O Amor da Estrela

Na solidão do céu, uma estrela, em silêncio, olha para a Terra. Sua bela face pálida está voltada para a paisagem noturna de uma cidadezinha qualquer, suas ruas iluminadas com luzes amarelas, os poucos carros passando no silêncio noturno, pessoas andando rápido, olhando a um lado e outro, ansiando por chegar logo à segurança dos seus lares. Cães vadios andam nas ruas meio vazias, procurando um lugar quente para se abrigar, rejeitados pelos poucos transeuntes, ameaçados pelos faróis dos carros que passam.

A estrela olha atentamente, procurando o seu amado. Ela o conhece desde pequeno, quando era um garoto brincalhão a pular no quintal até que sua mãe o mandava para a cama. Na sua monótona rotina de vigia, a estrela se interessou pelo garoto esperto, sempre a se meter em encrenca, andando descalço na grama do quintal, procurando vaga-lumes junto com seu irmão. Ela se divertia com as bagunças que os meninos faziam, suas brincadeiras, suas risadas. E assim, noite após noite a estrela viu o menino crescer, deixar de brincar no quintal, se interessar por outras coisas.

Uma noite, a estrela percebeu que o garoto já não era um menino, mas um rapaz formoso e alegre, que saia às noites com seus amigos para passar o tempo. Ela o acompanhava então nas suas andanças, atenta a tudo que o garoto fazia, espiando pela janela do seu quarto quando ele estudava para a escola, vigiando seu sono tranquilo. O garoto, às vezes, olhava para o céu estrelado e se sentia acompanhado. Só não poderia imaginar que, de tantas estrelas a brilhar no céu, uma delas morria de amor por ele. Esse amor celeste só era conhecido pela estrelinha solitária de cabelos de luz, guardado no seu coração de brilhantes.

Essa noite, a estrela acordou cedo, e foi correndo a espiar o seu amor. Qual não seria sua surpresa quando o viu na praça da cidade, tomando sorvete com uma garota vestida de azul, de cabelos pretos e compridos, e olhos brilhantes! Ela sentiu uma dor, algo que nunca tinha sentido em todos os séculos da sua existência. Quando seu amor se avizinhou da garota, e lhe deu um beijo, a estrela se sentiu desintegrar. Sua vida terminou com a dor do amor impossível.

Sentado no banco da praça, o garoto olhou para o céu, e viu a estrela cadente a iluminar a noite. -Olha lá, Marcela, uma estrela cadente! Vamos pedir um desejo, para ser felizes sempre!

Viviana Carolina
Enviado por Viviana Carolina em 19/02/2012
Reeditado em 20/02/2012
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