O Ultimo dos Milenares e os Devoradores de Alma - Capitulo 1 - Nitria

Capitulo 1 - Nitria

Sabia que Akasha viria a minha perseguição, corri o mais rápido que pude, tentando despistá-lo; porém ele era mais rápido do que qualquer ser humano, mais forte do que qualquer ser vivo, entretanto inocente, tolo como uma criança.

- Não quero essa vida para ele – pensei enquanto corria ofegante.

- Porém não tenho escolha, devo ir para torre. – Pensei, decidida.

Corria mais rápido do que meu corpo podia aguentar, avistei a entrada do Templo, acelerei o passo mais e mais, minhas pernas tremiam de cansaço, porém meu corpo vibrava de excitação. Sibilei o encanto dos Tankidun Dahani unh’l, e o portal se abriu num ruído enferrujado.

Adentrei na câmara dos Aniuun Shindale – Povo Etéreo; no Templo de Absu; há muito tempo selada por meu povo.

O Templo selado jazia no eterno escuro sombrio, ouvia ruídos poucos comuns aos meus ouvidos, um barulho persistente que me espantava, ora vindo de fora, ora gerado de minha própria mente; inspirei, respirei novos ares, embora familiares ao meu instinto.

- Tem alguém aqui – pensei, sentindo-me sendo observada na escuridão que me cercava.

Minhas mãos procuravam por algo para se apoiar, não conseguia ver nada apenas formas se movendo ao redor da escuridão, meus pensamentos ocos, sem sentido algum tomaram urgência de seguir em diante, porém minhas pernas não me obedeciam.

Entre suspiros incolores, foi-se formando meus pensamentos; inéditas sensações de derrota e recomeço em busca da vitória; meu corpo ganhava vida, e com todas minhas forças; corri num desespero oprimido.

Num repente, noite fechada a minha frente, zumbidos; águas vindas do fundo, sob o granito abaixo de meus pés. O céu estava aberto, a lua imponente, brilhava prata, sobre construções de mármore, rochedos e relva.

Mais á frente o mar imponente cercava tudo que ali estava.

Sorri contente, finalmente chegara a meu destino; corri em rumo as águas, enquanto gemidos aterradores ecoavam da escuridão há pouco deixada para trás.

Um grito ecoou, dor, raiva.

Um grito abismal ecoou mais uma vez; morte e sangue derramado.

- Akasha – pensei, enquanto corria em direção ao mar que estava a segundos de distancia.

Suspirei renovada, acreditando que nada podia me parar, elevei meus pensamentos, a que um dia me fizeram ao saber o destino a mim predito.

Pulei nas profundezas do mar sem fundo, me agarrei ao sono, na perseguição de um sonho; navegava no espaço em meio á penumbra das sombras diluída em água de substância cósmica.

Na profundeza, via o alto, o verde das montanhas, com os olhos marejados, saudosos; do que deixara para traz; enquanto viajava em um tempo infinito á cada pensamento, elaborado no templo dos sonhos perdidos; nas profundezas do mar sem fundo, caia, jazia, onde o espaço no qual viaja o tempo, me conduzia para minha nova existência.

Senti o tocar do vento em meu rosto, acalentando as folhas das árvores, sedentas de afago das brisas suaves e serenas; enquanto meu corpo flutuava na bruma do oceano.

Abri meus olhos há muito fechado, nuvens ligeiras arrastavam o pesadelo para o outro lado do horizonte, onde o mal é prisioneiro; saudei a lua entoando canções eruditas de sons jamais percebidos.

- Estava viva - pensei, não acreditando no que via.

- Atravessei o nexo – Pensei alegremente

- Finalmente a torre estava a meu alcance.

O mar deixara de existir, e meu corpo caia lentamente do céu que mais acima foi-se um profundo oceano. Vislumbrei aturdida; o sol nascendo, a esquentar a pele de meu rosto; caminhos antes frios e escuros, agora afastando espinhos entre as flores.

Fechei meus olhos, num sentimento desconhecido, acolhedor, viajando em lembranças por mim esquecidas; felizes numa infância inocente, desejada.

Despertei em novo leito; sozinha, como jamais desejara, porém sem escolha; nascera mais uma vez.

Não como Nitria, mas como ninguém; e num novo alvorecer de minha vida acordei.

Kavalorn
Enviado por Kavalorn em 06/01/2012
Reeditado em 15/04/2013
Código do texto: T3426591
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