Crönm, O Lobo Solitário capítulo 17

Logo o jovem bárbaro abaixou o rosto pensativo para responder ao rapaz de estranho sotaque. Em seguida o respondeu:

- Me chamo...me chamo Crönm. É, é isso...Crönm...- Disse em tom confiante, decidindo assim seu novo nome, já que poderia escolher algum novo nome para si.

Crönm significa o desafiador ou desafiante dos deuses ou do mundo na língua morta dos deuses, a interpretação para essa palavra varia de região pra região. Logo todos os seres de carapaça negra retiraram seus elmos, revelando rostos humanos. Surpreso, o rapaz de cabelo loiro ficou espantado com o que o jovem bárbaro dissera.

- Crönm? Será que você realmente sabe a língua morta dos deuses? - Indagou o rapaz surpreso.

- É claro que sei, todos na minha terra sabem. Aprendemos desde criança para jamais esquecermos quem são os governantes do mundo. Apesar de esquecida, a lígua morta tem dons mágicos que influenciam alguns objetos e seres específicos no mundo, e tais objetos são de extrema importância para meu povo.

- Seu povo? Eu achei que ninguém mais nesse mundo soubesse essa língua. Não me diga que você é da ilha perdida Galran?

- Do que fala homem? Não vai me dizer que nesse mundo ninguém mais conhece a língua dos deuses?- Relutou Lobo Solitário, agora Crönm, surpreso com o que ele dissera. Apesar de se chamar língua morta dos deuses, pois seus antigos sacerdores e sumo sacerdotes pararem de usa-la para se comunicarem com os deuses, a tribo bárbara aonde Crönm crescera sempre a usou para seus rituais de nascimento e de transformação da fase adulta, aonde ganhavam força, agilidade e resistência. Outras tribos próximas, inclusive se comunicavam apenas com seu uso, não tendo aprendido ainda a língua Ulgar que é a predominante do mundo aonde vivem. Graças a isso, a guerra territorial na ilha da Galran é extraordinária pois todos possuem atributos superiores aos do padrão humano normal.

- Não mesmo, vendo seu porte físico, com certeza você veio de lá, ninguém mais nesse mundo consegue ser tão alto quanto os habitantes de Galran. Você realmente é nossa única esperança, mas por favor, não conte a ninguém que sabe a língua dos deuses.

- Como assim ultima esperança? E porque não devo contar?

Logo o rapaz loiro relutou por um momento, abaixando a cabeça enquanto os seus outros companheiros cochichavam, olhando para o jovem bárbaro com certo temor.

- Bom, é uma longa história. Vejo que deve estar faminto e com muita sede, então lhe daremos o que desejar se fizer um grande favor para nós.

- Para matar minha fome e minha sede, acho que mataria um exército inteiro sozinho de centauros.

- Centauros? Os seres mitológicos? Bah, esqueça, sendo você da ilha de Galran, qualquer lenda pode se tornar realidade. Venha, vamos para a nave, está quase na hora do almoço em Za-oh e não podemos perder o prato especial.

Então o grupo partiu para a cidade de Za-oh naquela enorme e estranha nave. Crönm não sentia-se seguro nem um pouco. Olhava ressabiado o tempo todo para todos agarrado a sua espada com temor de que algo poderia lhe acontecer enquanto estivesse naquela carapaça de metal voadora. Com longos minutos de viagem, ele logo se acalmou e passou a observar a janela, obtendo uma maravilhada vista do longo deserto de cima. Depois de longa viagem ele pôde começar a avistar uma enorme muralha, curioso olhou para os companheiros de viagem e indagou:

- Qual o tamanho daquela muralha?

- Deve ter uns 20 metros de altura e uns 2 de largura.- Respondeu o rapaz

- Imagino quantas pessoas precisou para construi-la. Não parece ter sido obra de mãos humanas, pois as pedras são grandes demais para alguém conseguir carregar e encaixar com precisão sem precisar de algum tipo de argamassa.

- Bom, acho que ninguém sabe quem construiu essa enorme muralha, só sabemos que ela existe a mais de 2 mil anos. Há inscrições nela mas não está numa língua conhecida ou morta. Na verdade não temos nem idéia de quem pode ter feito isso. Que seja, estamos quase chegando à cidade e não vejo a hora de comer.

Crönm calou-se e continuou a observar a janela curioso, perguntando a si mesmo o quão estranho é o mundo. Jamais imaginou que coisas assim existiria. Sua curiosidade aumentou mais ainda para saber como era a cidade em que tal nave foi forjada para voar e que mãos conseguiria erguer uma muralha daquela espessura. Ao longe já podia avistar a cidade pelo enorme parabrisa que ficava à frente da nave. Ele se levantou e ficou observando minuciosamente cada detalhe daquela cidade magistral que lhe parecia mais com um sonho do que realidade.

Edificações enormes tomavam conta da cidade, o qual brilhavam com luzes estonteantes e diferentes. Naves e outros veículos semelhantes voavam pela cidade de um lado ao outro assim como veículos terrestes circundavam por pontes longas e curvas. Cada edifício tinha sua formação diferente assim como seu cume. Alguns ficavam bem parecidos com outros enquanto outros eram completamente diferentes e estravagantes, assim como coloridos ou monocromáticos. O que mais surpreendia era o enorme edifício em formato de um lobo sentado que ficava bem ao centro da cidade e era 2 vezes maior que as demais edificações assim como 2 vezes mais largo também. De sua boca saia uma enorme quantidade de água, como se fosse uma imensa cachoeira e no alto de sua testa havia a estátua de um homem esguio e careca segurando um tridente com roupa esbelta e bem detalhada.

Logo a nave aterrissou numa plataforma em frente ao um dos maiores edifícios da cidade aonde pessoas com armaduras e uniformes semelhantes aos que os companheiros de viagem do jovem bárbaro usavam.

- Bom, acho que chegamos amigo. Você poderia nos fazer o favor que lhe pedimos?

- E que favor seria?

- Ingresse no nosso exército e logo você verá com seus próprios olhos o porque que pode nos ajudar com aquele seu segredo.

- Certo, como eu disse, por água e comida eu enfrentaria um exército de centauros. Agora me leve aonde eu posso fazer esse tal de ingresse do exército ae pois estou faminto há semanas.

Os soldados soltaram longas gargalhadas e logo o acompanharam até a entrada do edifício aonde havia uma mesa de madeira com um dos que pareciam ser guardas com um dispositivo digital sobre a mesa.

- Vejo que trouxeram carne nova no pedaço meninas. Quem é o grandalhão ae?

- Longa história Manzu. Ele veio se alistar no exército e é um dos bárbaros do sul. Não tem documentação nem nada do tipo, então só faz o exame sanguíneo e coloca o nome dele ae pra ele fazer os testes com o Dr. Sarcz.

- Porra, se todos fossem assim, meu trabalho seria o mais feliz do mundo.

Todos ao redor gargalharam e logo o jovem barbaro fez o que lhe foi pedido. Lhes deu seu nome como Crönm, o Lobo Solitário e logo foi enviado até o local aonde ele deveria fazer o tal teste para se tornar um soldado, com bastante comida claro. Lá chegando, um homem velho já com aparência de uns 60~70 anos cumprimentou o jovem e se surpreendeu com o que vira.

- Jamais vi um jovem obter tamanho vigor físico e força assim rapaz. Os dados sanguíneos que possui são os mais surpreendentes que eu já vi na vida. De onde veio?

- Vim das terras do...

O rapaz loiro o interrompeu em seguida.

- Ele veio do sul, é tudo que precisa saber doutor. E esses dados precisam ser reavaliados. Porque não faz logo o teste com ele? Ele está faminto pois ficou semanas no deserto.

- Oh, m-me desculpe senhor Jhon, não sabia que o senhor havia achado ele. Irei fazer os testes logo. Vamos rapaz, entre naquela sala.

Uma porta de vidro abriu-se estranhamente, dando lugar a uma sala enorme com canos, luzes e fios espalhados pelo teto enquanto o fundo possuia um enorme portão de metal maciço. Do lado de fora, o Dr. Sarcz mexia em um painel amontoado de botões e códigos estranhos, assim como outros painéis feitos de holograma que eram tocados como se fossem concretos, abrindo imagens e relatórios do que estava na sala naquele momento. Uma voz saía do alto da sala com uma voz feminina.

- Teste iniciando. Nível A está para começar. Loading 90%. Teste iniciado.

A porta dos fundos logo se abrira e de dentro dela um ser enorme feito de metal andava com barulho estranhos. Ele se aproximara e logo sua imagem já dava para ser vista perfeitamente. Um enorme andróide de 4m de altura em formato humanóide portando um porrete em mãos caminhando na direção do jovem bárbaro pronto para atacá-lo...

Luiz Fernando Pires
Enviado por Luiz Fernando Pires em 10/01/2012
Código do texto: T3432103
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