Crönm, O Lobo Solitário capítulo 3

Olhando para trás assustado, Lobo Solitário sacou sua espada, dando um rugido voraz, tão alto quanto o som que o centauro produzia de suas cordas vocais. Logo, ele correu na direção de seu adversário, que o atacou com sua lança na direção de seu ventre. Mas o jovem bárbaro foi mais rápido e passou por baixo das pernas de seu oponente, cortando suas patas da esquerda. Gritando de dor, o feroz centauro se dispos a continuar de pé e a tentar matar seu adversário com apenas um golpe, antes que tombasse de uma vez. Impulsionou seu corpo em conjunto da lança, girando seu corpo com as patas da parte direita para acertar o pescoço do rapaz. Porém, as habilidades de Lobo Solitário pareciam ser maiores do que a do centauro em fúria, e esquivando do golpe que poderia acabar com sua vida, o jovem subiu no torso do centauro e lhe arrancou a cabeça com a espada que retirou do pedestal. Gritando pela glória da vitória, o jovem bárbaro andou até a estátua do grande Deus Esquecido e brandiu sua nova espada dizendo:

- E agora demônio, tens outro desafio para mim ou irá se levantar dessa pedra para me matar? - Esbravejou

- O desafio mais fácil foi definido, pois sua vida dependia dessa luta. Seu desafio mais difícil será as escolhas daqui pra frente meu jovem, vejo em você um futuro nebuloso o qual não consigo predizer quais caminhos tomará. Pode ir meu filho, sua jornada começa daqui em diante, e como portador de minha espada pode traçar o destino que quiser. - Finalizou a voz que ecoava por todo o templo.

Logo em seguida, sem dizer uma palavra, Lobo Solitário caminhou até a porta do templo, e quando lá chegou, viu um exército inteiro de centauros e minotauros muito bem armados, inclusive as estátuas que adornavam o templo em carne e osso. Ele se encabulou com a ameaça iminente e sabia que não era páreo para todos, porém se dispôs a enfrentá-los sem receio. Mas, quando o enorme exército bestial avistou o jovem bárbaro portando a espada, se afastaram em fileiras abrindo um corredor para que ele passasse. Olhando assustado ao redor, ele passou com a espada em punhos, pronto para atacar caso alguém tentasse algo. Sua respiração ainda estava ofegante, e seus olhos brilhavam prontos para uma batalha. Mas sua caminhada até o fim da fileira foi tranquila, e todos as bestas gritavam proclamando seu nome, batendo suas armas como se fossem para guerra. Mas foi só Lobo Solitário cruzar o arco que divide aquele longo pátio com o corredor aberto que o leva ao local onde estava, que mais parecia um pequeno templo com um altar, os gritos cessaram quase que imediatamente e quando olhou para trás, avistou as estátuas no mesmo lugar aonde estavam, como se aquilo tudo não passassem de uma ilusão.

Caminhando aquele longo corredor confuso, o jovem bárbaro se perguntava o que lhe acabara de acontecer, mas tinha certeza de que era real, pois estava suado e portava a espada que havia retirado do pedestal. Quando chegou ao local em que estava antes portando a espada, a bela mulher correu em sua direção choramingando de felicidade pela conquista do rapaz. Logo em seguida, ela deu um malicioso beijo agradecendo a ele por sua proeza, depois, sua forma começou a ficar etérea e logo seu corpo foi adentrando a espada dizendo:

- Não se preocupe, daqui a algum tempo eu despertarei, até lá, divirta-se bastante, pois quando eu despertar você não terá essa liberdade toda.- Sua Voz pareceu sumir do mundo e sua enorme estátua dourada que agora aparecia na parte central do local, fora ficando azulada, tornando-se pedra como se sua alma não pertencesse mais aquele mundo. Como antes não se dava para ver a estátua devido a neblina e a fome que o rapaz possuia, agora ele enchergava o local pelo todo. Ao centro do pátio havia uma estátua dourada da mulher em que avistara antes. A estátua era quase tão real quanto a imagem dela, e possuía jóias e pedras que adornavam a coroa em sua cabeça. A estátua estava sentada com as 2 pernas juntas de lado, com seu corpo se apoiando em seu frágil braço esquerdo. Seus cabelos cobriam os seios e iam até suas partes íntimas cobrindo-as também. Essa era a deusa da beleza conhecida como Dhenna, uma deusa tão bela que fizera os deuses caíssem aos seus pés, dando-lhe também o castigo de permanecer trancafiada para sempre.

Suspeita-se que Dhenna era antes uma mera mortal com uma beleza surpreendente e que possuia bastante seguidores com ela. Além de ser uma mera mortal, era também uma amazona que lutava pelo seu povo. Mas um dia ela acabara saindo de sua ilha natal aonde as amazonas viviam em harmonia sem a presença dos homens. A partir desse dia, o mundo ficou sabendo de sua existência e todos os homens que a avistaram passaram a tentar conquistá-la, mas em vão pois ela não sentia-se atraída por eles. Os deuses também tentaram, disfarçando-se de meros humanos para tal. Mas mesmo com as aparências divinas dos deuses, ela não era vencida pelas aparências deles. Um dia ela se apaixonou por um mero mortal, um homem chamado Abranm, devido ao seu trabalho como ferreiro, seu rosto era um tanto deformado e feio, mas seu coração era solidário pois trabalhava para sustentar o povo de sua vila sozinho, já que a maioria eram idosos e não poderiam fazer serviços que dessem lucro para seus sustentos. Acalentada por tal generosidade, Dhenna enfim cedera aos encantos de um homem e ambos foram felizes, até o dia em que os deuses souberam das notícias que ela se envolvera com um homem de aparência tão horrenda. Enciumados, eles resolveram então aumentar o líbido dela e fazê-la sentir prazer até pelo simples toque. Por conta disso, Abranm teve seu coração despedaçado, pois Dhenna queria copular com todos com que ela tocasse. Ao saber que foram os deuses que fizeram aquilo com ela, Abranm não teve outra escolha a não ser se matar para que não sofresse mais, pois imaginava que não haveria formas dela ser curada de uma maldição divina. Ao ver seu amado morrer em sua frente, Dhenna chorou por dias quebrando por um tempo o encanto que os deuses fizeram com ela, pois a tristeza em seu coração era maior que seu apetite sexual. Arrependidos, os deuses então decidiram dar a ela o dom da divindade, já que nenhuma deusa do panteão local possuia tal beleza.

Transformada em deusa, Dhenna ainda possuia sua maldição. Desejava a todos para a cópula, mas soube que fora enfeitiçada pelos deuses. Aproveitando-se de sua beleza, ela usou o prazer e o que lhe fora dado para roubar uma arma perigosa do deus mais poderoso de seu panteão, Argos e assim matar todos aqueles que fariam sexo com ela a partir dali. Depois que ela matou Austerus, o antigo deus da guerra, os deuses ficaram preocupados com isso, e como o único jeito de lhe tirar a maldição é se apaixonando novamente por alguém, eles a aprisionaram na terra, ao lado de um antigo prisioneiro que a muito tempo governava o panteão.

Agora, a espada que Lobo Solitário carregava possuia um brilho estranho, e em sua lâmina brotava uma imagem feminina completamente nua, de olhos fechados como se estivesse no mais profundo sono. Lobo Solitário estranhou o ocorrido, pensando estar sonhando ou simplesmente o impacto que levou da água foi forte demais lhe deixando desnorteando. Sendo sonho ou verdade, ele possuia a espada em mãos, e aquela mulher na lâmina parecia muito real. Voltando ao mesmo trajeto que lhe levou a aquele templo, Lobo Solitário continuou seu caminho pela floresta enevoada, tentando achar algum meio de fugir logo daquele lugar.

Logo após um tempo de caminhada, o mesmo objeto mágico dourado, flutava na frente do jovem bárbaro novamente, indicando um novo caminho para seguir...

Luiz Fernando Pires
Enviado por Luiz Fernando Pires em 02/01/2012
Código do texto: T3417820
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