Crönm, O Lobo Solitário capítulo 5

Depois de escalar a enorme encosta por horas, Lobo Solitário já não conseguia enchergar mais nada, apenas via as formas dos dragões selvagens em meio a densa névoa que ocupava toda a sua visão. Caminhando silenciosamente em meio aos dragões, ele percebeu que a maioria dormia profundamente, enquanto alguns poucos despertavam e levantavam vôo sem ao menos perceber sua presença. Caminhando sempre em direção reta, o número de dragões parecia aumentar a cada passo que dava. Aos poucos a névoa ia esvaindo e o céu estava ficando claro e os dragões que dormiam profundamente iam despertando ao sumir da névoa. Lobo Solitário sentia-se como um coelho em meio ao covil de lobos famintos e mesmo andando silenciosamente, jamais deixava sua guarda baixa, pronto para qualquer ameaça que os dragões poderiam lhe fazer. Mesmo assim, sua capacidade de andar furtivamente era de longe sobre-humana, alguns dragões chegavam a despertar do seu lado e mesmo assim não percebiam o jovem bárbaro passar por eles.

Porém um rescém nascido dragão selvagem havia despertado a alguns metros a frente dele, e como os pais do bebê dragão estavam dormindo, este estava faminto demais para esperar em sua "casca". Então andando por entre aos dorminhocos dragões, o rescém nascido avistou Lobo Solitário e percebeu que sua carne era comestível, mas sua boca era pequena demais para devorar um humano tão grande. Logo ele se aproximou do jovem bárbaro e começou a rugir. Lobo Solitário tentava se manter imóvel para fazer o pequeno dragão parar de rugir e logo percebeu que seus esforços foram em vão. Logo os dragões selvagens começaram a despertar e então o maior deles catou sua nova presa pelas costas, não dando chance ao jovem bárbaro para se esquivar, pois a velocidade do animal era enorme.

Lobo Solitário tentava se soltar das garras do enorme dragão selvagem conhecidos como dragões wiverns, porém o dragão media mais de 20m de altura e sua pata era enorme demais. Os dragões wivern tem somente 2 patas sendo elas que sustentam o seu corpo todo, e suas asas são enormes para fazer com que o tronco consiga ser erguido em vôo. Logo, o gigante wivern começou a forçar suas patas tentando esmagar Lobo Solitário a ponto de deixá-lo desacordado, pois o jovem bárbaro se debatia tentando se soltar. Mas não demorou muito para que ele desmaiasse já que o gigante wivern voava de um lado para o outro fazendo sua presa ficar tonta, além do mais, eles voavam alto demais e o jovem barbáro não tinha o corpo acostumado com tamanha altitude e sua respiração ficava ainda mais prejudicada devido ao ar rarefeito. Suas tentativas de nada adiantavam, já que agora o gigante voador seguia uma única direção e seu corpo não aguentara mais tamanho sofrimento e logo cedera ao sono profundo. Até que, quando acordou, Lobo Solitário estava em um enorme ninho e deparou-se com cascas de ovos que pareciam ter sido abertas a pouco tempo. Então, subitamente, apareceu 3 filhotes de dragões prontos para devorar sua primeira presa, porém, esses filhotes pareciam dragões originais, pois andavam em 4 patas. Lobo Solitário percebeu que esses eram diferentes dos que andou pelo ninho, mas não entendia como aquele wivern levou-o para um ninho de dragões normais, já que esses são os predadores naturais dos wiverns.

O jovem bárbaro não pestanejou ao erguer sua enorme espada, que ainda estava com ele e não havia caído quando o wivern se balançava de um lado para o outro. E então correu na direção dos rescém nascidos dragões, porém a respiração do jovem bárbaro estava escassa e ele não entendia o porque, além do mais a agilidade e a baforada dos jovens dragões impediu que ele os atacasse, dando a oportunidade para que um deles fizesse um ataque pelas costas. E assim o fizeram, dois dragões atacaram Lobo Solitário pela frente e um pela costas, não dando tempo para que o jovem bárbaro se movesse.

Mas se os dragões eram ágeis, ele também era, e esse moveu-se rápido o suficiente para que fosse atingido mas não mais de costas para o inimigi. Com o peito sangrando pelas lanhadas que recebeu, viu que era impossível enfrentá-los sozinho. Então, ele subiu no beiral do ninho sofrendo mais um ataque de um dos dragões filhotes, cujo as patas eram do tamanho da cabeça de um cavalo e eram tão afiadas como as garras de um tigre. Lobo Solitário então se tacou para fora do ninho, caindo penhasco a baixo até seu corpo inerte encontrar o chão, do qual quebrou os dentes e o fez quebrar o maxilar e o braço esquerdo em várias partes com a queda. Com a queda, ele desmaiou e assim ficou por 1 dia inteiro.

Mas durante a noite, as garras que o marcaram como próximo líder da tribo, brilhavam e ajudavam o jovem a se regenerar estranhamente, como se nelas havia um encanto dos grandes espíritos para fazer com que todos aqueles que recebessem sua marca se regenerassem. No outro dia, ele já estava consciente, mas logo percebeu que a sua respiração estava escassa demais, e começou a sentir dor de cabeça e nauseas, seu corpo também estava frio demais e percebeu que mesmo deitado, sentia tontura. Mas a estranha regeneração dele estava acelerada demais e aos poucos ele ia se movendo com um pouco mais de facilidade.

Até que quando conseguiu se arrastar, o jovem bárbaro ouviu barulho de água corrente um pouco próximo à sua queda e percebeu que sua fome e sede era anorme, já que passou desmaiado de um ninho para outro e caiu de um penhasco desmaiando novamente por quase 2 dias. Então ele se arrastou pela neve que cobria a parte onde estava até achar uma nascente de rio, cuja a água passava por um pequeno córrego até adentrar o que parecia ser uma enorme montanha. Lobo Solitário tacou sua cabeça dentro da água e sentiu um estranho efeito nela. Ela o regenerava, assim como suas marcas, mas fez com que seus dentes e ossos quebrados fossem reconstituídos, fazendo-o se erguer novamente.

Sua fome e sede também foram saciadas pela estranha água, e agora que finalmente estava de pé, pôde enchergar uma linda visão de nascer do sol da enorme montanha em que se situava. Antes achava-se que era um penhasco pela grande queda que tem do ninho até a altura em que parou, e como era noite, não dava pra enchergar na escuridão em que se encontrava. Agora olhando ao horizonte, percebeu estar a quilômetros do chão e sentia-se desconfortável com a falta de ar que sentia as vezes. Seja a 8000 m ou a altura do mar, a porcentagem de oxigênio no ar é a mesma, cerca de 30%. Contudo, a pressão parcial do ar atmosférico diminui com a altitude, fazendo com que a absorção de oxigênio seja cada vez mais necessária. Respirando com dificuldade, Lobo Solitário caminhou montanha abaixo e percebeu que havia uma trilha próxima ao seu local de queda. E Então andando pela trilha, o jovem bárbaro avistou um gigante de 5 m carregando um cavalo nas costas um pouco distante. Assustado, Lobo Solitário se escondeu nas pedras perto de um declive a caminho de descida do penhasco e quando o gigante passou seguindo o caminho do qual o jovem bárbaro viera, Lobo Solitário partiu em direção ao caminho oposto do gigante, esperando encontrar mais do que rochas e pedras...

Luiz Fernando Pires
Enviado por Luiz Fernando Pires em 03/01/2012
Código do texto: T3419435
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