve estar a esperá-las, para a festa...

— Não, Estela.

— O quê a senhora falou, mamãe?

Regina abre um sorriso diferente de todos os que ela já esboçou. Seus olhos brilham como sua coroa talvez brilhasse, se ela tivesse uma coroa. Ela diz, assim:

— Eu disse que nós não vamos destruir nada, meu bem. Não ainda.

FIM

Agradeço sinceramente a todos que acompanharam essa história. Muito obrigado pela atenção e interesse!

Um grande abraço!

Aimberê
Enviado por Aimberê em 13/03/2012
Código do texto: T3552663
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