Crönm, O Lobo Solitário capítulo 15
O sol castigava seu corpo, enquanto sua armadura e seu saco de ouro e a ânfora de seu falecido amigo, castigavam seu fôlego e força. Ao decorrer da caminhada, sentia seus braços e pernas fraquejarem, mas sua força mental persistia. Seus pensamentos ficaram confusos com tudo o que lhe passou, lhe dando assim tempo para pensar conforme andava em linha reta pelo vasto deserto e sua grande temperatura o qual fazia seu corpo suar e encharcar a parte almofadada de sua armadura negra com tons púrpuros e verdes-jade. Lembrou-se de tudo que lhe ocorrera, desde sua saida da tribo até aonde esteve a um dia atrás, ficando triste por um tempo por ter perdido a mulher que amava, o filho que cuidava, seu reino que ajudou a construir e seu amigo que faleceu por descuido do mesmo. Achou que ninguém mais ao mundo poderia viver ao seu lado e sua presença poderia carregar a maldição de seu nome. Mas logo sua força cobriu suas emoções.
Lembrou-se das palavras de seu pai quando o Jovem bárbaro se tornara homem lutando contra seu próprio irmão "Jamais baixe a cabeça para quaisquer ser que estiver a sua frente. Encare o medo e a angústia e imponha sua força a descontar tudo o que sente, lutando como um verdadeiro homem.", isso o fez levantar seu ego e afastar seus pensamentos ao passado. Pensava que agora poderia apenas viver das batalhas para quando sua raiva, dor, sofrimento e agonia transbordassem, ele pudesse descontar no inimigo a sua frente, quando seu maior inimigo sempre foi a si mesmo. Não podia largar a espada, nem soltar sua armadura em nenhuma situação até conseguir abater tudo o que sofreu. Sua mente se transformava em uma carnificina imaginária, ficando com ódio de todos os que tentaram lhe matar. Mas logo seu espírito se acalmou o deixando sem qualquer expressão ao rosto, achou melhor afastar seus sentimentos por enquanto.
A tarde, noite, dia, tarde de novo e noite novamente passaram. Já não sabia mais quanto tempo havia se passado desde a ultima vez que se alimentou ou bebeu algo. Seu rosto rústico já se encontrava bronzeado com o sol que fazia, mas sua incrível regeneração e vigor o deixavam de pé, caminhando sem hesitar. Descançava a noite por algumas horas, mas logo continuava novamente seu curso em direção ao que acreditava ser o norte. As miragens apareciam aos poucos para ele, mas seus pensamentos eram tão concentrados que não tinha tempo de parar em quaisquer lugar longíncuo, cujo saia de sua rota. No entanto, sentiu a terra tremer, e afastou seus pés os quais tremiam mais que a areia que estava atrás de si. Aos poucos fora dando passos para trás, sentindo uma grande movimentação de areia mover-se a sua frente. Logo largou suas coisas e puxou a espada, um pouco cambaleante pela falta de alimentação que não conseguia arrumar a dias. Abriu forte os olhos sentindo seu corpo fraquejar aos poucos, pois seu percurso concentrado, conseguia faze-lo se colocar de pé ainda, porém ao perder a concentração, seu corpo fora vencido pela fadiga. Aos poucos um enorme ser fora saindo das areias do derserto, e com eles outros de sua imensa horda. Se tratavam de Gigarontes, seres descomunais do tamanho de uma baleia azul gigante com asas lisas e escorregadias.
Não possuíam olhos e se movimentavam como morcegos, usando um radar para localizarem as coisas ao redor. Suas bocarras eram enormes, sendo quase do tamanho de todo seu tronco, com gigantes dentes afiados para triturar animais com quase o mesmo tamanho. Eles passavam o dia deitados ao deserto para acumular o calor do mesmo em seus corpos para então poderem voar a noite e sairem a caça. Aos poucos a enorme manada fora subindo das areias, levantando vôo aos poucos, ignorando completamente a presença do jovem bárbaro. Suas asas provocavam uma grande ventania pelo tamanho das mesmas, fazendo com que a locomoção de terra fosse maior, quase enterrando Lobo Solitário. Mas logo ele fora se movendo para pegar suas coisas e sair daquele local, antes que os Gigarontes mais novos o visse como presa. Respirou fundo e se deu a partir imediatamente, esquivando-se das enormes rufadas de vento que as enormes asas faziam ao se mover.
Sua passagem pelos Gigarontes fora tranquila, não precisando entrar em nenhum combate desnecessário pelo estado de seu corpo já fraco. Continuou a caminhada até o amanhecer, ouvindo agora apenas um barulho grande ao céu. Parecia uma ave enorme, porém ela era negra e soltava fogo de suas traseiras como uma fênix. Logo ela pousou mais a frente, com patas estranhas tocando o solo e saindo seres de dentro dela em cascas negras. Eles estavam armados com um tipo de bastão estranho e eram mais baixos que Lobo Solitário. O mesmo largou novamente suas coisas e puxou sua espada, meio cambaleante em posição de combate. Os seres logo apontaram de forma estranha seus bastões para ele e um deles retirou o que parecia um elmo.
- Olá amigo, está perdido por aqui? - Perguntou o homem de cabelo loiro e longo, sorrindo carismáticamente...